NSA espionou telefone do papa Francisco na época em que ele era cardeal
Novos documentos vazados por Snowden apontam que os Estados Unidos grampearam chamadas telefônicas durante o conclave que elegeu o pontífice
O papa Francisco durante uma cerimônia na Basílica de São Pedro, no Vaticano (/Reuters)
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Revistas italianas já haviam adiantado na última semana que os Estados Unidos tinham monitorado 46 milhões de conversas telefônicas de cidadãos italianos. Na ocasião, o primeiro-ministro Enrico Letta afirmou que a espionagem entre aliados era “inconcebível e inaceitável”. Agora, a publicação diz que muitas das ligações foram grampeadas no Vaticano. De acordo com os arquivos de Snowden, os americanos coletaram dados entre 10 de dezembro de 2012 e 8 de janeiro de 2013, mas teriam dado sequência à espionagem após o anúncio da renúncia de Bento XVI aos pontificado, em 28 de fevereiro.
Os Estados Unidos também teriam grampeado telefones durante todo o conclave para a escolha do novo papa. Entre os espionados estaria o presidente do Banco do Vaticano, o alemão Ernst von Freyberg, que foi nomeado em fevereiro de 2013 por Bento XVI. As chamadas captadas no Vaticano foram arquivadas sob quatro classificações: 'Leadership intentions' (Intenções de liderança), 'Threats to financial system' (Ameaças ao sistema financeiro), 'Foreign Policy Objectives' (Objetivos de política externa) e 'Human Rights' (Direitos Humanos).
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A Panorama recorda ainda que o site de vazamentos WikiLeaks, do hacker Julian Assange, havia divulgado despachos dos serviços secretos americanos que citavam o nome de Bergoglio como um dos favoritos a assumir o pontificado em 2005, assim como outros arquivos datados de 2007 que relatavam a “relação ruim” que o então cardeal mantinha na Argentina com o presidente Nestor Kirchner. Questionado sobre os vazamentos, o porta-voz do escritório de imprensa do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que não tem nenhuma informação sobre o assunto e que não manifesta “nenhuma preocupação a respeito”.
Negativa – Na última terça-feira, o chefe da NSA, general Keith B. Alexander, e o diretor de Inteligência Nacional, James R. Clapper Jr., negaram que o governo americano espiona milhões de ligações telefônicas de cidadãos da Alemanha, França, Espanha e Itália. As autoridades disseram que as informações divulgadas por jornais europeus com base nos documentos de Snowden eram “completamente falsas”. No entanto, os responsáveis pela inteligência americana disseram que a espionagem contra líderes mundiais é um dos pilares mantidos há décadas nos serviços de inteligência americanos. Eles afirmaram que a prática é fundamental para o governo saber quais “intenções” que outros países, incluindo os aliados, apresentam em relação à política dos Estados Unidos.
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