PT vai atacar ‘politização’ de julgamento
Documento deve apontar pressão da mídia e afirmar que teses do STF abandonam cultura do direito que garante liberdades individuais
SÃO PAULO/BRASÍLIA - A cúpula do PT deve divulgar na quinta-feira, 1, um
manifesto com críticas incisivas ao que chama de "politização" do julgamento do
mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. A primeira versão da nota, a ser
submetida à Executiva Nacional do partido, diz que "teses" construídas pelo STF
abandonam a cultura do direito penal que garante as liberdades individuais. O
documento preliminar afirma, ainda, que houve pressão da mídia para influenciar
o resultado do julgamento.
O PT só esperava o fim das eleições para sair em defesa dos réus do partido.
O STF condenou o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do
PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares por corrupção ativa e formação
de quadrilha, mas ainda não fixou as penas. Além deles, o deputado João Paulo
Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, foi condenado por corrupção passiva,
peculato e lavagem de dinheiro.
"A minha expectativa é que eles não sejam condenados a penas privativas de liberdade", afirmou na segundafeira, 29, o deputado Rui Falcão, presidente do PT. "Todos eles têm serviços prestados ao País." Falcão negou que a nota a ser divulgada pelo PT contenha a defesa da regulação da mídia. "Não vamos tomar esse debate como revanche", afirmou ele. "Isso seria tolice."
Embora o estatuto do partido determine a expulsão de filiados condenados pela Justiça, a norma não será aplicada no caso dos réus do mensalão. O artigo 231, inciso XII do estatuto petista prevê a expulsão do filiado quando ocorrer "condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitado em julgado". Dirigentes do PT alegam, porém, que Dirceu, Genoino, Delúbio e João Paulo são "prisioneiros políticos" de um "tribunal de exceção".
"Eu não me conformo com esse julgamento", afirmou o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT. "Sou contra a expulsão de qualquer um, mas as condições em que houve o julgamento do Supremo não foram as mais democráticas."
A opinião foi endossada pelo líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "O julgamento de todos eles foi político. Não há motivo para serem expulsos", disse o deputado. Tatto ressalvou, no entanto, que a decisão do STF será respeitada e os condenados terão de cumprir pena. "O PT já pagou um preço muito alto com esse desgaste", comentou.
Na avaliação da cúpula do PT, o STF julgou os réus "sob pressão dos grandes meios de comunicação" que, por sua vez, instigaram a opinião pública contra os acusados. "O ministro que deu voto diferente dessa posição passou a ser achincalhado na rua. É um escândalo e um acinte um ministro ter sido tratado assim quando foi votar", insistiu Vargas.
Veja
também:
Ayres Britto pode sair do STF sem deixar penas do mensalão por escrito
Ayres Britto defende Lewandowski das críticas de eleitores
Marco Maia afirma que mensalão prejudicou PT nas eleições
ESPECIAL: Saiba tudo sobre o mensalão
Curta nossa página no Facebook
Ayres Britto pode sair do STF sem deixar penas do mensalão por escrito
Ayres Britto defende Lewandowski das críticas de eleitores
Marco Maia afirma que mensalão prejudicou PT nas eleições
ESPECIAL: Saiba tudo sobre o mensalão
Curta nossa página no Facebook
Ernesto Rodrigues/Estadão - 28/10/2012
José Dirceu vota no 2º turno em colégio na
zona sul de São Paulo
"A minha expectativa é que eles não sejam condenados a penas privativas de liberdade", afirmou na segundafeira, 29, o deputado Rui Falcão, presidente do PT. "Todos eles têm serviços prestados ao País." Falcão negou que a nota a ser divulgada pelo PT contenha a defesa da regulação da mídia. "Não vamos tomar esse debate como revanche", afirmou ele. "Isso seria tolice."
O
presidente do PT disse ser difícil mensurar o impacto do julgamento do mensalão
nas candidaturas do partido. Apesar de comemorar a vitória de
Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo e a expressiva votação da legenda
- que governará 27,6 milhões de eleitores -, Falcão declarou que "se não fosse
essa campanha (pela condenação dos réus do mensalão), poderíamos ter
obtido resultados ainda melhores".
No último dia 10, 24 horas após a condenação do núcleo político do PT no
julgamento do Supremo, o Diretório Nacional petista fez duro ataque ao
Judiciário e avaliou que a elite adota "dois pesos e duas medidas" para
criminalizar o partido. Trecho de resolução aprovada naquele dia falava em
"intensa campanha promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia,
cujo objetivo explícito é criminalizar o PT".Embora o estatuto do partido determine a expulsão de filiados condenados pela Justiça, a norma não será aplicada no caso dos réus do mensalão. O artigo 231, inciso XII do estatuto petista prevê a expulsão do filiado quando ocorrer "condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitado em julgado". Dirigentes do PT alegam, porém, que Dirceu, Genoino, Delúbio e João Paulo são "prisioneiros políticos" de um "tribunal de exceção".
"Eu não me conformo com esse julgamento", afirmou o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT. "Sou contra a expulsão de qualquer um, mas as condições em que houve o julgamento do Supremo não foram as mais democráticas."
A opinião foi endossada pelo líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "O julgamento de todos eles foi político. Não há motivo para serem expulsos", disse o deputado. Tatto ressalvou, no entanto, que a decisão do STF será respeitada e os condenados terão de cumprir pena. "O PT já pagou um preço muito alto com esse desgaste", comentou.
Na avaliação da cúpula do PT, o STF julgou os réus "sob pressão dos grandes meios de comunicação" que, por sua vez, instigaram a opinião pública contra os acusados. "O ministro que deu voto diferente dessa posição passou a ser achincalhado na rua. É um escândalo e um acinte um ministro ter sido tratado assim quando foi votar", insistiu Vargas.
No domingo, 28, o revisor do processo, Ricardo
Lewandowski, foi insultado e vaiado na saída da sessão em que
votou. Ele absolveu Dirceu, Genoino, Delúbio e João Paulo, mas foi
voto vencido.
Genoino disse ao Estado que sua condenação foi injusta
porque se baseou na "tirania" da hipótese preestabelecida. "Usaram deduções. Era
possível ou impossível? O julgamento penal precisa se basear em provas
concretas", argumentou. Dirceu, por sua vez, afirmou que as reuniões mantidas
por ele na Casa Civil eram compatíveis com o cargo. "Fui condenado por ser
ministro", resumiu.
Comentários
Postar um comentário