Aécio deve anunciar hoje Aloysio Nunes como vice em sua chapa
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, deve anunciar nesta segunda o nome do vice em sua chapa: é o também senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (foto), de São Paulo. No sábado, publiquei aqui um post que punha em dúvida os boatos de que a escolha poderia surpreender:
A natureza do processo estava a indicar, pareceu-me, que não havia espaço para a tal solução surpreendente. Uma das cotadas era Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo. Não debato aqui os seus méritos, mas é sabido que não se trata de pessoa com vida partidária, não ainda, ou que tenha trânsito nos meandros da política. A solução pareceria um tanto forçadas e recairia sobre ela certa suspeita de que se pensava mais no marketing: “Ah, vamos ter também uma mulher…” Não era uma resposta natural. Com Aloysio Nunes, dá-se exatamente o contrário. Não há nada de surpreendente ou de exótico na escolha. Ao contrário.
Senador por São Paulo — que é o maior colégio eleitoral do país e onde Aécio precisa de uma expressiva votação se quer chegar à Presidência —, Aloysio tem largo trânsito no partido e no Congresso. É também uma pessoa reconhecidamente hábil nas costuras políticas e não tem dificuldades para dialogar com os vários setores do partido. Já foi vice-governador de São Paulo, ministro de FHC e secretário de José Serra na Prefeitura e no governo do Estado.
Ainda que se tivesse, de fato, pensando em algum outro nome desde que Serra anunciou há quase um mês que concorreria a uma vaga ao Parlamento — deve se candidatar a deputado federal —, os eventos no Estado nos últimos quatro dias certamente fortaleceram Aloysio. A que me refiro? O PT se organiza para fazer de Paulo Skaf o seu ponto de resistência em São Paulo. O PSD de Gilberto Kassab, que vinha negociando com os tucanos, migrou para a candidatura do peemedebista. Lula cuida pessoalmente para que o PP abandone mesmo o petista Alexandre Padilha e também se junte a Skaf, que passará a ter o maior tempo no horário eleitoral gratuito. Ainda que o ex-presidente da Fiesp já tenha demonstrado a disposição de não ser uma alavanca da luta de Dilma pela reeleição, uma coisa é certa: o robustecimento de sua candidatura não colabora com a campanha de Aécio.
Ter, assim, um candidato a vice de São Paulo fortalece a imagem de um PSDB unido. Exceto em 2002, o PT perdeu todas as disputas presidenciais no Estado para os tucanos. Em 2010, Dilma obteve no 10.462 447 votos, contra 12.308.483 de José Serra. O objetivo, agora, é ampliar essa diferença de 1.846.036.
Só pra arrematar, cumpre ter uma outra conta em mente, como já escrevi aqui. Dilma concorria em nome de um governo que tinha quase 90% de aprovação em 2010. Mesmo assim, a diferença de votos em seu favor, na disputa com Serra, foi de apenas 12.041.141 (56,05% contra 43,95%). Prestem atenção a estes dados. Somadas as diferenças a favor do PT na Bahia, Pernambuco, Ceará, Minas, Rio e Maranhão, temos 12.654.768 votos — superior ao que a petista teve de votos a mais do que Serra no total. Uma coisa é certa: os petistas não contam mais com as facilidades que tinham nesses estados. Em Pernambuco, Eduardo Campos tende a ter uma avalanche de votos; Minas penderá para Aécio; na Bahia, os adversários do PT se juntaram; há um clima anti-Sarney no Maranhão que pode arranhar o petismo; no Rio, o palanque do partido na disputa presidencial está desestruturado por excesso de ambição.
A sorte está lançada. De 2002 a esta data, este é o cenário mais promissor para os adversários do PT.
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