Papéis brasileiros seduzem investidor
Debêntures de grandes empresas do País estão ficando mais vulneráveis a riscos do que em outros grandes países em desenvolvimento
NOVA YORK/RIO - As debêntures estão ficando mais vulneráveis a prejuízos no Brasil do que em qualquer grande país em desenvolvimento, na medida em que as empresas aproveitam os custos de captação mais baixos de todos os tempos para vender dívidas externas com prazos mais longos em três anos.
A chamada duração das debêntures de empresas brasileiras, uma medida de quanto os preços mudam com o aumento ou queda da rentabilidade, que aumenta com maturidades mais longas, subiu para um ponto mais alto em 13 meses de 6,12 anos em 12 de outubro, segundo o Bank of America Corp. Isso supera a média de 5,18 anos para debêntures na China e é cerca de 40% maior que na Rússia e na Índia.
Enquanto investidores em debêntures se voltam ao Brasil em busca de retornos mais altos no momento em que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) promete manter as taxas perto de zero até 2015, um aumento nos rendimentos dos bônus do governo americano resultaria nos maiores prejuízos com debêntures entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).
Os investidores abocanharam papéis de 30 anos de empresas tão variadas como Vale e Odebrecht, ajudando a empurrar a maturidade média das emissões brasileiras neste ano para 11,03 anos, apesar de o País estar prevendo um crescimento em um terço do ritmo dos outros Brics.
"Há muito dinheiro entrando na classe de ativo além da que deveria ser baseada em fundamentais", disse Ray Zucaro, que ajuda a gerir cerca de US$ 230 milhões de dívida de mercados emergentes na SW Asset Management em Newport Beach, Califórnia. "Em algum ponto, as taxas voltarão a subir, e há tanta duração que haverá muita volatilidade de preço nos ativos com vencimentos mais longos."
Os preços das debêntures com maturidade mais longa são mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros globais do que às dívidas de prazo mais curto, de modo que um aumento igual nos rendimentos corta mais valor dos papéis de prazo mais longo.
Um investidor com US$ 10 milhões de títulos de 5,625% da Vale, com vencimento em 2042, perderia US$ 525 mil se os rendimentos subissem de 5,16% agora para 5,5%, conforme dados compilados pela Bloomberg.
Com o Fed anunciando sua terceira rodada de compra de ativos, conhecida como "quantitative easing" (afrouxamento monetário) e o Banco Central Europeu (BCE) prometendo comprar quantidades ilimitadas de bônus governamentais, os investidores em títulos de dívida estão procurando retornos mais longe e assumindo mais riscos.
Os gestores acumularam US$ 3,2 bilhões em debêntures brasileiras em moedas local e estrangeiras em 2012, quase o dobro de 2011, segundo a EPFR Global, de Cambridge, Massachusetts. Isso derrubou a rentabilidade das debêntures internacionais numa média de 83 pontos básicos, ou 0,83 ponto porcentual, no segundo semestre de 2012, para 5,16%, como mostram dados compilados pelo JP Morgan Chase.
Os tomadores corporativos reagiram vendendo um recorde de US$ 31,5 bilhões em debêntures no mercado global com vencimentos em 10 anos ou mais em 2012, o triplo dos US$ 9,9 bilhões de papéis com prazos mais curtos, como mostram dados compilados pela Bloomberg.
Os diretores financeiros de empresas "estão tirando vantagem dos custos baixos de financiamento hoje que poderão ser temporários", disse Alfredo Viegas, diretor gerente de mercados emergentes na Knight Capital Group Inc., em entrevista telefônica de Greenwich, Connecticut. "Esta é a primeira vez que emissores corporativos de mercados emergentes são recebidos no mercado de longo prazo com uma demanda quase ilimitada."
A Votorantim Cimentos, unidade de cimento do Grupo Votorantim, vendeu em fevereiro mais US$ 500 milhões de seus títulos de 7,25% com vencimento em 2041. A Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, emitiu US$ 1,5 bilhão em papéis de 30 anos em 4 de setembro com cupom de 5,625%, os mais baixos entre empresas brasileiras de maturidade similar.
A Odebrecht, maior grupo brasileiro de construção, levantou US$ 1,5 bilhão em junho vendendo dívida com vencimento em 10 e 30 anos. Seus US$ 400 milhões de bônus com vencimento em 2042 estão sendo negociados por 115,05 centavos sobre o dólar para rendimentos de 6,03%.
A Petrobrás vendeu US$ 7 bilhões de debêntures na maior venda de dívida brasileira de todos os tempos em 1.º de fevereiro, para ajudar a financiar US$ 236 bilhões até 2016. A porção de bônus de US$ 1,25 bilhão com vencimento em 2041 foi negociada a 128,17 centavos sobre o dólar para uma rentabilidade de 4,9% na quarta-feira.
O Fed pode elevar os juros se uma recuperação do crescimento empurrar a inflação a níveis acima do que as autoridades consideram aceitáveis. Economistas pesquisados pela Bloomberg preveem que um crescimento de 2,1% dos EUA neste ano se acelerará para 2,7% em 2014, enquanto a inflação iria de 3% para 2,2% no período. As autoridades econômicas elevariam então as taxas em meados de 2015.
Os investidores em debêntures ainda têm alguma proteção contra um aumento nas rentabilidades porque os papéis de prazos mais longos no Brasil estão concentrados em emissores de alta qualidade, diz Shamalla Khan, gestor em mercados emergentes na Alliance Bernstein LP, que administra cerca de US$ 418 bilhões em ativos
A chamada duração das debêntures de empresas brasileiras, uma medida de quanto os preços mudam com o aumento ou queda da rentabilidade, que aumenta com maturidades mais longas, subiu para um ponto mais alto em 13 meses de 6,12 anos em 12 de outubro, segundo o Bank of America Corp. Isso supera a média de 5,18 anos para debêntures na China e é cerca de 40% maior que na Rússia e na Índia.
Enquanto investidores em debêntures se voltam ao Brasil em busca de retornos mais altos no momento em que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) promete manter as taxas perto de zero até 2015, um aumento nos rendimentos dos bônus do governo americano resultaria nos maiores prejuízos com debêntures entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).
Os investidores abocanharam papéis de 30 anos de empresas tão variadas como Vale e Odebrecht, ajudando a empurrar a maturidade média das emissões brasileiras neste ano para 11,03 anos, apesar de o País estar prevendo um crescimento em um terço do ritmo dos outros Brics.
"Há muito dinheiro entrando na classe de ativo além da que deveria ser baseada em fundamentais", disse Ray Zucaro, que ajuda a gerir cerca de US$ 230 milhões de dívida de mercados emergentes na SW Asset Management em Newport Beach, Califórnia. "Em algum ponto, as taxas voltarão a subir, e há tanta duração que haverá muita volatilidade de preço nos ativos com vencimentos mais longos."
Os preços das debêntures com maturidade mais longa são mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros globais do que às dívidas de prazo mais curto, de modo que um aumento igual nos rendimentos corta mais valor dos papéis de prazo mais longo.
Um investidor com US$ 10 milhões de títulos de 5,625% da Vale, com vencimento em 2042, perderia US$ 525 mil se os rendimentos subissem de 5,16% agora para 5,5%, conforme dados compilados pela Bloomberg.
Com o Fed anunciando sua terceira rodada de compra de ativos, conhecida como "quantitative easing" (afrouxamento monetário) e o Banco Central Europeu (BCE) prometendo comprar quantidades ilimitadas de bônus governamentais, os investidores em títulos de dívida estão procurando retornos mais longe e assumindo mais riscos.
Os gestores acumularam US$ 3,2 bilhões em debêntures brasileiras em moedas local e estrangeiras em 2012, quase o dobro de 2011, segundo a EPFR Global, de Cambridge, Massachusetts. Isso derrubou a rentabilidade das debêntures internacionais numa média de 83 pontos básicos, ou 0,83 ponto porcentual, no segundo semestre de 2012, para 5,16%, como mostram dados compilados pelo JP Morgan Chase.
Os tomadores corporativos reagiram vendendo um recorde de US$ 31,5 bilhões em debêntures no mercado global com vencimentos em 10 anos ou mais em 2012, o triplo dos US$ 9,9 bilhões de papéis com prazos mais curtos, como mostram dados compilados pela Bloomberg.
Os diretores financeiros de empresas "estão tirando vantagem dos custos baixos de financiamento hoje que poderão ser temporários", disse Alfredo Viegas, diretor gerente de mercados emergentes na Knight Capital Group Inc., em entrevista telefônica de Greenwich, Connecticut. "Esta é a primeira vez que emissores corporativos de mercados emergentes são recebidos no mercado de longo prazo com uma demanda quase ilimitada."
A Votorantim Cimentos, unidade de cimento do Grupo Votorantim, vendeu em fevereiro mais US$ 500 milhões de seus títulos de 7,25% com vencimento em 2041. A Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, emitiu US$ 1,5 bilhão em papéis de 30 anos em 4 de setembro com cupom de 5,625%, os mais baixos entre empresas brasileiras de maturidade similar.
A Odebrecht, maior grupo brasileiro de construção, levantou US$ 1,5 bilhão em junho vendendo dívida com vencimento em 10 e 30 anos. Seus US$ 400 milhões de bônus com vencimento em 2042 estão sendo negociados por 115,05 centavos sobre o dólar para rendimentos de 6,03%.
A Petrobrás vendeu US$ 7 bilhões de debêntures na maior venda de dívida brasileira de todos os tempos em 1.º de fevereiro, para ajudar a financiar US$ 236 bilhões até 2016. A porção de bônus de US$ 1,25 bilhão com vencimento em 2041 foi negociada a 128,17 centavos sobre o dólar para uma rentabilidade de 4,9% na quarta-feira.
O Fed pode elevar os juros se uma recuperação do crescimento empurrar a inflação a níveis acima do que as autoridades consideram aceitáveis. Economistas pesquisados pela Bloomberg preveem que um crescimento de 2,1% dos EUA neste ano se acelerará para 2,7% em 2014, enquanto a inflação iria de 3% para 2,2% no período. As autoridades econômicas elevariam então as taxas em meados de 2015.
Os investidores em debêntures ainda têm alguma proteção contra um aumento nas rentabilidades porque os papéis de prazos mais longos no Brasil estão concentrados em emissores de alta qualidade, diz Shamalla Khan, gestor em mercados emergentes na Alliance Bernstein LP, que administra cerca de US$ 418 bilhões em ativos
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