Cuba dá primeiro passo para pôr fim a câmbio duplo e adotar moeda única
Governo vai abandonar sistema que criou duas divisas na ilha, uma sujeita à variação do mercado internacional e outra usada apenas em transações internas por cidadãos cubanos
HAVANA - Cuba anunciou nesta terça-feira, 22, a extinção do sistema de moeda dupla, em vigor na ilha há quase duas décadas. A unificação do peso comum (CUP), usado para pagar salários e obter produtos e serviços básicos, e o peso conversível (CUC), usado no turismo e no comércio de produtos não subsidiados, deverá ser aplicada em duas etapas e faz parte das reformas socioeconômicas implementadas pelo governo de Raúl Castro.
Especialistas estimam que o processo deverá ser concluído em 18 meses. Havana, porém, não deu prazo para a mudança, nem detalhou a maneira como a unificação deverá ser aplicada. Segundo economistas, o processo deverá consistir numa desvalorização gradual do CUC paralelamente à elevação do valor do peso comum.
"Tem de ser lenta essa transição, pois a diferença entre os valores das moedas é muito grande", disse ao Estado o economista cubano radicado nos EUA Carmelo Mesa-Lago, catedrático da Universidade de Pittsburgh. Com o valor estipulado em torno do dólar americano, o CUC vale atualmente 24 vezes mais que o peso comum.
Mesa-Lago - que, como outros especialistas, considera a reforma "necessária" - ressaltou que "Raúl prefere ir com cautela", para não alimentar na população o medo de perder dinheiro com a unificação monetária. Há alguns meses, esse rumor tem provocado um aumento da procura de CUC pelos cubanos.
"O governo garante que antes desse processo vai estabelecer uma infraestrutura (econômica) adequada e o Banco Central de Cuba vai manter a integridade das duas moedas até a transição", disse o economista, lembrando que Marino Murillo, funcionário do Partido Comunista responsável pela implementação dos "lineamentos" do governo já afirmou que não haveria nenhum "tratamento de choque" na unificação das moedas.
Em discurso em julho, Raúl considerou a moeda dupla como um dos obstáculos mais importantes à economia do país.
"O Conselho de Ministros concordou em colocar em vigor o programa de execução de medidas que conduzirão à unificação monetária e cambial", informou ontem Havana por meio do jornal oficial Granma. "A unificação não resolve todos os problemas, mas sua aplicação é imprescindível para restabelecer o valor do peso cubano e sua função como moeda."
Numa primeira etapa, o processo deverá ocorrer entre pessoas jurídicas. Segundo o governo, o objetivo da fase inicial é propiciar as condições para o aumento da eficiência empresarial e de uma melhor medição da atividade econômica no país, além do estimular os setores produtivos, a exportação e a substituição de importações.
Num segundo momento, a unificação valerá também para pessoas físicas. O governo não especificou como essa etapa se desenvolverá, mas garantiu que a população não será afetada e todos os depósitos bancários serão respeitados.
A moeda dupla foi criada em dezembro de 1994 pelo governo de Fidel Castro, que combatia a grave crise econômica ocasionada pelo fim da União Soviética e o subsequente cancelamento da ajuda financeira que o Kremlin provia a Havana. Com o tempo, o peso comum passou a ser usado apenas para transações entre estatais, pagamento de serviços públicos, que são amplamente subsidiados, e na compra de insumos básicos - os demais produtos são adquiridos com a moeda forte. / REUTERS
Cubanos fazem fila para trocar pesos comuns por CUC, após anúncio de unificação
"Tem de ser lenta essa transição, pois a diferença entre os valores das moedas é muito grande", disse ao Estado o economista cubano radicado nos EUA Carmelo Mesa-Lago, catedrático da Universidade de Pittsburgh. Com o valor estipulado em torno do dólar americano, o CUC vale atualmente 24 vezes mais que o peso comum.
Mesa-Lago - que, como outros especialistas, considera a reforma "necessária" - ressaltou que "Raúl prefere ir com cautela", para não alimentar na população o medo de perder dinheiro com a unificação monetária. Há alguns meses, esse rumor tem provocado um aumento da procura de CUC pelos cubanos.
"O governo garante que antes desse processo vai estabelecer uma infraestrutura (econômica) adequada e o Banco Central de Cuba vai manter a integridade das duas moedas até a transição", disse o economista, lembrando que Marino Murillo, funcionário do Partido Comunista responsável pela implementação dos "lineamentos" do governo já afirmou que não haveria nenhum "tratamento de choque" na unificação das moedas.
Em discurso em julho, Raúl considerou a moeda dupla como um dos obstáculos mais importantes à economia do país.
"O Conselho de Ministros concordou em colocar em vigor o programa de execução de medidas que conduzirão à unificação monetária e cambial", informou ontem Havana por meio do jornal oficial Granma. "A unificação não resolve todos os problemas, mas sua aplicação é imprescindível para restabelecer o valor do peso cubano e sua função como moeda."
Numa primeira etapa, o processo deverá ocorrer entre pessoas jurídicas. Segundo o governo, o objetivo da fase inicial é propiciar as condições para o aumento da eficiência empresarial e de uma melhor medição da atividade econômica no país, além do estimular os setores produtivos, a exportação e a substituição de importações.
Num segundo momento, a unificação valerá também para pessoas físicas. O governo não especificou como essa etapa se desenvolverá, mas garantiu que a população não será afetada e todos os depósitos bancários serão respeitados.
A moeda dupla foi criada em dezembro de 1994 pelo governo de Fidel Castro, que combatia a grave crise econômica ocasionada pelo fim da União Soviética e o subsequente cancelamento da ajuda financeira que o Kremlin provia a Havana. Com o tempo, o peso comum passou a ser usado apenas para transações entre estatais, pagamento de serviços públicos, que são amplamente subsidiados, e na compra de insumos básicos - os demais produtos são adquiridos com a moeda forte. / REUTERS
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