Pular para o conteúdo principal

Renan vira símbolo do ocaso precoce de Dilma

A história como sabe, não é uma estenógrafa burocrática que fica sentada atrás de uma mesa organizando os fatos em fila cronológica. É uma maluca inconfiável, que adora subverter o calendário. Por exemplo: o século 19 acabou de verdade com o naufrágio do Titanic. E o século 20 começou pra valer com o ataque às Torres Gêmeas de Nova York.
Os brasileiros do futuro talvez elejam este fevereiro de 2015 como um dos períodos em que a história perverteu a folhinha. Comentarão que foi uma fase histórica porque —assim como o século 19 tinha acabado 12 anos antes do Titanic e o século 20 tinha começado nove meses antes do World Trade Center— a Era do PT no poder federal do Brasil começou a acabar numa entrevista concedida por Renan Calheiros três anos e dez meses antes da conclusão do mandato de Dilma Rousseff.
Após declarar que a coligação PT-PMDB está “capenga”, Renan afirmou que “o PMDB já tem cargos demais”. E aconselhou Dilma a “suspender a ocupação de 50% dos cargos em comissão.” Repetindo: além de refugar novos cargos, Renan pregou a suspensão de 11,5 mil das 23 mil indicações reservadas a políticos fisiológicos como ele. É como se o presidente do Senado, depois de manter por 12 anos um afilhado na comando da Transpetro, uma das mais endinheiradas subsidiária da Petrobras, cuspisse num prato em que já não pode comer.
Renan, como se sabe, é uma espécie de São Jorge que, quando se dispõe a salvar a donzela, acaba casando com o dragão. De repente, o aliado de pau oco passa a criticar a irresponsabilidade fiscal de Dilma. O que houve no primeiro mandato de madame foi um “escorregadão” econômico, disse Renan, não uma “escorregadinha” como afirmara o ministro Joaquim Levy (Fazenda).
No futuro, dirão que, ao trocar a ocupação predatória do Estado pela defesa oportunista do Tesouro, Renan decretou o fim precoce do segundo reinado de Dilma. Como o Titanic, o petismo afunda em meio à presunção de superioridade que o fez ignorar a evidência de que alianças tão heterodoxas só podiam acabar em desastre. E Renan tenta fazer pose de navio que abandona os ratos. Como as Torres Gêmeas, o petismo explode na delação dos homens-bomba que ajudou a armar. E Renan comporta-se como o filho que, depois de matar pai e mãe, roga ao júri que tenha clemência de um pobre órfão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Agência Brasil Augusto Aras reitera que seu compromisso é com a atuação na chefia do Ministério Público Federal Aras afirma desconforto com especulação sobre vaga no STF BRASIL O procurador-geral da República, Augusto Aras, em nota, manifesta seu desconforto com a veiculação reiterada de seu nome para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Conquanto seja uma honra ser membro dessa excelsa Corte, o PGR sente-se realizado em ter atingido o ápice de sua instituição, que também exerce importante posição na estrutura do Estado. Segundo Aras, ao aceitar a nomeação para a chefia da Procuradoria-Geral da República, não teve outro propósito senão o de melhor servir à Pátria, inovar e ampliar a proteção do Ministério Público Federal e oferecer combate intransigente ao crime organizado e a atos de improbidade que causam desumana e injusta miséria ao nosso povo. O PGR considerar-se-á realizado se chegar ao final do seu mandato tão somente cônscio de haver cumprido o se...