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Grécia e ministros europeus chegam, enfim, a um acordo sobre dívida

Compromissos gregos serão estendidos em quatro meses, mas Alemanha quer comprometimento com reformas e mais austeridade

Yanis Varoufakis, ministro de Finanças da Grécia
Yanis Varoufakis, ministro de Finanças da Grécia (AFP)
Os ministros das Finanças da zona do euro concordaram, nesta sexta-feira, com as linhas gerais de um acordo que pode ser a base para a extensão do pacote de resgate financeiro da Grécia, disseram autoridades gregas e da União Eropeia. Segundo o documento divulgado após o encontro, o governo grego deve apresentar a primeira lista de reformas, baseada nas últimas conversas, até a próxima segunda-feira. As autoridades europeias confirmam que o acordo preliminar estende o programa de resgate de Atenas por quatro meses — e não seis, como havia pedido a Grécia.
O acordo, contudo, ainda não é formal e dependerá da lista de reformas que Atenas se dispuser a implementar. A Alemanha, maior credor da Grécia, por exemplo, vinha exigindo "melhoras significativas" nos termos de comprometimento. O novo governo grego, por outro lado, quer defender a sua bandeira de campanha eleitoral, de austeridade mais branda.
O programa de resgate de 240 bilhões de euros vence no próximo dia 28 de fevereiro. Os credores da Grécia – a troika, formada por União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) – se negaram a conceder o perdão da dívida a Atenas e afirmam que a mudança de prazos do acordo só pode ser aceita mediante compromissos com mais austeridade.  
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, expressou confiança em um acordo, apesar das objeções ao pedido grego feitas em carta ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
Leia também: Grécia pede ajuda financeira por mais seis meses
Uma reportagem da revista alemã Der Spiegel ressaltou a dimensão dos desafios. O BCE, segundo a publicação, já faz planos de contingenciamento para uma possível saída da Grécia da zona do euro, caso não seja possível implementar um acordo. A instituição europeia se negou a comentar a reportagem.
Um dia depois de ter rejeitado fortemente a abordagem grega, a Alemanha se mostrou mais maleável, dizendo que a mais recente proposta grega era “um bom sinal”, embora não tenha avançado o bastante em seu formato atual.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que todos os parceiros da UE querem manter a Grécia no euro, mas acrescentou que é preciso melhorar significativamente o conteúdo do que está sendo discutido para que haja uma votação no Parlamento alemão na próxima semana.
Merkel estava em Paris para uma reunião com o presidente francês, François Hollande, que prometeu a Tsipras trabalhar com a chanceler alemã em busca de um acordo. Tsipras teve uma longa conversa por telefone com a chanceler alemã na quinta-feira, e tem estreitado o contato com líderes franceses e italianos em busca de uma solução financeira.
Leia ainda: Alemanha rejeita pedido da Grécia para extensão de acordo de empréstimo
A Comissão Europeia acredita ser possível formalizar o acordo ainda nesta sexta-feira, caso todas partes se mostrem razoáveis. Representantes da zona do euro disseram estar cautelosamente mais otimistas, mas que uma crônica falta de confiança nos novos líderes gregos, incluindo no ministro das Finanças Yanis Varoufakis, um expressivo economista e blogueiro marxista, seria difícil de ser superada.
Acrescentando pressão para que um acordo seja alcançado, poupadores gregos têm retirado seu dinheiro dos bancos em um ritmo acelerado, apesar das garantias do governo de que não planeja implementar controles de capital para conter os saques.
(Com agência Reuters)

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