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Israel pede à Argentina explicações sobre acordo com o Irã

Buenos Aires e Teerã pretendem criar 'comissão da verdade' para investigar um atentado realizado em 1994 contra centro judaico na Argentina. Oito iranianos acusados pela Interpol de envolvimento no crime têm chance de sair incólumes

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A presidente da Argentina, Cristina Kirchner                                     
O Ministério das Relações Exteriores de Israel manifestou nesta terça-feira ao embaixador da Argentina, Carlos García, sua "profunda decepção" após o anúncio de um acordo entre o país sul-americano e o Irã para investigar um atentado realizado em 1994 contra o centro de comunidade judaica Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). O ataque teve um saldo de 85 mortos e mais de 300 feridos - e oito iranianos são acusados pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) de envolvimento no crime.
García foi convocado pela chancelaria israelense para dar explicações sobre o acordo. "A notícia nos surpreendeu. Esperamos receber dos argentinos todos os detalhes sobre o que está ocorrendo, porque obviamente esse tema está diretamente relacionado a Israel", afirmou o porta-voz Yigal Palmor na segunda-feira. Israel acusa o Irã e o grupo xiita Hezbollah, do líbano, pelo incidente. O atentado contra a Amia ocorreu dois anos depois de um ataque à embaixada de Israel em Buenos Aires, no qual 29 pessoas morreram e 200 ficaram feridas.
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O governo argentino rejeitou o pedido de explicação. "O ataque sofrido pelo povo de nosso país em 18 de julho de 1994 não envolve qualquer cidadão israelense, e as vítimas foram em sua maioria argentinos", afirmou a chancelaria da Argentina em comunicado. A comunidade judaica da Argentina é a mais numerosa da América Latina com 300.000 pessoas. "Vale ressaltar que a Argentina nunca pediu explicações a um embaixador israelense sobre as ações de seu governo", completou o texto.
Segundo o documento assinado por Argentina e Irã, os países criam uma "comissão da verdade" conjunta, formada por juristas "independentes", que ficará responsável por revisar as atuações judiciais em relação ao atentado e recomendar um plano de ação para seu esclarecimento. O pacto, firmado no domingo durante a cúpula da União Africana, realizada em Adis-Abeba (Etiópia), entrará em vigor assim que for ratificado pelos parlamentares de Buenos Aires e Teerã.
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Caso - A justiça de Buenos Aires exige desde 2006 a extradição de oito iranianos pelo atentado, entre eles o atual ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, o ex-presidente Ali Rafsanjani (1989-1997) e o ex-chanceler Ali Akbar Velayati, todos eles com mandado de busca internacional emitido pela Interpol. Após apresentações realizadas pelos promotores argentinos do processo, a Interpol resolveu que "as provas eram suficientes e aptas para requerer as prisões".
O governo iraniano nega qualquer participação no atentado e rejeita as acusações de terrorismo contra os oito cidadãos cuja extradição é requerida, negando-se a cumprir as ordens de captura emitidas pela Interpol. Em outubro do ano passado, Argentina e Irã iniciaram negociações na sede das Nações Unidas, em Genebra, para resolver as ações judiciais pendentes na investigação do atentado.
Se aprovada a comissão, os iranianos acusados poderão ser interrogados em Teerã pelo promotor e juiz encarregado do caso na Argentina. "Após quase 19 anos do atentado, chega-se pela primeira vez um instrumento legal de direito internacional entre Argentina e o Irã para avançar no conhecimento e na verdade sobre o ataque terrorista", escreveu a presidente argentina, Cristina Kirchner, em sua conta no Twitter.

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