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Leste europeu

Os próximos passos de Vladimir Putin

Países bálticos correm risco de sofrer intervenção semelhante à ocorrida na Ucrânia, enquanto União Europeia e Estados Unidos seguem sem saber como impedir avanço da Rússia

 
(E/D): Presidente russo Vladimir Putin, presidente francês François Hollande, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente ucraniano Petro Poroshenko durante encontro para discutir a crise na Ucrânia, em Minsk, na Bielorrússia - 11/02/2015
(E/D): Vladimir Putin, François Hollande, Angela Merkel e o Petro Poroshenko durante encontro para discutir a crise na Ucrânia, em Minsk (11/02/2015): qualquer semelhança entre as posturas captadas na imagem e as atitudes dos países na crise não é mera coincidência (Mykola Lazarenko/Ukrainian Presidential Press Service/Reuters)
Uma semana depois de um cessar-fogo no leste da Ucrânia entrar em vigor, está claro que Vladimir Putin não tem disposição para baixar armas e arriscar o que conseguiu até aqui. O autocrata russo, ao contrário, pode estender suas garras até os domínios da Otan, como advertiu o secretário de Defesa britânico Michael Fallon.
Os países que correm o maior risco são Letônia, Estônia e Lituânia, que possuem significativas minorias étnicas russas. A tática do Kremlin, portanto, poderia seguir a estratégia usada na Ucrânia, onde, apesar de todas as evidências em contrário, Putin insiste em negar envolvimento com os separatistas. Enquanto angaria apoio internamente na posição de defensor do nacionalismo e da população etnicamente russa.
“Existem minorias russas nas Repúblicas Bálticas, assim como o enclave russo de Kaliningrado, então as condições existem para que a história se repita. Mas, temos a presença da Otan nesses países, o que muda o cálculo e aumenta os riscos para a Rússia, caso esteja pensando numa ação dessa”, avalia o professor Kai Enno Lehmann, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo.
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O especialista lembra que a aliança do Atlântico Norte teria obrigação de defender os países do Báltico em caso de agressão e considera improvável que Putin “tenha vontade de entrar num conflito militar com os Estados Unidos”. Um artigo da revista britânica Economist, no entanto, destaca o outro lado da moeda, o temor que a Otan tem de que o Kremlin volte suas garras para um país membro.
“Um padrão de provocação foi estabelecido que inclui um grande aumento do número de encontros próximos envolvendo aeronaves russas e embarcações navais, e exercícios militares russos perto das fronteiras norte e leste da Otan”, ressaltou a publicação, citando que, no ano passado, aviões da aliança interceptaram mais de 400 aeronaves russas. Só a Letônia registrou mais de 150 incidentes de aviões russos entrando em seu espaço aéreo.
Também houve ao menos duas quase colisões entre aeronaves militares russas e de companhias aéreas da Suécia, apontou a Economist. “Essa é uma situação perigosa: pilotos russos não registram planos de voo. Eles voam com os transponders desligados, o que os torna invisíveis para radares civis”. O objetivo de tais ações é testar as defesas aéreas ocidentais, algo visto pela última vez durante a Guerra Fria.
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Respostas – A reação ocidental a tais ameaças tem sido alvo de críticas por não terem alcançado o objetivo de conter as ambições de Putin. Na última semana, a Câmara dos Lordes alertou, em relatório, que a Grã-Bretanha e a União Europeia fizeram uma leitura “catastroficamente equivocada” das ações do presidente russo e entraram como “sonâmbulos” na crise da Ucrânia.
O maior problema é que a falta de um consenso entre os países do bloco europeu não deixa muita margem para ir além das sanções, como analisa o professor Lehmann. “Sanções representam o politicamente possível, certamente a respeito da União Europeia, onde não temos uma maioria – menos ainda unanimidade – sobre a questão de como enfrentar a Rússia, por uma longa lista de motivos – de energia até relações políticas próximas entre a Rússia e alguns estados membros da UE, como, por exemplo, a Hungria, além da relutância da Angela Merkel de pensar em uma escalação militar do conflito”.
O especialista diz “não ter dúvidas” de que a opção de enviar armas para a Ucrânia, que está sendo considerado pela Casa Branca, “vai ganhar cada vez mais apoio americano caso não haja, em breve, uma resolução do conflito”. “Tal ação traria muitos riscos para todos os Estados e atores envolvidos”.
E os riscos não garantiriam o objetivo primeiro de restabelecer as fronteiras da Ucrânia. Apesar de todo o discurso otimista do presidente Petro Poroshenko que, nesta segunda, prometeu o retorno da península da Crimeia ao território. “O Estado ucraniano restabelecerá o controle sobre o território provisoriamente ocupado”, disse. Para reconhecer em seguida: “Mas não vou dizer hoje que isto ocorrerá fácil e rapidamente”.
(Com agência EFE)

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