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Fotógrafos registram dia a dia de cidade sitiada na Síria


Grupo de jovens usa a fotografia como forma de ativismo contra o regime de Bashar Assad

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Menino sírio segura morteiro intacto e supostamente disparado por tropas governamentais
Menino sírio segura morteiro intacto e supostamente disparado por tropas governamentais - Lens Y‎

Todos os dias, um grupo de jovens sírios carrega suas câmeras e sai nas perigosas ruas da cidade síria de Homs, ao norte da capital Damasco, para registrar a crueldade da guerra em seu país. Eles são ativistas e usam a fotografia como forma de mostrar a dura realidade de um conflito que, segundo a ONU, já matou mais de 20.000 pessoas (ativistas sírios falam em mais de 30.000).



Entenda o caso


  1. • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
  2. • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
  3. • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.



Homs, com cerca de 1 milhão de habitantes, é a terceira maior cidade da Síria e uma das que mais sofre com os bombardeios e cercos das tropas leais ao ditador Bashar Assad. O grupo, chamado de “Jovens Lentes de Homs”, é formado por dez fotógrafos, que percorre os vários bairros da cidade e registra a vida de civis e também dos rebeldes do Exército Sírio Livre (ELS), que combatem as tropas do governo. Depois do registro feito, colocam todo o material em redes sociais.


O uso de sites como Youtube, Facebook e Twitter tem sido uma grande arma de ativistas sírios contra o regime de Assad, com informações, vídeos e fotos sendo divulgadas na internet de forma rápida, driblando a censura do governo. “Nossa intenção é mostrar ao mundo o está ocorrendo na cidade, os massacres, os bombardeios indiscriminados, a perda de vidas inocentes e a destruição de bairros inteiros”, disse Ahmed, que conversou com a reportagem de VEJA.com. Segundo ele, a cidade sofre com os “bombardeios quase diários e os hospitais vivem lotados de feridos, que chegam a todo instante”.

Após mais de 20 meses, a guerra na Síria parece longe de uma solução diplomática, com ambos os lados envolvidos em combates nas principais cidades e regiões do país, incluindo a capital e a segunda cidade mais importante, Aleppo. “As pessoas em Homs se viram como podem. Falta comida, faltam medicamentos, falta tudo. Mas a população resiste da melhor maneira possível”, salientou Ahmed. Ele disse que as crianças em Homs tentam levar sua vida apesar da guerra, brincando nas ruas quando há a possibilidade. “As escolas tentam retomar as aulas, mesmo sem professores suficientes”.

Muitas fotos são dedicadas às crianças, algumas segurando cartazes em que expressam seus sentimentos, como a perda de suas casas e até mesmo de seus parentes. “Nos cemitérios improvisados para enterrar vítimas, é comum ver crianças visitando os locais onde seus parentes, um pai ou mãe, estão enterrados”, afirmou Ahmed.

Em várias das fotos, aparecem pertences de pessoas em meio aos escombros de casas e prédios destruídos por bombardeios. “Fotografamos tudo para mostrar como vidas estão sendo destruídas. Cada tijolo, cada móvel, cada pertence simboliza a vida de uma pessoa sendo transformada em ruínas”.

Riscos - O grupo, criado em maio deste ano, mantém uma página no Facebook, onde coloca muitas das fotos, além de uma conta no Twitter. “É um trabalho arriscado, pois estamos em áreas perigosas, seja com rebeldes, seja com civis. Não ficamos juntos, trabalhamos separados para não comprometermos uns aos outros”. Ahmed define seu grupo como fotógrafos amadores, mas disse que seus equipamentos são profissionais, além de contarem com um acesso à internet via satélite.

Embora tenham facilidade em fotografar rebeldes do ELS, o mesmo não ocorre com tropas do governo, fotografadas de forma mais discreta. “Mas sempre há o perigo de sermos pegos. O perigo aumenta com franco-atiradores do governo pelas ruas.”


Ahmed disse que várias das fotos aparecem na imprensa internacional e há grande fluxo de acessos diários à página do grupo no Facebook. “Também fazemos grande uso do Twitter para mostrarmos o trabalho e difundirmos nossas ideias”.

Redes sociais – Desde o início do conflito, ativistas vêm recebendo doações de equipamentos, como laptops, câmeras e filmadoras de ONGs e sírios no exterior para que filmem e fotografem o conflito e depois abasteçam suas páginas e contas nas redes sociais. Eles revelaram que muitos viajam a Beirute, no Líbano, para receber treinamento e cobrir de forma mais “profissional” os eventos na Síria. “Nós não somos os únicos. Eu sei que existem grupos como o nosso em Aleppo, Damasco e em outras cidades. Alguns são menos organizados, outros melhor equipados e com mais recursos do que a gente. Mas todos fazemos o melhor para mostrar as atrocidades do regime de Bashar Assad”, enfatizou Ahmed

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