Pular para o conteúdo principal

Síria retirou de seu território todo arsenal químico declarado

Devido a atrasos na entrega, contudo, prazo para destruição do material não será cumprido

A embarcação dinamarquesa Esbern Snare, responsável por transportar as armas químicas sírias
A embarcação dinamarquesa Esbern Snare, responsável por transportar as armas químicas sírias (Reuters)
O último lote das armas químicas do regime Sírio que foram declaradas à comunidade internacional deixou o país nesta segunda-feira, anunciou a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq). "Um grande marco foi alcançado hoje", declarou o diretor da organização, Ahmet Uzumcu, ressaltando, no entanto, que não é possível dizer "com certeza" que não há mais armas químicas no país. “Tudo o que podemos fazer é trabalhar com base na verificação de declarações do país. Eu não faria nenhuma especulação sobre possíveis substâncias remanescentes”, acrescentou, segundo declaração reproduzida pela CNN.
Leia também:
Jihadistas ocupam antiga fábrica de armas químicas de Saddam Hussein
Chefe da Opaq espera que Nobel inspire novos tratados pelo fim das armas   

A Síria já havia se desfeito de cerca de 92% das 1.300 toneladas de armas químicas declaradas como parte de um acordo costurado entre os EUA e a Rússia e endossado pelas Nações Unidas. O acordo previa a destruição de todo o arsenal químico sírio até 30 de junho. Após vários meses de atraso, os 8% restantes, que representam 100 toneladas, deixaram o porto de Latakia em um navio dinamarquês que deve transferir o material mais perigoso para uma embarcação americana especialmente desenvolvida para o trabalho de destruição, que envolverá ainda instalações na Finlândia, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Alemanha. Por causa dos atrasos na entrega, contudo, será impossível cumprir o prazo de 30 de junho para que as armas declaradas sejam completamente eliminadas.
O diretor da Opaq também destacou a "cooperação internacional extraordinária" que tornou possível a missão. "Nunca um arsenal dessa categoria de armas de destruição em massa foi eliminado de um país que atravessa um conflito armado interno. E isso foi possível em prazos muito restritos".
Leia mais: Emprego de armas químicas rompe marco civilizatório
Aliado do ditador sírio Bashar Assad, a Rússia manifestou "grande satisfação o fim bem-sucedido da operação internacional, inédita e em grande escala, de retirada de todos os componentes das armas químicas da Síria", por meio de comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
A Síria aderiu à Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas em outubro de 2013 como parte de um acordo fechado depois de um ataque que provocou a morte de 1.400 civis, em agosto do ano passado.
Apesar do anúncio desta segunda-feira, a questão das armas químicas na Síria ainda está longe de ser concluída. "Esperamos esclarecer em breve certos aspectos da declaração síria e iniciar a destruição de certas estruturas usadas para produzir armas químicas", declarou Uzumcu.
O regime de Bashar Assad e os rebeldes também continuam a trocar acusações sobre o uso de agentes químicos no conflito. Resultados preliminares de uma investigação da Opaq apontaram que armas químicas como o cloro podem estar sendo utilizadas "sistematicamente".
O status do cloro como uma arma química é ambíguo. Ele pode ser usado como uma arma, mas é, antes de tudo,um agente industrial amplamente utilizado. Sua classificação como uma arma química em Convenção Internacional não é necessária. Portanto, a Síria não tinha a obrigação de informar a organização sobre os seus estoques.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.