Donos da Biolab conseguem excluir irmão da sociedade
Decisão judicial confirma a exclusão de Fernando de Castro Marques e avança na conclusão de uma das maiores brigas societárias do setor empresarial brasileiro
Os irmãos Fernando, Cleiton e Paulo de Castro Marques, donos da Biolab e da União Química
Fernando controla 62% da União Química, que foi comprada por seu pai, João Marques de Paulo, em 1971. Já Cleiton e Paulo estão no comando da Biolab, que nasceu independente da União Química, em 1997. Os irmãos detêm participação acionária nas duas empresas, mas jamais conseguiram chegar a um acordo sobre como dividir o patrimônio após a morte do patriarca. Cleiton sempre esteve à frente da Biolab, enquanto Fernando, considerado o "irmão-enxaqueca" no seio familiar, preferiu continuar na União Química. Paulo ocupava o cargo de diretor industrial nas duas empresas, mas abriu mão da firma paterna para assumir, juntamente com Cleiton, apenas a Biolab.
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Fernando não aceitou o valor que seus irmãos lhe propuseram por sua participação de 27,5% na Biolab. Em 2013, afirmou ao jornal Valor Econômico que a quantia de 154 milhões de reais não era condizente com a avaliação patrimonial da empresa. Já Cleiton e Paulo não querem que Fernando se mantenha como sócio da Biolab. Pelo dinheiro, travam uma briga judicial (e familiar) desde 2008. A União Química faturou cerca de 700 milhões de reais em 2013, enquanto a Biolab teve receita líquida de cerca de 1 bilhão de reais.
Em sua decisão, o juiz confirmou o argumento da justa causa na exclusão de Fernando, sobretudo pelo fato de a União Química ter produzido o medicamento Revita Jr exatamente igual ao Revitam Junior, fabricado pela Biolab, configurando concorrência desleal entre as duas empresas que possuem os mesmos acionistas. Ainda segundo o juiz, também configura justa causa "o voto contrário do autor ao pedido de autorização feito pelos sócios para investimentos de 100 milhões de reais na joint-venture Orygen" para a fabricação de biossimilares. "Este juízo entende que essa decisão foi extremamente temerária para o futuro da Biolab. Pois o autor mais do que ninguém deveria entender a importância de projetos dessa magnitude, porque sua própria controladora, União Química, faz parte de uma", afirmou o juiz. A decisão abre caminho para que se apure o valor patrimonial atualizado das duas empresas, para que a sociedade possa ser desfeita.
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