Pular para o conteúdo principal

Moody's rebaixa a nota da Petrobras para grau especulativo

Com o rebaixamento, ações da empresa deixam de ser compra segura para investidores

Petrobras perde o grau de investimento dado pela agência Moody's
Petrobras perde o grau de investimento dado pela agência Moody's (/AFP)
A agência de classificação de risco Moody's rebaixou na noite desta terça-feira a nota da Petrobras para grau especulativo. Isso significa que as ações da empresa não são mais consideradas um investimento seguro para investidores. O rebaixamento ocorre após investigações da Polícia Federal apontarem um esquema bilionário de desvio de dinheiro por meio de contratos da estatal, no âmbito da Operação Lava Jato. Em decorrência da descoberta dos desvios, a empresa tem dificuldades em contabilizá-los em seu balanço e, até agora, não conseguiu concluir a divulgação de seus resultados financeiros do ano passado. A nota da dívida da Petrobras foi rebaixada em dois degraus para Ba2, ante Baa3. A Moody's manteve a classificação da estatal em revisão para novo rebaixamento.
Segundo a Moody's, o rebaixamento reflete a crescente preocupação com as investigações da Operação Lava Jato e as pressões sobre a capacidade da estatal de honrar suas dívidas. A agência aponta que a atual situação financeira da Petrobras, cujo endividamento ultrapassa 300 bilhões de reais, pode levar ao calote de alguns de seus credores. Por isso a empresa não deve permanecer no rol de companhias com grau de investimento, diz a agência. "O rebaixamento também reflete a expectativa da Moody's de que a empresa será obrigada a fazer reduções significativas na estrutura de sua dívida nos próximo ano", afirma a nota emitida pela Moody's.
Leia também:
Estaleiro rompe contrato com Sete Brasil
Como o Clube do Bilhão quer implodir a Lava Jato
Situação da Petrobras vai melhorar após balanço, diz Levy

O rebaixamento era aguardado pelo mercado não só pelo alto endividamento da estatal, mas também pela necessidade que a empresa terá de reduzir seu plano de investimentos ao longo dos próximos anos. As perdas contábeis decorrentes da corrupção que se alastrou sobre a companhia pesam sobre a decisão da agência. Mas a dificuldade maior está na incerteza se a Petrobras conseguirá ou não honrar os compromissos de sua dívida com credores, já que, com menos projetos, consequentemente gerará menos caixa. A Moody's foi a primeira das três grandes agências (as outras são Fitch e Standard and Poor's) a rebaixar a nota da Petrobras.
Para se ter uma ideia do peso do rebaixamento, nem quando a General Motors passou por seu pior momento, durante a crise financeira de 2008, e teve de ser resgatada pelo governo americano, sua nota foi rebaixada pelas agências a grau especulativo.
Leia também:
Petrobras pretende publicar balanço auditado em maio

A Moody's afirmou, em nota, que tem acompanhado as informações de que a Petrobras deve divulgar seu balanço auditado pela consultoria PriceWaterhouseCoopers no final de maio. Contudo, afirma que não há indícios suficientes de que a data se cumprirá. "A Moody's entende que a empresa está direcionando seus esforços para trabalhar com auditores e divulgar os balanços assim que possível, e que também está agindo para melhorar sua liquidez. Contudo, a Moody's não enxerga, ainda, nenhum sinal confiável de que os balanços estarão disponíveis em nenhuma data próxima", afirma a nota.
Num processo truculento, a estatal trocou, no início deste mês, toda a sua diretoria — incluindo a presidente Graça Foster, que foi substituída pelo então presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine. O novo chefe da estatal assumiu o compromisso de rever o cálculo das baixas contábeis decorrentes dos desvios e publicar o balanço de 2014 com o aval de uma auditoria.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular