"Bandidos plantam boatos para melar o julgamento do mensalão", diz Gilmar Mendes
Ministro confirma que se reuniu com o ex-presidente Lula, que teria sugerido o adiamento da análise do processo no STF
Mendes disse que entendeu como pressão o questionamento de Lula sobre sua viagem à Berlim. Em entrevista ao portal G1, o ministro negou as acusações de que teria viajado em um jatinho em companhia com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo ele, essa informação foi plantada por "gangsters e bandidos". "O objetivo era melar o julgamento do mensalão. Dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de corrupção."
Um dos alvos das críticas de Gilmar Mendes é o ex-presidente Lula. Segundo o ministro do Supremo, a informação de que viajou para Berlim partiu de aliados de Lula, com o objetivo de pressioná-lo. Lula seria a "central de divulgação" de intrigas contra o ministro.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro disse um ex-diretor geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, quer “pegá-lo”. "Dizem que (Lacerda) está assessorando o PT”, afirmou Mendes. Lacerda foi exonerado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em 2008, após Mendes acusá-lo de grampear suas conversas telefônicas. Em 2010, a Polícia Federal divulgou relatório negando a existência dos grampos.
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“A polícia, naquele período, tinha virado poder nas mãos de Lacerda. Não tenho nenhum arrependimento de ter enfrentado aquela situação. Desde que essa coisa começou temos sido, minha família e eu, alvos dessas constantes plantações”, afirmou o ministro ao jornal. Gilmar Mendes disse que o ex-presidente foi o primeiro a abordar o mensalão durante o encontro. Segundo o ministro, Lula disse que não seria bom julgar o processo agora, porque poderia “pegar o clima eleitoral”.
O ministro do Supremo negou que esteja assustado. “Essas coisas não me intimidam, evidente que não me intimidam. [...] Sabe-se que uma notícia é falsa, não obstante divulga-se essa notícia para criar esse estado de pânico. A minha surpresa foi quando ouvi isso da boca do presidente Lula. E, depois, ao saber, de jornalistas que o próprio presidente Lula estava se incumbindo de divulgar essa fantasia de que Cachoeira pagou minhas despesas. Ele está muito mal assessorado, mal informado. Está dando vazão a informações falsas”, afirmou ao Estado de S. Paulo.
Questionado sobre a demora na divulgação da denúncia, Gilmar Mendes disse que comentou sobre o caso com jornalistas e com o senador Agripino Maia (DEM-RN) logo depois da reunião. “Eu não tinha intuito de divulgar isso publicamente.” Mendes disse que confirmou o encontro após ser procurado pela imprensa.
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