Pular para o conteúdo principal

NSA espionou telefone do papa Francisco na época em que ele era cardeal

Novos documentos vazados por Snowden apontam que os Estados Unidos grampearam chamadas telefônicas durante o conclave que elegeu o pontífice

O papa Francisco durante uma cerimônia na Basílica de São Pedro, no Vaticano
O papa Francisco durante uma cerimônia na Basílica de São Pedro, no Vaticano (/Reuters)
A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou as chamadas telefônicas feitas pelo papa Francisco na época em que ele era cardeal. Segundo documentos vazados pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden à revista italiana Panorama, o argentino Jorge Mario Bergoglio teve o telefone grampeado durante o período em que ficou hospedado na Domus Internationalis Paolo VI de Roma, a residência usada por ele antes do início do conclave que o elegeu pontífice em 13 de março deste ano. Dados de outras ligações feitas na Cidade do Vaticano também teriam sido coletados pelos serviços de inteligência americanos.
Leia também:
Obama analisa banir escutas de chefes de estados aliados
Delegação alemã vai à Casa Branca para apurar denúncias de espionagem

Revistas italianas já haviam adiantado na última semana que os Estados Unidos tinham monitorado 46 milhões de conversas telefônicas de cidadãos italianos. Na ocasião, o primeiro-ministro Enrico Letta afirmou que a espionagem entre aliados era “inconcebível e inaceitável”. Agora, a publicação diz que muitas das ligações foram grampeadas no Vaticano. De acordo com os arquivos de Snowden, os americanos coletaram dados entre 10 de dezembro de 2012 e 8 de janeiro de 2013, mas teriam dado sequência à espionagem após o anúncio da renúncia de Bento XVI aos pontificado, em 28 de fevereiro.
Os Estados Unidos também teriam grampeado telefones durante todo o conclave para a escolha do novo papa. Entre os espionados estaria o presidente do Banco do Vaticano, o alemão Ernst von Freyberg, que foi nomeado em fevereiro de 2013 por Bento XVI. As chamadas captadas no Vaticano foram arquivadas sob quatro classificações: 'Leadership intentions' (Intenções de liderança), 'Threats to financial system' (Ameaças ao sistema financeiro), 'Foreign Policy Objectives' (Objetivos de política externa) e 'Human Rights' (Direitos Humanos).
Leia mais:
UE: quebra de confiança nos EUA prejudica luta contra o terror
Ex-ministro é denunciado após afirmar que Grécia espionou os EUA

A Panorama recorda ainda que o site de vazamentos WikiLeaks, do hacker Julian Assange, havia divulgado despachos dos serviços secretos americanos que citavam o nome de Bergoglio como um dos favoritos a assumir o pontificado em 2005, assim como outros arquivos datados de 2007 que relatavam a “relação ruim” que o então cardeal mantinha na Argentina com o presidente Nestor Kirchner. Questionado sobre os vazamentos, o porta-voz do escritório de imprensa do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que não tem nenhuma informação sobre o assunto e que não manifesta “nenhuma preocupação a respeito”.
Negativa – Na última terça-feira, o chefe da NSA, general Keith B. Alexander, e o diretor de Inteligência Nacional, James R. Clapper Jr., negaram que o governo americano espiona milhões de ligações telefônicas de cidadãos da Alemanha, França, Espanha e Itália. As autoridades disseram que as informações divulgadas por jornais europeus com base nos documentos de Snowden eram “completamente falsas”. No entanto, os responsáveis pela inteligência americana disseram que a espionagem contra líderes mundiais é um dos pilares mantidos há décadas nos serviços de inteligência americanos. Eles afirmaram que a prática é fundamental para o governo saber quais “intenções” que outros países, incluindo os aliados, apresentam em relação à política dos Estados Unidos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular