Berlim convoca embaixador dos EUA após suspeitas de espionagem a Merkel
Se confirmada a suspeita, “nós não podemos voltar aos negócios como fazíamos antes”, disse o ministro de Defesa alemão Thomas de Maizière
Conversas ao pé do ouvido. O governo de Barack Obama supostamente teria escutado conversas telefônicas de Angela Merkel (AFP)
Westerwelle receberá o embaixador pessoalmente ainda hoje. Nesta quarta-feira, Merkel falou por telefone com o presidente americano Barack Obama para cobrar esclarecimentos sobre as suspeitas de espionagem. A Casa Branca negou que os Estados Unidos estejam escutando ou tenham escutado as conversas da chanceler. Segundo informações do jornal New York Times, Merkel estava “brava” durante a conversa telefônica com Obama e lhe disse que, se a informação for confirmada, "desaprova totalmente" essas práticas, as quais considera "inaceitáveis".
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Para o ministro da Defesa alemão, Thomas de Maizière, se a espionagem for confirmada, “será um caso realmente grave”, ressaltou hoje em entrevista à televisão ARD. “Os americanos são e continuarão sendo nossos melhores amigos, mas isso é inaceitável”, ressaltou Maizière. Ele também sugeriu que a suposta espionagem poderia trazer consequências nas relações entre os dois países. “Nós não podemos voltar aos negócios como fazíamos antes”, disse.
Segundo o titular da pasta, há anos ele dá como certo que escutam suas conversas no celular, mas nunca havia pensado que os americanos fariam isso. A Comissão Parlamentar de Segredos Oficiais, encarregada de controlar o trabalho dos serviços de inteligência, realizará uma sessão extraordinária para avaliar as suspeitas. “Quem espiona a chanceler espiona também os cidadãos”, manifestou o presidente da Comissão, o social-democrata Thomas Oppermann, que considerou que as atividades da Agência Nacional de Segurança americana (NSA) estão “à margem de todos os controles democráticos”.
França
O serviço de inteligência dos Estados Unidos foi forçado a responder à insatisfação do governo de França sobre a extensão de seu programa de espionagem, garantindo que as notícias sobre o assunto veiculadas pelo Le Monde no início da semana eram "imprecisas e enganosas". O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, questionou a veracidade das matérias no jornal francês sobre as atividades de inteligência americana. "A informação de que a NSA realizou mais de 70 milhões de gravações de dados telefônicos de cidadãos franceses é falsa", assegurou Clapper.
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Questionado, o jornal confirmou as informações sobre as operações de espionagem em massa da NSA na França. Em resposta ao governo dos EUA, o Le Monde publicou em sua página on-line o que alega ser um documento procedente da NSA. Trata-se de um "gráfico que descreve a magnitude das vigilâncias telefônicas realizadas na França" - explica o jornal. O gráfico "indica claramente que os dados de 70,3 milhões de comunicações francesas foram gravadas pela agência" - insistiu o jornal, ratificando as matérias publicadas no início da semana.
O presidente francês, François Hollande, manifestou sua "profunda rejeição" às "práticas inaceitáveis" do país aliado em uma conversa por telefone com o presidente americano, Barack Obama, e pediu "uma cooperação bilateral" entre os serviços de inteligência. Alguns observadores e outros veículos da imprensa francesa relativizaram o impacto do caso na relação entre os dois países. O jornal Le Parisien/Aujourd'hui escreveu em sua manchete "Paris irritada, mas não muito". Para especialistas, os dois países precisam um do outro na cooperação contra o terrorismo.
(Com agências AFP e EFE)
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