Pular para o conteúdo principal

Polícia chavista prende prefeito de Caracas, um dos líderes da oposição

Antonio Ledezma denunciou invasão de seu escritório por meio do Twitter

O prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, durante uma marcha organizada por estudantes oposicionistas do município Chacao, em Caracas - 20/04/2014
O prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, durante uma marcha organizada por estudantes oposicionistas do município Chacao, em Caracas - 20/04/2014 (EFE)

O prefeito metropolitano de Caracas, o opositor Antonio Ledezma, foi preso nesta quinta-feira em seu escritório por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, a polícia política da Venezuela). Pouco antes de ser levado, ele denunciou a chegada dos policiais em sua página no Twitter. O advogado do prefeito, Omar Estacio, denunciou a prisão como arbitrária e disse que não foi apresentada uma ordem judicial.
Testemunhas disseram que tiros foram disparados para o alto para dispersar pessoas que tentaram evitar a detenção, informou a imprensa venezuelana. A mulher do opositor, Mitzy Capriles de Ledezma, afirmou que o prefeito vinha sendo perseguido "há vários dias". Em entrevista à Unión Radio, disse que resistiu muito e foi agredido ao ser preso nesta quinta. “Funcionários encapuzados levaram Antonio à força”, relatou.
Leia mais: Vídeo mostra momento da prisão do prefeito de Caracas
Ela reclamou da falta de informações sobre o paradeiro do marido, que durou várias horas. À noite, em declaração em rede nacional, o presidente Nicolás Maduro confirmou a prisão do político opositor e disse que ele será processado "por delitos cometidos contra a paz, a segurança e a Constituição".
Abusos – A prisão de Ledezma é mais uma das barbaridades cometidas contra opositores na Venezuela. Ao reprimir os manifestantes que foram às ruas no ano passado contra a alta criminalidade, a escassez de produtos básicos, a inflação galopante, as forças de segurança do Estado e as milícias paramilitares espalhou o terror entre os cidadãos. Houve milhares de prisões arbitrárias e muitos relatos de tortura. Mais de quarenta pessoas morreram.
Leia também:
Protesto pede libertação do opositor Leopoldo López, preso há um ano
Maduro diz ter frustrado tentativa de golpe que incluía bombardeio
Estudantes voltam às ruas um ano depois da onda de protestos na Venezuela
Várias vozes se levantaram contra a situação. A ONG Human Rights Watch denunciou que as violações de direitos humanos não foram casos isolados, mas um padrão sistematicamente aplicado em diferentes locais do país, com a conivência de juízes e promotores. O Comitê contra a Tortura da ONU acusou a Venezuela de ser responsável pela tortura, maus-tratos e humilhações em mais de 3.000 presos.
Ao jornal Financial Times, Nizar El Fakih, do Centro de Direitos Humanos da Universidade Andrés Bello, em Caracas, disse que a maioria foi presa sem acusação, e muitos dos que foram liberados precisam cumprir medidas que restringem sua liberdade.
Oposição – Um dos maiores críticos do presidente Nicolás Maduro, Ledezma foi alvo da fúria chavista em 2008, quando foi eleito derrotando um membro do partido governista. Ele ficou impossibilitado de despachar na prefeitura, ocupada por milícias chavistas depois do anúncio de que o contrato de trabalho de 8.000 funcionários fantasmas não seria renovado.
O chavismo também retirou boa parte dos poderes do prefeito, incluindo o controle da polícia, das escolas e do orçamento, e criando um cargo de chefe de governo da região metropolitana, apontado pelo presidente. Apesar das dificuldades, Ledezma foi reeleito em 2013.
Durante a onda de protestos contra Maduro, no ano passado, o prefeito de Caracas cobrou várias vezes uma palavra de repúdio da presidente Dilma Rousseff sobre os abusos sofridos pela oposição.
Saiba mais: Maduro nomeia aliados para “governos paralelos” em cidades da oposição
Acusação – Na última semana, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello – que é acusado de ligação com o narcotráfico – afirmou que Ledezma e o deputado opositor Julio Borges planejavam eliminar outro opositor, Leopoldo López, há um ano mantido em uma prisão militar.
O objetivo, na estapafúrdia versão governista, era provocar mais caos no país, derrubar o governo e promover Ledezma como líder da oposição, disse, em um programa transmitido pela TV venezuelana.
Nesta quinta, o secretário-executivo da aliança opositora Mesa da Unidade Democrática, Jesús Torrealba, condenou a prisão de Ledezma, dizendo que “o governo não encontra formas de fazer frente à crise, a única forma em que acreditam é na violência”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Agência Brasil Augusto Aras reitera que seu compromisso é com a atuação na chefia do Ministério Público Federal Aras afirma desconforto com especulação sobre vaga no STF BRASIL O procurador-geral da República, Augusto Aras, em nota, manifesta seu desconforto com a veiculação reiterada de seu nome para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Conquanto seja uma honra ser membro dessa excelsa Corte, o PGR sente-se realizado em ter atingido o ápice de sua instituição, que também exerce importante posição na estrutura do Estado. Segundo Aras, ao aceitar a nomeação para a chefia da Procuradoria-Geral da República, não teve outro propósito senão o de melhor servir à Pátria, inovar e ampliar a proteção do Ministério Público Federal e oferecer combate intransigente ao crime organizado e a atos de improbidade que causam desumana e injusta miséria ao nosso povo. O PGR considerar-se-á realizado se chegar ao final do seu mandato tão somente cônscio de haver cumprido o se...