Justiça dos EUA considera ilegal manobra da Argentina para pagar credores
Governo Kirchner disse na véspera que só pagaria os credores que renegociaram suas dívidas; fundos que ficaram de fora convocaram reunião nesta sexta-feira
Ministro da Economia da Argentina, Alex Kicillof (Reuters)
Griesa não só desconsiderou o pagamento, como também o classificou como ilegal. Tal decisão coloca mais pressão sob o país e aumenta o risco de calote da dívida. O governo argentino tem até a próxima segunda-feira para saldar sua dívida. O prazo pode ser estendido por mais um mês — o que significa que, se em 30 de julho, todos os credores não tiverem sido pagos, o país entrará em default técnico, ou calote.
Os demais credores, os holdouts - aqueles que não quiseram reestruturar seus débitos anos atrás - ficaram de fora dos planos do governo argentino, o que foi considerado uma afronta ao poder da Justiça. Esses fundos de hedge são chamados de abutres pelo governo argentino por seu caráter especulativo — compram bônus de países próximos do calote para depois recorrer à Justiça para recuperar seus ganhos.
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Na semana passada, os holdouts haviam ganhado na Suprema Corte americana o direito de receber da Argentina 1,33 bilhão de dólares. O governo de Cristina, porém, se recusou a pagar o débito e pediu a suspensão temporária da decisão, o que foi negado na quinta-feira pelo juiz Thomas Griesa. Diante disso, os fundos pediram à Griesa para convocar os argentinos nesta sexta. O juiz considerou ilegal a estratégia da Argentina de transferir apenas parte do dinheiro e, por isso, pediu que as instituições financeiras devolvessem o montante.
A Argentina teme que o pagamento do valor integral pleiteado pelos fundos abra precedentes para que ações similares sejam abertas pelos credores que aceitaram a reestruturação da dívida. A Moody's estima que o prejuízo para o governo argentino pode chegar a 16 bilhões de dólares, valor que representa mais de 60% das reservas internacionais do país. Para outros especialistas, porém, como o pagamento do 1,33 bilhão foi forçado por decisão judicial, a cláusula que dá direitos iguais a todos os credores não poderá ser acionada. Essa discussão legal deve ser levada à reunião nesta sexta. Se não houver acordo e a Argentina não saldar sua dívida, o país poderá sofrer confiscos de ativos no exterior.
Há dois tipos de credores da dívida argentina: aqueles que participaram da reestruturação anos atrás, aceitando reduzir o montante total devedor e em troca recebendo pontualmente do governo de Cristina Kirchner, e os chamados holdouts, que não aceitaram a renegociação e, na semana passada, ganharam a ação na Corte
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