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Israel e Síria divergem sobre alvo de ataque em fronteira

Fontes diplomáticas israelenses e dos EUA afirmam que alvo foi comboio com armas para Hezbollah. Governo sírio alega que centro de pesquisa foi atingido

Soldado israelense patrulha região próxima à fronteira com o Líbano
Soldado israelense patrulha região próxima à fronteira com o Líbano                                     
O ataque de caças israelenses na região da fronteira entre Síria e Líbano, ocorrido na madrugada de terça-feira, atingiu um comboio sírio suspeito de transportar armas para o grupo guerrilheiro libanês Hezbollah, afirmaram fontes diplomáticas dos Estados Unidos e de Israel, de acordo com as redes CNN e BBC – oficialmente, porém, nenhum dos dois países comentou o episódio.
Os veículos estariam carregando partes de mísseis de médio alcance SA-17, de fabricação russa, e outros equipamentos que poderiam ser usados ​​para atacar Israel. Desde que o ataque foi revelado, apenas o governo sírio se manifestou sobre o alvo da ação, e negou a versão do comboio. Segundo o Exército sírio, a aviação israelense bombardeou "diretamente", no início da manhã (horário local), um centro militar de pesquisas situado entre Damasco e a fronteira libanesa.
Leia também: Países doadores prometem ajuda de US$ 1 bilhão à Síria
"Um avião de combate israelense violou nosso espaço aéreo ao amanhecer e bombardeou diretamente um centro de pesquisas para aperfeiçoamento da resistência e da autodefesa na região de Jomrayah, na província de Damasco", afirmou o Exército sírio em um comunicado divulgado pela agência oficial Sana.
Os militares indicaram que o ataque deixou dois funcionários mortos e cinco feridos no centro, que ficou parcialmente destruído. "Israel coopera com os países hostis ao povo sírio e com seus aliados no interior (da Síria) para atacar locais vitais e militares do Estado sírio na tentativa de enfraquecer sua atuação de apoio à resistência", acusa o regime do ditador Bashar Assad no comunicado.
A Síria acrescenta que "grupos terroristas tentaram em vão em diversas oportunidades nos últimos meses entrar e tomar o local". O regime identifica os rebeldes como terroristas armados e financiados no exterior. O ataque, prossegue a nota, prova "a todos que Israel é o motor, o beneficiário e, talvez, o autor dos atos terroristas contra a Síria e seu povo resistente, em coordenação com os países que apoiam o terrorismo, liderados pela Turquia e pelo Qatar".
Radares – O comunicado explica também que "os aviões de combate israelenses penetraram (na Síria) voando a uma altitude superior à detectada pelos radares". Moradores das imediações de Damasco haviam dito anteriormente que mísseis tinham atingido na terça, por volta das 23h30 (19h30 de Brasília), um centro de pesquisas de armas não convencionais.
Segundo eles, o centro localizado em Al Hameh, cerca de quinze quilômetros a noroeste de Damasco, foi atingido por seis mísseis que o destruíram parcialmente, causando um incêndio e deixando pelo menos dois mortos. Um vídeo divulgado na internet por militantes contrários ao regime da região mostra explosões ocorridas à noite.
O Exército libanês indicou o sobrevoo particularmente intenso de seu território, afirmando que 16 aviões de combate israelenses haviam entrado no espaço aéreo libanês durante a terça-feira. O Exército israelense deslocou no domingo duas baterias do sistema antimísseis Cúpula de ferro para o norte do país para uma eventual ação militar contra alvos na Síria e no Líbano.
EUA – Em Washington, a Casa Branca e o Departamento de Estado se recusaram a comentar a ação israelense. O chefe do serviço de inteligência militar israelense, general Aviv Kochavi, está na capital dos EUA, onde se reuniu com o oficial americano de mais alta patente, o general Martin Dempsey.
Fontes israelenses disseram na terça-feira que as armas convencionais avançadas representariam uma ameaça tão grande para Israel quando as armas químicas, caso elas caiam nas mãos das forças rebeldes sírias ou nas mãos da guerrilha Hezbollah, baseada no Líbano.
Oposição – O chefe da principal coalizão opositora da Síria, Mouaz Alkhatib, disse nesta quarta-feira que está pronto para manter conversas com representantes de Assad fora da Síria se autoridades libertarem dezenas de milhares de detidos. Já as autoridades sírias declararam esta semana que as figuras políticas da oposição poderiam voltar a Damasco para um "diálogo nacional" e que quaisquer acusações contra eles seriam descartadas.

Há três semanas Assad pediu por negociações de reconciliação em um discurso, mas disse que não haveria diálogo com adversários que ele chamou de "terroristas". Seus comentários foram rejeitados pela maioria das figuras da oposição, que insistem em sua saída como uma pré-condição para negociações, mas Alkhatib pareceu agora suavizar essa postura.

Saiba mais: Horror na Síria não tem precedente, diz enviado da ONU

"Estou preparado para sentar diretamente com os representantes do regime sírio no Cairo, Túnis ou Istambul", afirmou Alkhatib em um comunicado em sua página no Facebook. Ele estabeleceu duas condições próprias: a libertação do que ele disse serem 160.000 detidos em prisões sírias e instalações de inteligência, e instruções para embaixadas sírias para emitir novos passaportesa sírios cujos documentos expiraram.

Assad anunciou no começo de janeiro planos para uma conferência de reconciliação com figuras da oposição "que não traíram a Síria", embora ele tenha imposto como condição o fim dos financiamentos aos rebeldes que lutam para derrubá-lo.

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