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Grã-Bretanha rejeita pedido da ONU para dialogar com Argentina

Resolução do Comitê de Descolonização pedia solução negociada sobre a questão das Malvinas. Para governo britânico, apelo está “ultrapassado”

Carreata celebra o "Orgulho de ser britânico" no dia de abertura do referendo nas Ilhas Malvinas
Carreata celebra o "Orgulho de ser britânico" no dia de abertura do referendo nas Ilhas Malvinas (AFP)
A Grã-Bretanha rechaçou uma resolução da ONU insistindo em um diálogo com a Argentina sobre as Malvinas. O documento aprovado pelo Comitê de Descolonização defende uma solução negociada para a disputa pelo arquipélago. Disputa que não existe para o governo britânico, que considerou o apelo ultrapassado.
“A posição britânica é bem conhecida. Lamentamos que o comitê insista nessa abordagem ultrapassada”, disse um porta-voz da chancelaria ao jornal Daily Telegraph. “O Comitê de Descolonização não tem mais um papel relevante a cumprir no que se refere aos territórios ultramarinos britânicos. Todos têm, em grande medida, um governo próprio, escolheram manter os laços com o Reino Unido e, portanto, deveriam ter sido retirados da lista há muito tempo”.
O comitê foi criado na década de 60 para monitorar a situação de territórios que não são considerados auto-governados - situação que é revisada anualmente. A resolução avançou por consenso, apesar das intervenções de dois representantes das ilhas argumentando que os kelpers querem manter as coisas como estão. No ano passado, um referendo indicou que quase a totalidade dos habitantes é favorável à manutenção da soberania britânica. Roger Edwards, membro da Assembleia Legislativa do arquipélago, argumentou que o único problema no arquipélago é o “assédio agressivo” da Argentina, e convidou os membros do comitê a visitarem o território.
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O ministro de Relações Exteriores da Argentina, Hector Timerman, criticou o governo britânico por ignorar as resoluções da ONU pedindo que os dois lados sentem-se à mesa de negociações. Várias delegações presentes à reunião apoiaram a Argentina, incluindo o Brasil. O ex-ministro Antonio Patriota argumentou, segundo informação do comitê, que o princípio de autodeterminação não se aplica às Malvinas, que são habitadas por descendentes de britânicos que expulsaram os argentinos da região.
A Venezuela foi outro país a se manifestar a favor da resolução, em nome da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba, o clube de amigos do chavismo). No discurso, o embaixador Samuel Moncada considerou a exploração de recursos renováveis e não-renováveis, incluindo hidrocarbonetos, deve ser interrompida no arquipélago.
A presidente Cristina Kirchner fez de uma causa vencida uma bandeira de seu governo e tem repetidamente apresentado demandas por soberania sobre o território controlado pelos britânicos desde 1833. Apesar do argumento do representante brasileiro, não houve uma invasão militar que culminou com a expulsão dos argentinos.
Para escapar do patriotismo cego, conta-se a história. Antes da colonização das Américas, as Malvinas eram desabitadas. Pessoas de diferentes nacionalidades se estabeleceram provisoriamente nas ilhas até que os ingleses delas tomassem conta, em 1833. Estima-se que havia entre 100 e 150 pessoas vivendo lá na ocasião. Segundo um funcionário inglês, eram "25 gaúchos de Buenos Aires, cinco índios e uns quinze negros escravos. Famílias holandesas, uma alemã e uma série de espanhóis e portugueses". Faturar com o nacionalismo argentino foi o grande motivo para a invasão das ilhas em 1982. Em apenas dez semanas, a reação inglesa enterrou o orgulho argentino.
Em um discurso para os kelpers no início deste mês, o ministro-adjunto de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Hugo Swire, disse que “os esforços do governo argentino para coagir esta comunidade não apenas falharam, como se provaram contraprodutivos”. “O governo britânico continua comprometido em defender os habitantes da ilha e seu direito a autodeterminação com o mínimo de força necessária, pelo tempo que for necessário”.

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