EUA redefinem sua política para o Oriente Médio
Susan Rice, conselheira de segurança nacional de Obama, traça objetivos mais modestos para a política externa americana
WASHINGTON - De julho a agosto, Susan Rice, a nova conselheira de segurança nacional do presidente americano, Barack Obama, reuniu nas manhãs de sábado meia dúzia de assessores em sua sala na Casa Branca para traçar o futuro dos Estados Unidos no Oriente Médio. A revisão na política externa, espécie de correção em pleno voo, definiu para o país uma direção diferente na região mais turbulenta do mundo.
No mês passado, nas Nações Unidas, Obama apresentou suas prioridades, adotadas como resultado da revisão. O presidente declarou que os EUA passariam a se concentrar na negociação de um acordo nuclear com o Irã, mediando a paz entre israelenses e palestinos e buscando formas de aliviar o caos na Síria. Todo o restante passaria para o segundo plano.
Isto inclui o Egito, antes um pilar central da política externa americana. Depois de celebrar a multidão nas ruas do Cairo, em 2011, e de prometer dar ouvidos aos pedidos por mudanças na região, Obama deixou claro que há limites para a disposição dos EUA de impulsionar a democracia, seja no Egito, no Bahrein, na Líbia, na Tunísia ou no Iêmen.
De acordo com Susan, que comentou a revisão pela primeira vez em entrevista concedida esta semana, o objetivo do presidente é evitar que os acontecimentos no Oriente Médio dominem sua pauta em política externa, como ocorreu com a diplomacia daqueles que o antecederam na presidência.
"Por mais importante que seja a região, não podemos permitir que ela consuma todos os nossos esforços", disse Susan. "O presidente achou que este seria um bom momento para dar um passo atrás e revisar, de maneira crítica e até radical, nossa maneira de conceber a região."
Além de ter pouco em comum com a "pauta de liberdade" de George W. Bush, a nova política externa do governo americano representa um recuo em relação ao papel mais expansivo desempenhado pelos EUA e articulado pelo próprio Obama, dois anos atrás, antes da Primavera Árabe se converter em violência sectária, extremismo e repressão brutal.
O rascunho redigido durante os fins de semana de verão na Casa Branca é um modelo de pragmatismo - abrindo mão do uso da força, a não ser como resposta a agressões cometidas contra os EUA e seus aliados, perturbações da produção de petróleo, redes terroristas ou armas de destruição em massa. É revelador que a expansão da democracia não esteja entre os interesses centrais anunciados.
Para Susan, que assumiu o cargo no dia 1.º de julho, o cotidiano de trabalho tem sido uma sequência de crises, desde a Síria até a indignação provocada pelas atividades de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês). Ela disse que a revisão foi também uma maneira de deixar sua marca nas prioridades do governo.
Nova orientação. Funcionários do governo americano garantem que os debates foram bastante animados e suas conclusões deverão ser sentidas no restante da presidência de Obama.
Desenvolvendo ideias numa lousa e enchendo as paredes de seu escritório com anotações, a equipe de Susan fez as perguntas mais elementares. Quais são os interesses fundamentais dos EUA no Oriente Médio? Como os levantes da Primavera Árabe mudaram a posição americana? Quais podem ser as expectativas realistas de Obama? O que estaria além do seu alcance? A resposta foi uma abordagem mais modesta - dando prioridade à diplomacia, limitando o envolvimento e lançando dúvidas em torno da possibilidade de Obama voltar um dia a usar a força numa região abalada pelo conflito.
Para Susan Rice, de 48 anos, que antes atuou como embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, trata-se de uma marca bem pouco característica.
Pensadora confiante, dedicada à política externa e especialista em África, ela é conhecida como ardente defensora dos direitos humanos, argumentando em favor de intervenções militares quando necessárias. Ela estava entre aqueles que persuadiram Obama a apoiar uma campanha aérea da Otan na Líbia para evitar o massacre dos rebeldes nas mãos do coronel Muamar Kadafi.
No entanto, funcionários do governo americano disseram que foi Obama quem comandou o processo, solicitando informes regulares a respeito do seu andamento na Sala de Emergência da Casa Branca e atualizações mais breves durante os relatórios diários de espionagem no Salão Oval.
Obama deu aos conselheiros um prazo limite bastante apertado, pedindo que tudo estivesse pronto antes do discurso do mês passado na ONU, e pressionando-os a desenvolver determinados temas, valendo-se de sua própria experiência desde os primeiros dias da Primavera Árabe.
No mês passado, nas Nações Unidas, Obama apresentou suas prioridades, adotadas como resultado da revisão. O presidente declarou que os EUA passariam a se concentrar na negociação de um acordo nuclear com o Irã, mediando a paz entre israelenses e palestinos e buscando formas de aliviar o caos na Síria. Todo o restante passaria para o segundo plano.
Isto inclui o Egito, antes um pilar central da política externa americana. Depois de celebrar a multidão nas ruas do Cairo, em 2011, e de prometer dar ouvidos aos pedidos por mudanças na região, Obama deixou claro que há limites para a disposição dos EUA de impulsionar a democracia, seja no Egito, no Bahrein, na Líbia, na Tunísia ou no Iêmen.
De acordo com Susan, que comentou a revisão pela primeira vez em entrevista concedida esta semana, o objetivo do presidente é evitar que os acontecimentos no Oriente Médio dominem sua pauta em política externa, como ocorreu com a diplomacia daqueles que o antecederam na presidência.
"Por mais importante que seja a região, não podemos permitir que ela consuma todos os nossos esforços", disse Susan. "O presidente achou que este seria um bom momento para dar um passo atrás e revisar, de maneira crítica e até radical, nossa maneira de conceber a região."
Além de ter pouco em comum com a "pauta de liberdade" de George W. Bush, a nova política externa do governo americano representa um recuo em relação ao papel mais expansivo desempenhado pelos EUA e articulado pelo próprio Obama, dois anos atrás, antes da Primavera Árabe se converter em violência sectária, extremismo e repressão brutal.
O rascunho redigido durante os fins de semana de verão na Casa Branca é um modelo de pragmatismo - abrindo mão do uso da força, a não ser como resposta a agressões cometidas contra os EUA e seus aliados, perturbações da produção de petróleo, redes terroristas ou armas de destruição em massa. É revelador que a expansão da democracia não esteja entre os interesses centrais anunciados.
Para Susan, que assumiu o cargo no dia 1.º de julho, o cotidiano de trabalho tem sido uma sequência de crises, desde a Síria até a indignação provocada pelas atividades de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês). Ela disse que a revisão foi também uma maneira de deixar sua marca nas prioridades do governo.
Nova orientação. Funcionários do governo americano garantem que os debates foram bastante animados e suas conclusões deverão ser sentidas no restante da presidência de Obama.
Desenvolvendo ideias numa lousa e enchendo as paredes de seu escritório com anotações, a equipe de Susan fez as perguntas mais elementares. Quais são os interesses fundamentais dos EUA no Oriente Médio? Como os levantes da Primavera Árabe mudaram a posição americana? Quais podem ser as expectativas realistas de Obama? O que estaria além do seu alcance? A resposta foi uma abordagem mais modesta - dando prioridade à diplomacia, limitando o envolvimento e lançando dúvidas em torno da possibilidade de Obama voltar um dia a usar a força numa região abalada pelo conflito.
Para Susan Rice, de 48 anos, que antes atuou como embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, trata-se de uma marca bem pouco característica.
Pensadora confiante, dedicada à política externa e especialista em África, ela é conhecida como ardente defensora dos direitos humanos, argumentando em favor de intervenções militares quando necessárias. Ela estava entre aqueles que persuadiram Obama a apoiar uma campanha aérea da Otan na Líbia para evitar o massacre dos rebeldes nas mãos do coronel Muamar Kadafi.
No entanto, funcionários do governo americano disseram que foi Obama quem comandou o processo, solicitando informes regulares a respeito do seu andamento na Sala de Emergência da Casa Branca e atualizações mais breves durante os relatórios diários de espionagem no Salão Oval.
Obama deu aos conselheiros um prazo limite bastante apertado, pedindo que tudo estivesse pronto antes do discurso do mês passado na ONU, e pressionando-os a desenvolver determinados temas, valendo-se de sua própria experiência desde os primeiros dias da Primavera Árabe.
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