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2012 foi o ano de relançamento do euro, diz Draghi

Em Davos, presidente do BCE destacou os avanços dos países da região na questão fiscal


DAVOS - O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, disse nesta sexta-feira que 2012 foi o ano de "relançamento" do euro. Ao comemorar a recente evolução da economia do continente, o italiano responsável por manter o poder de compra da moeda única comentou que a principal responsável por essa redenção é a mudança de comportamento dos governos da região. "Você observa avanços extraordinários realizados pelos governos nacionais na questão fiscal", comemorou.
Durante painel no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Draghi disse que os benefícios dessa mudança na gestão fiscal já começam a ser vistos. O primeiro benefício, segundo ele, pode ser visto no aumento da competitividade de alguns países, o que tem melhorado os resultados das contas externas desses mercados. "Se você comparar o quadro com 2011, como mudamos em questão de um ano", disse.

Além do esforço reconhecido feito pelos governos, Draghi diz que o Banco Central Europeu também agiu para tentar melhorar a situação. "Tivemos grandes avanços em termos de governança. Agimos com a redução dos juros, a injeção de liquidez. Assim, se evitaram grandes problemas no sistema financeiro", diz, ao citar como um dos exemplos as Operações de Refinanciamento de Longo Prazo (LTRO, na sigla em inglês). Nessa operação, o BCE ofereceu crédito com juros baixos aos bancos para tentar acelerar a concessão de empréstimos a empresas e famílias.
Draghi lançou mais uma expressão que revela a melhora da economia global nos últimos meses. Depois do "otimismo comedido" de Christine Lagarde e do "otimismo condicional" de Angela Merkel, o italiano lançou a expressão "tranquilidade relativa". "Os mercados financeiros estão conhecendo um novo sentimento de tranquilidade relativa", disse.

União fiscal
Draghi fez uma contundente defesa da união fiscal da zona do euro. "A consolidação fiscal é inevitável. Não pode haver crescimento que se sustente ou igualdade que se consiga mediante uma criação infinita de dívida", disse. "Por isso, a consolidação orçamentária", defendeu.

Economistas como Draghi defendem que a criação de orçamento único europeu pode evitar situações como a enfrentada pela Grécia ou Irlanda, que observaram forte crescimento da dívida pública nos últimos anos. Esse fato alastrou a desconfiança no continente e contaminou todo o restante da zona do euro. Com a chamada união fiscal, surpresas como a apresentada pela Grécia seriam mais difíceis de ocorrer, defendem os economistas.

O presidente do BCE, porém, reconhece que a consolidação fiscal pode ter um preço negativo no início. "Isso tem um efeito de contração (da economia) no curto prazo". "Portanto, a pergunta que temos de fazer não é sobre como crescer com austeridade. A pergunta a ser feita é como mitigar os efeitos da consolidação fiscal", disse.

Draghi defende que os países devem começar a realizar reformas estruturais como uma preparação à união fiscal. "Reformas estruturais aumentam a competitividade, as exportações e o emprego. Assim, atenuam os efeitos da consolidação fiscal", disse.

Outro item defendido pelo presidente do BCE é que haja recomposição dos fatores nas contas públicas. "A princípio, a consolidação fiscal acontece sob a pressão dos mercados. A forma mais fácil de reagir é com aumento das taxas e o corte do investimento público. Talvez, isso se justifique em um momento de urgência, mas isso aumenta o efeito da contração", diz Draghi. "Seria muito melhor reavaliar essa composição. Cortes de gastos, sim. Mas que se mantenham os investimentos em infraestrutura", defendeu.

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