Merkel quer zona franca para países em crise
Chanceler alemã tem proposta alternativa à da França para estimular o crescimento
PARIS - Pressionada a flexibilizar a política de austeridade que impôs à União Europeia (UE) desde o início da crise das dívidas, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, planeja propor a criação de zonas francas em países prejudicados pela recessão.
O objetivo da medida seria estimular o crescimento econômico por meio da isenção de impostos. A proposta foi revelada pela revista Der Spiegel, e faz parte de um projeto com seis medidas, dentre as quais não constam as proposições defendidas pelo presidente da França, François Hollande.
Segundo a publicação, o governo Merkel acredita que as medidas podem relançar os investimentos estrangeiros por meio da baixa de impostos, sem aumento de despesas. Além das zonas francas, os países interessados no programa seriam estimulados a reformar seus mercados de trabalho, de forma a flexibilizar as leis que protegem o emprego e reduzir a carga de impostos sobre os salários. Outras duas medidas seriam a adoção de agências encarregadas de gerenciar a privatização de empresas públicas e um programa de formação de jovens, com participação do setor privado.
Reação. O plano ocorre, após muitos países europeus - especialmente a França - pressionarem a Alemanha, defensora de austeridade rigorosa, a se concentrar mais sobre medidas para impulsionar o crescimento a fim de ajudar e solucionar a crise da dívida da região.
Na última cúpula da União Europeia, ocorrida na quarta-feira em Bruxelas, as discussões foram pautadas pela ofensiva da França propondo medidas de estímulo ao crescimento, como a criação dos "project bonds", os títulos de dívidas soberanas da Europa destinados a financiar grandes obras de infraestrutura nos países mais atingidos pela crise.
Hollande também tem insistido na criação dos eurobônus, os títulos soberanos que mutualizariam as dívidas dos países da zona do euro.
A ofensiva de Hollande vem surtindo efeitos. Ontem, o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, reiterou seu apoio à medida. "A Europa terá em breve seus eurobônus, desde que a zona do euro, e logo também a Alemanha, o desejem", disse ele. "Uma Europa unida é do interesse da Alemanha."
O premiê italiano também criticou de forma indireta a posição de Merkel em relação à Grécia, sugerindo que os líderes europeus devem "se abster de pronunciar ditados".
O crescente apoio às medidas defendidas pela França, em especial os eurobônus, suscitou a reação de autoridades alemãs ontem. Em entrevista ao jornal Le Monde, o presidente do Bundesbank, o banco central do país, Jens Weidmann, bateu forte na iniciativa. "Crer que os eurobônus resolverão a crise atual é uma ilusão", afirmou, justificando: "Não se confia o cartão de crédito a alguém se não temos a possibilidade de controlar suas despesas".
Carga maior
Parte da rejeição ferrenha da Alemanha à mutualização das dívidas se deve ao fato de que o país pagaria mais caro para se financiar. Ontem, Berlim refinanciou um total de € 4,56 bilhões vendendo títulos soberanos com dois anos de maturidade e juros de 0,07%. Na prática, o país não pagou quase nada para tomar emprestado. Para efeitos de comparação, Itália e Espanha têm se refinanciado a juros de 4,5% a 6,0%, respectivamente.
Também os títulos da dívida soberana da França foram negociados com o mais baixo juro de sua história: 2,41%. Os resultados alcançados pelos dois países em meio à crise de credibilidade que se abateu sobre a Europa, segundo Sylvain Broyer, diretor de Estudos Econômicos do banco Natixis, tem relação com a busca por um entendimento entre Merkel e Hollande, ainda que as primeiras reuniões tenham sido tensas.
Na próxima semana, os líderes políticos da Alemanha, da França, da Itália e da Espanha - os quatro gigantes da zona do euro - se reunirão em Roma para mais uma cúpula extraordinária sobre a crise antes do encontro decisivo do Conselho Europeu nos dias 28 e 29 de junho.
O objetivo da medida seria estimular o crescimento econômico por meio da isenção de impostos. A proposta foi revelada pela revista Der Spiegel, e faz parte de um projeto com seis medidas, dentre as quais não constam as proposições defendidas pelo presidente da França, François Hollande.
Segundo a publicação, o governo Merkel acredita que as medidas podem relançar os investimentos estrangeiros por meio da baixa de impostos, sem aumento de despesas. Além das zonas francas, os países interessados no programa seriam estimulados a reformar seus mercados de trabalho, de forma a flexibilizar as leis que protegem o emprego e reduzir a carga de impostos sobre os salários. Outras duas medidas seriam a adoção de agências encarregadas de gerenciar a privatização de empresas públicas e um programa de formação de jovens, com participação do setor privado.
Reação. O plano ocorre, após muitos países europeus - especialmente a França - pressionarem a Alemanha, defensora de austeridade rigorosa, a se concentrar mais sobre medidas para impulsionar o crescimento a fim de ajudar e solucionar a crise da dívida da região.
Na última cúpula da União Europeia, ocorrida na quarta-feira em Bruxelas, as discussões foram pautadas pela ofensiva da França propondo medidas de estímulo ao crescimento, como a criação dos "project bonds", os títulos de dívidas soberanas da Europa destinados a financiar grandes obras de infraestrutura nos países mais atingidos pela crise.
Hollande também tem insistido na criação dos eurobônus, os títulos soberanos que mutualizariam as dívidas dos países da zona do euro.
A ofensiva de Hollande vem surtindo efeitos. Ontem, o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, reiterou seu apoio à medida. "A Europa terá em breve seus eurobônus, desde que a zona do euro, e logo também a Alemanha, o desejem", disse ele. "Uma Europa unida é do interesse da Alemanha."
O premiê italiano também criticou de forma indireta a posição de Merkel em relação à Grécia, sugerindo que os líderes europeus devem "se abster de pronunciar ditados".
O crescente apoio às medidas defendidas pela França, em especial os eurobônus, suscitou a reação de autoridades alemãs ontem. Em entrevista ao jornal Le Monde, o presidente do Bundesbank, o banco central do país, Jens Weidmann, bateu forte na iniciativa. "Crer que os eurobônus resolverão a crise atual é uma ilusão", afirmou, justificando: "Não se confia o cartão de crédito a alguém se não temos a possibilidade de controlar suas despesas".
Carga maior
Parte da rejeição ferrenha da Alemanha à mutualização das dívidas se deve ao fato de que o país pagaria mais caro para se financiar. Ontem, Berlim refinanciou um total de € 4,56 bilhões vendendo títulos soberanos com dois anos de maturidade e juros de 0,07%. Na prática, o país não pagou quase nada para tomar emprestado. Para efeitos de comparação, Itália e Espanha têm se refinanciado a juros de 4,5% a 6,0%, respectivamente.
Também os títulos da dívida soberana da França foram negociados com o mais baixo juro de sua história: 2,41%. Os resultados alcançados pelos dois países em meio à crise de credibilidade que se abateu sobre a Europa, segundo Sylvain Broyer, diretor de Estudos Econômicos do banco Natixis, tem relação com a busca por um entendimento entre Merkel e Hollande, ainda que as primeiras reuniões tenham sido tensas.
Na próxima semana, os líderes políticos da Alemanha, da França, da Itália e da Espanha - os quatro gigantes da zona do euro - se reunirão em Roma para mais uma cúpula extraordinária sobre a crise antes do encontro decisivo do Conselho Europeu nos dias 28 e 29 de junho.
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