Pular para o conteúdo principal

ONS considera redução de até 10% para garantir abastecimento

Com chuvas bem abaixo da média histórica em fevereiro, acionamento das térmicas pode ser menos rentável que corte de energia nas regiões o Sudeste e Centro-Oeste

Com menos chuvas, custo da geração térmica de energia pode explodir e chegar a valores recordes
Com menos chuvas, custo da geração térmica de energia pode explodir e chegar a valores recordes.
A escassez de água nos principais reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste já leva o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a considerar a necessidade de um corte de até 10% da carga de energia do país para garantir o abastecimento. A informação consta da última previsão feita pelo operador sobre as perspectivas de chuvas até o fim de fevereiro.
Em suas estimativas mais conservadoras, o ONS trabalha com a possibilidade de que fevereiro registre apenas 43% da média histórica de chuvas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Se essa média se confirmar, o custo da geração térmica de energia pode explodir e chegar a valores recordes de 3.158 reais por megawatt/hora (MWh). Na prática, esse custo romperia o segundo nível de déficit de energia estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 3.064,15 reais por MWh. A partir dessa realidade, o sistema de monitoramento sinaliza ser mais recomendável economizar 10% de consumo de energia do que produzi-la a um preço tão elevado.
O corte de energia não é uma exigência feita do ONS. Trata-se de uma recomendação feita pelo sistema de monitoramento, a partir das condições de geração apresentadas. Neste ano, o preço da geração térmica tem batido recordes sucessivos. Na última semana, chegou a 2.158, 57 reais por MWh, ultrapassando o primeiro nível estabelecido pela Aneel (1.420,34 reais), que recomenda um corte de 5% da carga.
Leia também:
Aneel propõe elevação da cobrança das bandeiras tarifárias
ONS volta a cortar estimativas de chuvas para o Sudeste em fevereiro
Governo pode estender horário de verão até março, diz ministro 

Apesar do cenário crítico, a incidência de chuvas nos últimos dias pode reverter o quadro mais pessimista. Na terça-feira, as regiões Sudeste e Centro-Oeste registraram 46% da média histórica de chuvas. Na perspectiva mais otimista apontada pelo ONS, as duas regiões poderiam registrar até 60% da média neste mês, mas o balanço mais razoável aguarda 51% do volume histórico. Depois de quedas sucessivas em pleno mês de janeiro, os reservatórios do SE/CE voltaram a apontar índices positivos de água nos últimos dias. As duas regiões estão hoje com 17,4% da capacidade máxima, menos da metade dos 38% que possuíam um ano atrás.
Lentamente, os principais reservatórios do Nordeste também passaram a registrar saldo positivo de água nesta semana e hoje estão com 16,1% da capacidade total. Ainda assim, estão distantes da situação de fevereiro de 2014, quando contavam com 42,8% do armazenamento máximo.
A elevação do custo das usinas térmicas está diretamente relacionada à redução de geração de energia pelas hidrelétricas. É a partir das condições meteorológicas e do parque de geração disponível que se mede o chamado Custo Marginal de Operação (CMO), ou seja, o custo pela insuficiência da oferta de energia para a população. Todos os anos, a Aneel aprova quatro patamares de custos a serem considerados e quatro parâmetros de corte de energia correspondentes. Neste ano, além dos tetos de 1.420,34 reais e 3.064,15 reais, foi determinado também que, caso chegue a 6.403,81 reais, o corte sugerido fica entre 10% e 20%. Finalmente, se atingir 7.276,40 reais, a redução de consumo deve superar os 20%.
Leia ainda:
Risco de falta de energia já ultrapassa limite tolerável no Sudeste
Aneel vai endurecer regras para perdão por atraso em obras elétricas
Aneel reajusta em até 45,70% tarifas de cinco distribuidoras da CPFL 

Previsões - O baixo volume de chuva nos meses de janeiro e fevereiro também fizeram bancos e consultorias refazerem para cima as previsões de racionamento de energia elétrica neste ano. Diante de um janeiro que teve a pior hidrologia dos últimos 84 anos e de um começo de fevereiro com a terceira pior marca da história, o risco traçado pelo mercado chegou a 75%. Especialistas afirmam, no entanto, que independentemente da nomenclatura de racionamento ou racionalização, há necessidade imediata de reduzir o consumo.
"Hoje, se analisarmos os dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e da Climatempo, a necessidade de economizar energia seria de 10%", afirma o analista do banco JP Morgan, Marcos Severine. Ele alerta que não adianta o país conseguir sobreviver ao período seco sem cortar energia e chegar ao fim do ano com os reservatórios na casa de 15%. Isso significaria começar 2016 novamente sob risco de racionamento.
Pelos cálculos do Itaú BBA, com base na previsão de chuva do ONS para os próximos meses, os reservatórios do Sudeste chegariam a um nível preocupante de 21% ao final de abril e de 2% até o fim de novembro, se nada for feito para conter o consumo. No relatório intitulado "Racionamento ou Racionalização - Quem vai pagar a conta", os analistas do banco elevaram a estimativa de risco de racionamento de 63% para 75% num período de uma semana. De acordo com o documento divulgado aos clientes, o banco afirma que as previsões foram refeitas depois que o ONS revisou o volume de chuva para fevereiro. "A questão agora é saber se o governo vai dar o passo difícil de implementar oficialmente um racionamento de energia ou tentar uma racionalização da demanda."
Já para a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a possibilidade de um racionamento no Brasil este ano "aumentará significativamente" caso não chova em fevereiro e março o suficiente para dobrar o atual nível dos reservatórios. O diretor da S&P, Marcelo Schwarz, avalia que o governo vai tentar de tudo para evitar um racionamento, com o objetivo de não comprometer mais ainda a atividade econômica.
(Com Estadão Conteúdo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.