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E como vai o declínio americano?

Capa da revista em 2011
Robert Samuelson, palpiteiro do Washington Post, é um dos meus analistas favoritos das coisas americanas. Na confluência de economia, questões sociais e política, ele trafega com desenvoltura, maneja os números necessários e seu ceticismo é um antídoto necessário à exuberância irracional ou ao catastrofismo. Este seu último texto tem o título-pergunta: “Os EUA estão em declinio”?
Samuelson começa sua argumentação, dizendo que um rechaço poderoso às evidências de declinio parte de um local improvável: Wall Street, num relatório a clientes da Goldman Sachs. O relatório despeja os fatos e dados sobre as vantagens econômicas, institucionais, em capital humano e geopoliticas dos norte-americanos.
Não vou listar os fatos e dados. Estão no texto do Samuelson. Passe os olhos. A chave para ele é que estes fatos & dados são convincentes até certo ponto. Declínio, afinal, pode ser relativo. Basta comparar os EUA aos demais enclaves afluentes (expressão do proprio Samuelson). E este palpiteiro aqui acrescenta que percepção de declínio entre os próprios americanos deve ser levada em conta, o que acaba tendo impacto econômico, politico e geopolítico. A conversação nacional ilustrada em capas de revistas influencia os fatos & dados. O contraste a este sentimento de declínio convive com a exuberância ufanista sobre o excepcionalismo americano. O repetitivo USA! USA! USA! também tem seus equívocos.
De qualquer forma, para Samuelson, a pergunta sobre o declínio americano está equivocada, na medida em que a maioria do mundo afluente (EUA, Europa e Japão) encara ameaças similares. Elas são três: 1) o peso do estado do bem estar-social (a colisão entre benefícios prometidos e impostos aceitáveis. 2) o rompimento do gerenciamento econômico (a confiança sobre esta habilidade cede lugar a ásperas divergências e a dinâmica política é improvisada. 3) os mercados globais são mais ágeis do que a política global. (o comércio globalizado é ameaçado por diferenças nacionalistas, politicas, étnicas e religiosas).
Para Samuelson, a questão mais dura é se o mundo afluente poderá derrotar estas ameaças persistentes e cada vez mais profundas. Em alguns aspectos, a sacada de Samuelson apenas constata o óbvio, mas sua visão panorâmica, desprovida de paixões ideológicas, é sempre um achado valioso.

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