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Grécia sem euro custaria US$ 1 trilhão

Cálculo dos prejuízos é mais um sinal de que os riscos de uma eventual saída do país da unidade monetária são vistos como concretos  

PARIS - O impacto da saída da Grécia da zona do euro após as eleições legislativas de 17 de junho chegaria a US$ 1 trilhão. A estimativa consta de estudo de contingência realizado pelo governo de David Cameron, no Reino Unido, para o caso de a hipótese se confirmar.
O objetivo é preparar o país para os efeitos da crise, que abalaria o Produto Interno Bruto da União Europeia em 5%. Segundo a revista britânica The Economist, as possibilidades de retorno à dracma chegam a 40%.
A previsão feita por Downing Street é de que o impacto poderá ser tão forte para a economia mundial quanto a falência do banco americano de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008.
O prognóstico leva em conta uma saída desordenada da Grécia da zona do euro, hoje com 17 países. O custo seria menor, US$ 300 bilhões, ou cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), caso Bruxelas e Atenas consigam coordenar a saída, segundo informou ao Guardian Doug McWilliams, economista do Centro para Pesquisa Econômica e Negócios de Londres. A hipótese com a qual Londres trabalha é que a região que agrupa a moeda única nunca mais será a mesma após a eventual saída da Grécia.
Em discurso nesta quinta-feira, em Manchester, Cameron fez um apelo para que os líderes europeus cheguem a um acordo que permita à Grécia seguir com a moeda única. Para ele, a União Europeia está "no limite". "Seus dirigentes devem se entender e enfrentar um possível esfacelamento. A sobrevivência da zona do euro está em questão." Para o premiê, a crise envolve a todos, inclusive os países que, como o Reino Unido, não aderiram à moeda única.
Uma das soluções sugeridas pelos britânicos é a adoção imediata dos eurobônus, os títulos de dívidas soberanas da Europa, destinados especificamente a financiar grandes projetos e relançar o crescimento.
Essa proposta foi feita pelo novo presidente da França, François Hollande, e era até há pouco combatida pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
Além de Cameron, o presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, a autoridade monetária britânica, reiterou ontem que a zona do euro "esta se esfacelando sem que nenhuma solução clara seja apontada".
Em resposta, o novo ministro da Economia da França, Pierre Moscovici, reafirmou ontem que França e Alemanha vão trabalhar juntos para que a Grécia não seja obrigada a abandonar a zona do euro. Impulsionadas pelos rumores de crescentes fissuras nos sistemas financeiros da Grécia, da Espanha e da Itália, as bolsas europeias fecharam em baixa ontem. Em Londres e em Paris, o FTSE e o CAC 40 caíram 1,24%, enquanto em Frankfurt o DAX recuou 1,18%.
FMI e Brasil. Os prejuízos com uma eventual saída da Grécia da zona do euro podem respingar no Fundo Monetário Internacional (FMI) e, consequentemente, no Brasil. Segundo dados do Barclays Capital, o FMI já desembolsou 22 bilhões em dois pacotes de resgate à Grécia - o primeiro de 110 bilhões (em conjunto com a União Europeia), aprovado em 2010, e o segundo de 130 bilhões, anunciado neste ano.
Caso a Grécia saia da união monetária e deixe de pagar suas obrigações, as perdas do FMI seriam divididas. Como a zona do euro tem 20% das cotas do fundo, o prejuízo seria de 4,4 bilhões. Atualmente, a cota do Brasil é de 1,79%, por isso o País poderia ter de arcar com 400 milhões, conforme cálculo da Agência Estado. / COLABOROU DANIELA MILANESE

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