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Renan desafia Dilma e ensaia governo paralelo





O senador Renan Calheiros partiu da retórica para a ação. Depois de passar três meses atacando o ajuste fiscal encaminhado pelo Planalto e reclamando que as medidas sinalizem para iniciativas de reativação da economia, o pemedebista resolveu assumir ele mesmo o protagonismo da questão. Ao convocar a Brasília todos os governadores dos Estados - e ser atendido por 23 de 27 deles - Renan mostra poder de fogo suficiente para instalar um governo paralelo.
O presidente do Senado chamou para si a responsabilidade de coordenar a reconfiguração do pacto federativo. Traduzindo, deu a largada a um movimento para redistribuir as fatias da arrecadação federal. Foi ouvido e aplaudido pelos governadores, aos quais virá sempre a calhar qualquer iniciativa que lhes reforce o caixa. Ainda que esse movimento esteja na direção contrária dos esforços da equipe econômica de Dilma, que há seis meses busca fórmulas de estancar gastos e forrar os próprios cofres.
Ao mobilizar governadores em torno de uma causa que se opõe frontalmente aos projetos do Planalto, Renan a um só tempo explicita a inação do comando do Executivo e oferece uma alternativa de interlocução que mora bem no centro da Praça dos Três Poderes. Afinal, é no Congresso, presidido pelo próprio senador, que reside o poder de redesenhar o bolo de recursos gerado pelos impostos pagos pelos cidadãos.
Portanto, que ninguém estranhe os movimentos de Renan Calheiros, que vão muito além de ocupar espaços vazios deixados pela gestão desorientada de Dilma. O governo paralelo do senador está apenas começando.

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