Pular para o conteúdo principal

Cardozo admite encontros com advogados, mas diz que agiu dentro da lei

Reportagem de VEJA desta semana revelou que o ministro da Justiça se lançou numa ofensiva para acalmar as empreiteiras envolvidas no petrolão

 
BATE-PAPO - José Eduardo Cardozo diz que se encontrou casualmente com o advogado Sérgio Renalt, que tem contrato com a UTC e trabalhou com Thomaz Bastos no governo Lula. As empreiteiras, porém, gostaram do resultado da reunião
BATE-PAPO - José Eduardo Cardozo diz que se encontrou casualmente com o advogado Sérgio Renalt, que tem contrato com a UTC e trabalhou com Thomaz Bastos no governo Lula. As empreiteiras, porém, gostaram do resultado da reunião (/Reuters)
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu nesta quinta-feira o que já não pode mais disfarçar: com as investigações da Operação Lava Jato a pleno vapor, ele se reuniu com o advogado Sérgio Renault, que defende o empresário Ricardo Pessôa, apontado como o chefe do Clube do Bilhão. Mas é preciso certa dose de boa vontade para engolir a tese de Cardozo: apesar de confirmar o encontro, ele negou que a conversa tenha enveredado para a Lava Jato.
A edição desta semana de VEJA mostra que o ministro afirmou ao advogado que a operação sofreria uma guinada e que políticos da oposição entrariam no foco dos investigadores. Hoje, Cardozo afirmou que encontrou Renault por acaso após se reunir com o ex-deputado petista Sigmaringa Seixas para tratar de assuntos pessoais.
O ministro diz que o diálogo com Renault, que é seu amigo há três décadas, durou três minutos e ocorreu na antessala de seu gabinete. "O doutor Sérgio Renault estava sentado no sofá com uma mochila do lado. Conversamos rapidamente com as portas abertas e não falamos nada de Lava-Jato, absolutamente nada", afirmou o ministro durante balanço da operação de carnaval da Polícia Rodoviária Federal.

Cardozo disse que advogados têm o direito de serem recebidos por autoridades públicas. "Advogado não é cliente, advogado não está sendo acusado", afirmou ele, que também rechaçou o que chamou de "criminalização" da advocacia.
Leia também: As conversas impróprias do ministro da Justiça
No Twitter, Barbosa cobra demissão imediata de Cardozo
Panelaço contra Cardozo

Odebrecht – José Eduardo Cardozo admitiu ainda um encontro com advogados da empreiteira Odebrecht no início de fevereiro – e que, nesse caso, o tema era mesmo a operação Lava Jato. De acordo com o petista, os defensores trataram de dois temas: um deles diz respeito ao vazamento de informações sigilosas, que provocou queixas da empreiteira. O outro permanece em sigilo por razões legais, mas tem a ver com a atuação de um órgão do ministério ligado à área internacional.
"Em nenhum momento dessa reunião com a Odebrecht tocou-se na possibilidade do governo ajudar a libertação de presos, na minha avaliação judicial do que poderia acontecer no futuro, de quais pessoas poderiam estar envolvidas numa delação premiada", disse o ministro nesta quinta. "Eu disse: 'me façam uma representação que eu apuro'. A quem eles tinham que dirigir essa representação. Ao juiz? Não. Ao Ministério da Justiça, porque a Polícia Federal está subordinada ao Ministério da Justiça."
O ministro ainda tentou explicar o vácuo de aproximadamente oitenta dias na divulgação de sua agenda na página oficial do ministério: "Foi um erro, infelizmente, do setor de informática, que não fez os ajustes que tinha que fazer".
Cardozo evitou responder ao ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que pediu sua demissão por causa de seus encontros com advogados de empreiteiras investigadas.  "Eu tenho dito que o ministro Joaquim Barbosa tem total direito de falar aquilo que ele acha. É uma opinião dele. Eu respeito", afirmou.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...