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Zona do euro estuda proposta para recompra de dívida da Grécia

Proposta, que é uma das várias em estudo, poderia persuadir o FMI a apoiar a liberação de parcelas do programa de crédito já concedido ao país, segundo fontes

BRUXELAS - Fontes da União Europeia disseram que os países da zona do euro estão estudando uma proposta pela qual a Grécia recompraria seus bônus soberanos em poder de credores privados, com desconto. Essa proposta, uma das várias em estudo, poderia persuadir o FMI a apoiar a liberação de parcelas do programa de crédito já concedido ao país.
Uma das fontes disse que o plano, sugerido pela primeira vez em meados do ano passado e depois abandonado, está sendo promovido pelo banco Central Europeu (BCE). A instituição se recusou a comentar essa informação.
Os bônus foram emitidos no começo deste ano para os credores privados, depois de eles concordarem em assumir uma perda de 53,5% do valor de face dos títulos da dívida grega que detinham. Eles têm um valor de face de 63 bilhões de euros, mas vêm sendo negociadas com um deságio grande.
A Grécia recompraria esses bônus dos credores privados com mais deságio, mas o governo grego poderia deduzir 100% do valor de face de sua dívida total; isso faria a dívida grega parecer mais sustentável, na comparação com o tamanho da economia do país.
O plano "envolve um exercício voluntário. A teoria é de que se aqueles credores quiserem sair da Grécia, terão de concordar com um prêmio, e a Grécia dará baixa contábil no valor de face", disse um dos funcionários.
Há vários obstáculos, entre eles o fato de que a Grécia precisa ter acesso a bilhões de euros para poder fazer a recompra. A oposição da Alemanha a conceder mais recursos para a Grécia foi um dos fatores para que uma proposta semelhante fosse abandonada em 2011. E a posição alemã endureceu depois disso.
Outro obstáculo seria o fato de o anúncio da proposta provavelmente causaria uma alta nos preços dos bônus, reduzindo a eficácia do plano. "O problema é que os preços daqueles bônus vão disparar no mercado, caso essa se torne a opção preferida", disse uma das fontes.
Em setembro, a agência de gestão de dívida do governo da Grécia testou o sentimento do mercado com o lançamento de um pequeno programa de recompra de bônus, envolvendo cerca de 100 milhões de euros em títulos da dívida do país, comprando os papéis a cerca de 20% do valor de face. Segundo executivos do setor, a expectativa de que a agência lançaria um programa de recompra maior foi um dos fatores para que os preços dos bônus gregos subissem mais de 20% nas últimas semanas.
As fontes disseram que o Mecanismo Europeu de estabilidade (ESM) poderia emprestar dinheiro para que a Grécia fizesse a recompra de bônus, mas isso enfrentaria a oposição da Alemanha e de outros países credores.
Outra opção seria a Grécia financiar a recompra de bônus com recursos que o país espera obter com privatizações. Mas essa alternativa também enfrenta obstáculos, já que as privatizações não deverão gerar recursos suficientes para recomprar uma parcela significativa da dívida em poder de credores privados; além disso, o dinheiro já está destinado a outros propósitos, de acordo com o programa de ajuste econômico imposto à Grécia.
A ideia de uma recompra de bônus foi levantada publicamente pela primeira vez por Jörg Asmussen, membro do Conselho Executivo do BCE, durante as reuniões do FMI e do Banco Mundial em Tóquio. Em declarações publicadas pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, Asmussen disse que recursos do ESM poderiam ser usados para reduzir a dívida grega a um nível sustentável 'por meio de compras de bônus gregos em poder do BCE.
"Nas próximas semanas, temos de pensar em soluções, tais como uma recompra voluntária de dívida", disse o dirigente do BCE. Mas, depois disso, funcionários do governo alemão disseram que a proposta não é realista. Executivos de bancos alemães também questionaram se esse plano funcionaria na vida real. "A questão é que se esse programa viesse, aqueles que poderiam vender demandariam preços mais altos, de modo que o efeito seria relativamente pequeno", disse a jornalistas em Tóquio o presidente da Associação dos Banqueiros Alemães, Andreas Schmitz.
Apesar dos obstáculos, uma das fontes da UE disse que a proposta de recompra está sendo estudada como uma forma de superar os gargalos na troica, formada pela Comissão Europeia, o BCE e o FMI, que precisa concordar que as finanças gregas estão na via da sustentabilidade antes de liberar a próxima parcela do programa de ajuda já aprovado.
O FMI já deixou claro aos europeus que não está preparado para liberar mais dinheiro para a Grécia sem medidas que levem a uma redução na relação dívida/PIB do país.
Uma maneira de reduzir a dívida grega seria o BCE aceitar perdas com os bônus gregos que tem em seu poder, no valor de cerca de 50 bilhões de euros. A reestruturação dessa parcela da dívida pouparia os governos europeus do constrangimento de explicar aos Parlamentos de seus países por que tiveram de dar baixa contábil de empréstimos que fizeram á Grécia em 2010 e em 2011.
Mas há oposição a isso dentro do BCE. O presidente da instituição, Mario Draghi, disse que mesmo um reescalonamento dos pagamentos seria equivalente ao financiamento de divida de um país membro pelo BCE, o que o estatuto da instituição proíbe. Reestruturações de dívida sempre envolvem uma transferência de recursos de credores para devedores, e o BCE insiste que somente governos têm legitimidade para fazer isso.
Funcionários do governo da Grécia disseram esperar que a proposta de recompra voluntária seja discutida no encontro de cúpula europeu de hoje e amanhã em Bruxelas

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