Petrobrás e Vale são castigadas pelo mercado
Empresas perderam cerca de US$ 10 bilhões em valor de mercado este ano na Bolsa de Valores por causa do receio de intervenção do governo
RIO - Espremidas entre a turbulência global e pesados planos de investimento, Vale e Petrobrás começam a apertar os cintos. Nos últimos dias, as duas anunciaram ajustes que passam por corte de custos, venda de ativos e suspensão de projetos. As gigantes estão na lista de apenas 12 empresas nas Américas - de um universo de 1.900 - com perda de valor de mercado superior a US$ 10 bilhões em 2012, segundo a consultoria Economática.
Para especialistas, Petrobrás e Vale estão sendo mais castigadas pelo mercado que as concorrentes globais como reflexo de fatores domésticos resumidos como "intervencionismo estatal" aos olhos do investidor. "É evidente que há desvantagem quando você tem do outro lado companhias com governança superior, que não sofrem interferências nem estão sujeitas a controle de preços", diz Cláudio Frischtak, da Inter.B Consultoria.
No caso da Petrobrás, a política de reajuste de combustíveis, que impede a equiparação de seus preços ao patamar internacional, é a crítica mais óbvia. Mas a lista engloba também a operação de capitalização da companhia e o marco regulatório que a tornou operadora exclusiva dos campos do pré-sal.
Do lado da Vale, à queda da cotação do minério de ferro pela menor demanda externa e entraves em projetos internacionais como Simandou, na Guiné, se somam dificuldades com licenciamento ambiental no País. E também questões tributárias, como a briga bilionária com o governo pelos royalties da mineração.
A combinação de uma conjuntura internacional menos favorável a commodities e planos de investimentos extremamente agressivos é apontada pelo professor de economia da UFRJ Edmar de Almeida como uma das razões para o aumento da percepção de risco dos investidores em relação às duas companhias.
"Ao contrário de muitas concorrentes, Vale e Petrobrás estão em ritmo acelerado de investimentos. Isso aumenta as necessidades de endividamento e faz com que tudo que afeta sua rentabilidade ganhe uma dimensão maior", diz Almeida. Como os projetos estão longe de maturar e gerar retorno, a previsão é de que esse cenário perdure ainda por um bom tempo.
O reconhecimento do aperto da demanda por minério, no caso da Vale, e da dificuldade em fazer caixa sem novo reajuste da gasolina, para a Petrobrás, foi formalizado na semana passada.
A Vale informou que venderá ativos no exterior e busca parceiros para viabilizar projetos. Já contabiliza a redução do orçamento para 2013 em relação a este ano, que também não alcançará os US$ 21 bilhões previstos.
A petroleira, que divulgou na sexta-feira o balanço do terceiro trimestre, anunciou o Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop) - em que estima uma economia potencial entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões - e tenta se desfazer de US$ 14,8 bilhões em ativos para cumprir o plano de investimentos de US$ 236,5 bilhões para 2012-2016.
Principal gestor para América Latina da americana BlackRock, maior administradora global de recursos, Will Landers avalia que as estratégias dos novos comandantes de Vale e Petrobrás - Murilo Ferreira e Graça Foster -, tendem a reduzir o desconto que "questões brasileiras" têm atribuído aos papéis das companhias, mas não no curto prazo. "Vai levar tempo até que os investidores globais voltem a se sentir seguros de que interferências governamentais não vão impossibilitar as mudanças", diz.
O analista da Goldman Sachs, Marcelo Aguiar, faz coro. Em sua análise, no caso da Vale a estratégia de reduzir investimentos e focar a alocação de capital nos projetos estratégicos é acertada para "estancar o sangramento" da companhia. Até agora, porém, tudo não passa de intenção da diretoria. Sem isso, ele não descarta que a companhia perca posições no ranking do setor nos próximos anos. Hoje a Vale é a segunda mineradora em valor de mercado, atrás apenas da BHP, empresa mais verticalizada, com negócios em mineração e petróleo.
VEJA TAMBÉM
No caso da Petrobrás, a política de reajuste de combustíveis, que impede a equiparação de seus preços ao patamar internacional, é a crítica mais óbvia. Mas a lista engloba também a operação de capitalização da companhia e o marco regulatório que a tornou operadora exclusiva dos campos do pré-sal.
Do lado da Vale, à queda da cotação do minério de ferro pela menor demanda externa e entraves em projetos internacionais como Simandou, na Guiné, se somam dificuldades com licenciamento ambiental no País. E também questões tributárias, como a briga bilionária com o governo pelos royalties da mineração.
A combinação de uma conjuntura internacional menos favorável a commodities e planos de investimentos extremamente agressivos é apontada pelo professor de economia da UFRJ Edmar de Almeida como uma das razões para o aumento da percepção de risco dos investidores em relação às duas companhias.
"Ao contrário de muitas concorrentes, Vale e Petrobrás estão em ritmo acelerado de investimentos. Isso aumenta as necessidades de endividamento e faz com que tudo que afeta sua rentabilidade ganhe uma dimensão maior", diz Almeida. Como os projetos estão longe de maturar e gerar retorno, a previsão é de que esse cenário perdure ainda por um bom tempo.
O reconhecimento do aperto da demanda por minério, no caso da Vale, e da dificuldade em fazer caixa sem novo reajuste da gasolina, para a Petrobrás, foi formalizado na semana passada.
A Vale informou que venderá ativos no exterior e busca parceiros para viabilizar projetos. Já contabiliza a redução do orçamento para 2013 em relação a este ano, que também não alcançará os US$ 21 bilhões previstos.
A petroleira, que divulgou na sexta-feira o balanço do terceiro trimestre, anunciou o Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop) - em que estima uma economia potencial entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões - e tenta se desfazer de US$ 14,8 bilhões em ativos para cumprir o plano de investimentos de US$ 236,5 bilhões para 2012-2016.
Principal gestor para América Latina da americana BlackRock, maior administradora global de recursos, Will Landers avalia que as estratégias dos novos comandantes de Vale e Petrobrás - Murilo Ferreira e Graça Foster -, tendem a reduzir o desconto que "questões brasileiras" têm atribuído aos papéis das companhias, mas não no curto prazo. "Vai levar tempo até que os investidores globais voltem a se sentir seguros de que interferências governamentais não vão impossibilitar as mudanças", diz.
O analista da Goldman Sachs, Marcelo Aguiar, faz coro. Em sua análise, no caso da Vale a estratégia de reduzir investimentos e focar a alocação de capital nos projetos estratégicos é acertada para "estancar o sangramento" da companhia. Até agora, porém, tudo não passa de intenção da diretoria. Sem isso, ele não descarta que a companhia perca posições no ranking do setor nos próximos anos. Hoje a Vale é a segunda mineradora em valor de mercado, atrás apenas da BHP, empresa mais verticalizada, com negócios em mineração e petróleo.
Comentários
Postar um comentário