Pular para o conteúdo principal

Egito declara emergência após mortes em protestos


Decreto é válido para 3 cidades do canal de Suez; centenas de manifestantes protestam contra decisão



CAIRO - O presidente do Egito, Mohamed Morsi, decretou estado de emergência durante um mês em três cidades do canal de Suez, onde dezenas de pessoas foram mortas em protestos que varreram o país e agravaram a crise política que acua o líder islâmico.
Egípcios protestam em Port Said - Reuters
Reuters
Egípcios protestam em Port Said

Centenas de manifestantes em Port Said, Suez e Ismailia se voltaram contra a decisão depois de ouvirem o anúncio de Morsi na noite de domingo, em reação a incidentes que deixaram 49 mortos desde a semana passada.
A situação é mais grave em Port Said, onde 40 pessoas morreram em dois dias. Os distúrbios foram desencadeados no sábado pela condenação à morte de várias pessoas da cidade por ligação com um letal tumulto num estádio de futebol no ano passado. No domingo, participantes de funerais na cidade, onde armas são comuns, voltaram sua ira contra Morsi.
A violência nas cidades egípcias já chega ao quinto dia. A polícia voltou a usar gás lacrimogêneo contra dezenas de jovens que atiravam pedras na manhã de segunda-feira na praça Tahrir, no Cairo, onde há semanas estão acampados manifestantes que acusam Morsi de trair a revolução que derrubou o regime de Hosni Mubarak, há dois anos.
"Queremos derrubar o regime e acabar com o Estado que é gerido pela Irmandade Muçulmana", disse o cozinheiro Ibrahim Eissa, de 26 anos, que protegia o rosto do gás lacrimogêneo que pairava na praça Tahrir, epicentro da revolta de 2011.
Morsi, ligado à Irmandade Muçulmana, prometeu "confrontar qualquer ameaça à segurança com força e firmeza, dentro do que permite a lei". Num apelo aos oponentes laicos e liberais, ele convocou um diálogo nacional para segunda-feira às 18h (14h em Brasília), incluindo também aliados islâmicos.
A Frente de Salvação Nacional, principal grupo de oposição, disse que vai se reunir na segunda-feira para discutir a oferta. Mas alguns opositores já sinalizaram que não esperam muito da reunião, que pode ficar esvaziada.
"A não ser que o presidente assuma a responsabilidade pelos incidentes sangrentos e prometa formar um governo de salvação nacional e uma comissão equilibrada para emendar a Constituição, qualquer diálogo será perda de tempo", escreveu no Twitter o influente político liberal Mohamed el Baradei.
Ativistas nas três cidades atingidas pelo estado de emergência prometeram desafiar o toque de recolher a ser imposto diariamente das 21h às 6h. Alguns grupos de oposição também convocaram mais protestos para a segunda-feira.
Críticos dizem que a decretação de emergência é um retrocesso para o Egito, que passou os 30 anos do regime de Mubarak sob um estado de exceção que permitia a repressão a grupos islâmicos de oposição, inclusive a Irmandade Muçulmana.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.