Petrobrás reajusta gasolina em 6,6% e diesel em 5,4% nas refinarias
Novos preços entram em vigor a partir de 0h desta quarta-feira; analistas calculam que a alta da gasolina na bomba deverá ficar entre 4% e 5,3%
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O economista e sócio da Tendências Consultoria, Juan Jensen, projeta que nos postos o reajuste será de 4,2%. Como o peso da gasolina dentro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 3,89%, isso deve provocar um impacto total na inflação de 0,16 ponto porcentual.
Já o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, avalia que o reajuste impactará 0,13 ponto no IPCA e levará a uma alta de cerca de 4% na bomba. O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, por sua vez, calcula um reajuste para o consumidor de 5,3%.
Os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS.
Segundo nota da Petrobrás, esse reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo.
Quando o plano de negócios da estatal para o período de 2012 a 2016 foi fechado, no ano passado, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, afirmou que o preço da gasolina estava com uma defasagem de 15%. Parte disso foi recomposta ainda em 2012, com o reajuste de 7,8% dado às refinarias. Esse reajuste não chegou ao consumidor: o governo zerou o principal tributo cobrado do setor, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Agora sem a Cide, a elevação vai chegar aos postos.
Já o diesel recebeu dois reajustes desde então. Um de 3,94%, em 25 de junho e outro de 6%, em 16 de julho. Apesar de o porcentual de reajuste da gasolina ser pouco abaixo do previsto no Plano de Negócios, o aumento concedido no diesel poderá compensar o resultado. O diesel é o combustível com maior impacto no balanço da companhia.
Os reajustes eram altamente desejados pela Petrobrás, que condiciona a pesada carga de investimentos previstos no plano de negócios da companhia (US$ 236 bilhões entre 2012 e 2016) a um preço mais alto do combustível vendido no País. Em 2013, a estatal deve investir entre R$ 85 bilhões e R$ 90 bilhões.
Preocupada com a demora no reajuste, reclamado diversas vezes pela presidente Maria das Graças Foster, a diretoria da Petrobrás pediu ao Conselho de Administração, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, um aumento rápido, ainda para este mês, para não ter que cortar projetos.
O reajuste, contudo, não acaba com a defasagem de preços dos combustíveis vendidos pelas refinarias em relação ao mercado internacional, mas garante a continuidade de projetos e investimentos. Além de aliviar o caixa da companhia, que registra prejuízo de cerca de US$ 1 bilhão ao mês com a diferença entre os preços de importação de diesel e gasolina e os praticados no mercado doméstico.
Ações sofriam na Bolsa
Em reportagem da segunda-feira, 28, o diário britânico Financial Times destacava que a Petrobrás perdeu o posto de maior empresa da América Latina. Nos últimos 12 meses, as ações ON da estatal já caíram 26,5%, fazendo o seu valor de mercado ficar abaixo da colombiana Ecopetrol, a atual líder.
Ao mesmo tempo, diz o texto, "apesar do entusiasmo com as enormes descobertas de petróleo na costa do Brasil, as ações da Petrobrás perderam 45% do valor ao longo dos últimos três anos". Segundo o FT, o papel foi "atingido por resultados financeiros decepcionantes e preocupações sobre o enorme investimento necessário para desenvolver esses campos". A reportagem não cita eventual pressão política sobre a estratégia da empresa.
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