Kirchnerismo obtém apenas 32% dos votos e vê oposição crescer para 2015
Apesar de favorecido por circunstâncias eleitorais, movimento liderado pela presidente argentina, Cristina Kirchner, viu rivais conquistarem 68% das preferências
BUENOS AIRES - O governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, obteve no domingo apenas 32% dos votos na eleição que renovou metade da Câmara de Deputados e um terço do Senado. A oposição somou 68% dos votos nacionais, saltando na frente do kirchnerismo para a corrida presidencial de 2015.
A Casa Rosada, representada por outra sublegenda do peronismo, a Frente Pela Vitória (FPV), conquistou desta vez apenas quatro municípios na Grande Buenos Aires. A manutenção da bancada nas duas Casas - ainda que com a ajuda de partidos aliados - permitiu que o governo minimizasse seu decepcionante desempenho nas urnas. A oposição, porém, festejou o resultado.
"O autoritarismo de Cristina Kirchner terminou. A etapa de prepotência acabou e começamos uma nova fase na Argentina", afirmou ontem Elisa Carrió, líder da coalizão de centro-esquerda Unen, reeleita deputada.
A bancada governista no Congresso, de acordo com a maior parte dos analistas, é instável. Embora some as mesmas 132 cadeiras da atual legislatura na Câmara, muitos deputados da base aliada podem abandonar o governo. De forma gradual, a administração de Cristina vem sofrendo desde o começo do ano com o êxodo de políticos aliados. Os peronistas costumam se referir ao fenômeno com um eufemismo: "reacomodação".
Há um mês, quando o governo precisou aprovar o orçamento nacional, somente conseguiu obter 127 votos e teve de recorrer a membros da oposição para obter a votação necessária. Os líderes de diversos partidos da oposição indicavam ontem que a corrida presidencial de 2015 havia começado. Sem perder tempo, durante a madrugada, o prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, líder do partido Proposta Republicana (PRO), de centro-direita, anunciou sua candidatura presidencial para 2015.
Nova estrela da oposição, Sergio Massa fez discurso com tom de candidato e afirmou que pretende ir além dos limites de Buenos Aires nos próximos meses. No entanto, afirmou que "falar em 2015 agora é falta de respeito".
O kirchnerismo está em crise, já que Cristina não poderá ser reeleita presidente em 2015 e não tem um sucessor claro, embora o governador Daniel Scioli desponte como eventual candidato do governo.
Apesar de a política ser assunto cotidiano no país, 29,6% dos argentinos não votaram, anularam ou votaram em branco. O voto na Argentina é obrigatório. A média de eleitores ausentes, nos anos 80 e 90, foi de 16%. No entanto, a abstenção cresceu após a crise de 2001 e 2002.
Do total de 30,6 milhões de eleitores habilitados, o kirchnerismo recebeu os votos de 7,5 milhões de pessoas. Os eleitores ausentes foram 8 milhões.
A Província de Santa Cruz, terra do ex-presidente Néstor Kirchner, foi o cenário de uma derrota inédita para o governo. O kirchnerismo obteve 24,7% dos votos, sendo superado pela União Cívica Radical, que obteve 42,1%. Nos últimos 22 anos, o kirchnerismo controla a Justiça e os meios de comunicação locais. Uma sobrinha de Cristina, Natalia Mercado, é a procuradora federal local. Ela tem engavetado os processos sobre as acusações de corrupção contra a família.
Veja também:
Estrela da oposição propõe consenso e um novo peronismo
Cristina pode ter licença prorrogada
Após vitória, Massa diz que argentinos expressaram-se nas urnas
As urnas mostraram uma nova cartografia eleitoral, de rejeição ao kirchnerismo em lugares que até agora eram seus leais redutos. Foi o caso dos municípios de classe baixa e média da Grande Buenos Aires, onde a Frente Renovadora, sublegenda peronista anti-Kirchner comandada por Sergio Massa, venceu em 20 cidades onde o governo triunfou nas eleições presidenciais de 2001. Estrela da oposição propõe consenso e um novo peronismo
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A Casa Rosada, representada por outra sublegenda do peronismo, a Frente Pela Vitória (FPV), conquistou desta vez apenas quatro municípios na Grande Buenos Aires. A manutenção da bancada nas duas Casas - ainda que com a ajuda de partidos aliados - permitiu que o governo minimizasse seu decepcionante desempenho nas urnas. A oposição, porém, festejou o resultado.
"O autoritarismo de Cristina Kirchner terminou. A etapa de prepotência acabou e começamos uma nova fase na Argentina", afirmou ontem Elisa Carrió, líder da coalizão de centro-esquerda Unen, reeleita deputada.
A bancada governista no Congresso, de acordo com a maior parte dos analistas, é instável. Embora some as mesmas 132 cadeiras da atual legislatura na Câmara, muitos deputados da base aliada podem abandonar o governo. De forma gradual, a administração de Cristina vem sofrendo desde o começo do ano com o êxodo de políticos aliados. Os peronistas costumam se referir ao fenômeno com um eufemismo: "reacomodação".
Há um mês, quando o governo precisou aprovar o orçamento nacional, somente conseguiu obter 127 votos e teve de recorrer a membros da oposição para obter a votação necessária. Os líderes de diversos partidos da oposição indicavam ontem que a corrida presidencial de 2015 havia começado. Sem perder tempo, durante a madrugada, o prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, líder do partido Proposta Republicana (PRO), de centro-direita, anunciou sua candidatura presidencial para 2015.
Nova estrela da oposição, Sergio Massa fez discurso com tom de candidato e afirmou que pretende ir além dos limites de Buenos Aires nos próximos meses. No entanto, afirmou que "falar em 2015 agora é falta de respeito".
O kirchnerismo está em crise, já que Cristina não poderá ser reeleita presidente em 2015 e não tem um sucessor claro, embora o governador Daniel Scioli desponte como eventual candidato do governo.
Apesar de a política ser assunto cotidiano no país, 29,6% dos argentinos não votaram, anularam ou votaram em branco. O voto na Argentina é obrigatório. A média de eleitores ausentes, nos anos 80 e 90, foi de 16%. No entanto, a abstenção cresceu após a crise de 2001 e 2002.
Do total de 30,6 milhões de eleitores habilitados, o kirchnerismo recebeu os votos de 7,5 milhões de pessoas. Os eleitores ausentes foram 8 milhões.
A Província de Santa Cruz, terra do ex-presidente Néstor Kirchner, foi o cenário de uma derrota inédita para o governo. O kirchnerismo obteve 24,7% dos votos, sendo superado pela União Cívica Radical, que obteve 42,1%. Nos últimos 22 anos, o kirchnerismo controla a Justiça e os meios de comunicação locais. Uma sobrinha de Cristina, Natalia Mercado, é a procuradora federal local. Ela tem engavetado os processos sobre as acusações de corrupção contra a família.
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