Síria: UE acentua sanções e controle do embargo de armas
Intervenção militar continua descartada, já que 'daria vantagem' a Bashar Assad
Rebeldes sírios enfrentam as forças de Assad em Aleppo
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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O acordo ainda deve ser oficialmente ratificado pelos ministros. "Vamos proibir a companhia aérea síria de aterrissar na Europa e inscrever outras pessoas na lista de sanções", indicou o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn. "O que ocorre na Síria é terrível", afirmou a representante da diplomacia da UE, Catherine Ashton. "A UE deve continuar com suas sanções, que são uma parte importante da pressão", explicou.
Jean Asselborn, por sua vez, declarou-se contrário a entregar armas à oposição. "Sou contra isso, pois vai prolongar o conflito", declarou. "Uma intervenção militar (estrangeira) não é possível, porque daria vantagem a Bashar Assad, que pode atacar, mas espero que isso não dure muito tempo", prosseguiu o chefe da diplomacia de Luxemburgo. "O regime vai cair, não sabemos quando, mas devemos nos preparar para depois", declarou seu homólogo sueco Carl Bildt.
A Comissão Europeia também anunciou nesta segunda que enviará 20 milhões de euros (49,2 milhões de reais) à Síria para proporcionar assistência médica, segurança, água e comida aos mais atingidos pelo conflito no país. A ajuda à população síria desde o começo da crise já ultrapassa 63 milhões de euros (115,1 milhões de reais). Deste montante, 40 milhões correspondem à ajuda humanitária e 23 milhões à ajuda complementar para garantir meios de subsistência.
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Armas químicas - A Síria só utilizará armas químicas e não convencionais em caso de "agressão estrangeira", advertiu nesta segunda-feira o porta-voz do ministério das Relações Exteriores. "Não serão utilizadas armas químicas ou não convencionais contra nossos próprios cidadãos. Essas armas só serão utilizadas em caso de agressão estrangeira", disse Jihad Makdessi em uma coletiva de imprensa em Damasco.
"Jamais serão utilizadas contra nossos cidadãos, seja qual for a evolução da crise", acrescentou. "Essas armas estão armazenadas em um lugar seguro sob a supervisão das forças armadas e só serão utilizadas caso a Síria enfrente uma agressão estrangeira", disse o porta-voz. "Os generais decidirão quando e como estas armas serão utilizadas", acrescentou. Os EUA advertiram Damasco que consideram o regime responsável por manter em segurança suas armas químicas.
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Bloqueio discreto - O governo americano tentou bloquear, discretamente, a passagem de armas e petróleo do Irã para a Síria com o objetivo de acelerar a queda de Assad, segundo The Wall Street Journal. Citando funcionários americanos sob anonimato, o jornal informou que os esforços dos EUA buscam que o Iraque feche seu espaço aéreo para voos entre Irã e Síria, que, segundo os serviços de inteligência americanos, servem para transportar armas destinadas às forças do regime.
Segundo o jornal, Washington também entrou em contato com autoridades do Egito para tentar deter barcos suspeitos de transportar armas e combustível até a Síria através do Canal de Suez. Além disso, teria revelado informações secretas sobre a Síria aos militares de Turquia e Jordânia, para beneficiar os rebeldes sírios. O artigo foi publicado na noite do domingo, num momento em que as forças leais a Assad lançaram ofensivas em Damasco, o que fez com que os moradores da região precisassem ser deslocados.
Crise humanitária - Catherine Ashton, ao lado de países como a Grã-Bretanha e a França, também lembraram mais cedo a difícil situação humanitária dos refugiados do conflito sírio e defenderam um aumento dos esforços para o envio de ajuda. "Temos que seguir trabalhando com os países vizinhos que recebem os refugiados sírios, especialmente Turquia, Líbano e Jordânia, mas também o Iraque", disse ela em Bruxelas, onde participa do Conselho de Ministros das Relações Exteriores.
O chanceler francês, Laurent Fabius, insistiu na necessidade de a UE se pronunciar "com mais força" para proporcionar ajuda humanitária aos refugiados. O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, concordou com a necessidade de aumentar a ajuda humanitária para os refugiados nos países vizinhos e pediu mais "apoio prático" para a oposição, assim como o início da preparação para a transição e a era pós-Assad.
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