Obama abre reunião da Otan e alerta para 'dias difíceis' no Afeganistão
EUA esperam obter dos aliados o compromisso de cobrir metade do gasto anual no período pós-guerra
CHICAGO, 20 - Sob o risco de perder aliados no front afegão e de ver os
Estados Unidos arcar com a maior parte dos custos no Afeganistão quando o fim da
guerra for declarado, o presidente americano, Barack Obama, abriu no sábado a
reunião de Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) alertando
para os "dias difíceis" pela frente. O encontro será encerrado neste domingo, em
Chicago, com a perspectiva de manter a França engajada em operações especiais
não-militares no Afeganistão a partir de 2013. Os EUA também esperam extrair dos
seus 27 aliados na Otan o compromisso de cobrir pelo menos a metade do gasto
anual de US$ 4,1 bilhão estimado para o período pós-guerra.
Os 28 líderes de países da Otan e cerca de 30 chefes de Estado convidados esperam entregar hoje um plano detalhado sobre a retirada total dos 130 mil militares da coalizão comandada pelos EUA no Afeganistão até o final de 2014, a transferência gradual da responsabilidade pela segurança afegã a suas autoridades e o período pós-2014, quando Cabul enfrentará os insurgentes do Taleban com suas próprias forças. A tarefa em Chicago, resumiu Obama, será fechar o plano e colocá-lo em prática.
"Nós ainda temos muito trabalho a fazer e teremos grandes desafios. A perda de vida continua no Afeganistão e haverá dias difíceis pela frente", afirmou Obama, ao final de um encontro reservado com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai. "Esperamos o fim da guerra. Então, o Afeganistão não será mais um peso nos ombros dos nossos amigos da comunidade internacional, nos ombros dos EUA e dos nossos outros aliados", disse Karzai.
Os três passos desse plano, entretanto, apresentam grandes dificuldades. A pressa da França em retirar suas forças militares pode estimular outros países a seguir o mesmo passo. A formação dos quadros de segurança no Afeganistão está atrasada. Os países europeus membros da Otan resistem em oferecer, juntos, mais de US$ 1,3 bilhão em cooperação com o governo afegão no pós-guerra, enquanto os EUA não querem doar mais do que US$ 2 bilhões. Faltariam, portanto, US$ 800 milhões para fechar o volume almejado de US$ 4,1 bilhões. As eleições de 2014 no Afeganistão trazem ainda mais incerteza sobre os rumos do país.
Paralelo a esse plano, os EUA pretendiam fechar em Chicago um acordo sobre a utilização de rotas no Paquistão para o suprimento das tropas da Otan no front afegão. As estradas foram fechadas por Islamabad em novembro, quando um ataque aéreo da coalizão matou 24 soldados paquistaneses. Desde então, os EUA usam caminhos alternativos, como os da Rússia. Cerca de 70% do suprimento para as tropas da Otan no Afeganistão passava antes pelo Paquistão.
Obama convidou o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, para a reunião de cúpula da Otan como meio de contornar o impasse. Zardari aceitou. Mas, até a noite de ontem, não havia mantido nenhuma conversa particular com Obama. Em Washington, o Paquistão é tido como o país-chave para garantir a segurança e a estabilidade do Afeganistão e para permitir o fim definitivo da guerra civil no país. Em grande medida, porque é visto como um parceiro dúbio, capaz de jogar em favor do outro lado. O Paquistão dá proteção aos insurgentes do Taleban e foi ali que Osama Bin Laden, o líder máximo da Al-Qaeda, viveu nos cinco anos antes de sua execução, em 2011.
O Paquistão quer incluir no acordo o pagamento, pela Otan, de US$ 5 mil por container transportado de seu território ao Afeganistão. Os carregamentos não poderiam conter armas e munições. Outra exigência diz respeito ao desembolso de US$ 3 bilhões, pelos Estados Unidos, por operações já realizadas. Washington argumenta ser o valor bem menor, US$ 1,3 bilhão. Um novo pedido de desculpas da Casa Branca pelo incidente de novembro também é esperado pelo governo do Paquistão.
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Chefe da Otan diz que não há 'pressa para saídas' do Afeganistão
Pouco antes da abertura do encontro, o secretário-geral da Otan, Anders
Rasmussen, afirmou que "não haverá correria para a saída" do Afeganistão. Na
última sexta-feira, o novo presidente da França, François Hollande, confirmara
ao colega americano, Barack Obama, sua promessa de retirar os 3.400 soldados
franceses do Afeganistão até o final deste ano. A Holanda e o Canadá já
retiraram seus militares do país. "Nosso objetivo, nossa estratégia e nosso
calendário continuam intactos", insistiu Rasmussen.Mundo busca o fim da guerra no Afeganistão, diz Obama
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Os 28 líderes de países da Otan e cerca de 30 chefes de Estado convidados esperam entregar hoje um plano detalhado sobre a retirada total dos 130 mil militares da coalizão comandada pelos EUA no Afeganistão até o final de 2014, a transferência gradual da responsabilidade pela segurança afegã a suas autoridades e o período pós-2014, quando Cabul enfrentará os insurgentes do Taleban com suas próprias forças. A tarefa em Chicago, resumiu Obama, será fechar o plano e colocá-lo em prática.
"Nós ainda temos muito trabalho a fazer e teremos grandes desafios. A perda de vida continua no Afeganistão e haverá dias difíceis pela frente", afirmou Obama, ao final de um encontro reservado com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai. "Esperamos o fim da guerra. Então, o Afeganistão não será mais um peso nos ombros dos nossos amigos da comunidade internacional, nos ombros dos EUA e dos nossos outros aliados", disse Karzai.
Os três passos desse plano, entretanto, apresentam grandes dificuldades. A pressa da França em retirar suas forças militares pode estimular outros países a seguir o mesmo passo. A formação dos quadros de segurança no Afeganistão está atrasada. Os países europeus membros da Otan resistem em oferecer, juntos, mais de US$ 1,3 bilhão em cooperação com o governo afegão no pós-guerra, enquanto os EUA não querem doar mais do que US$ 2 bilhões. Faltariam, portanto, US$ 800 milhões para fechar o volume almejado de US$ 4,1 bilhões. As eleições de 2014 no Afeganistão trazem ainda mais incerteza sobre os rumos do país.
Paralelo a esse plano, os EUA pretendiam fechar em Chicago um acordo sobre a utilização de rotas no Paquistão para o suprimento das tropas da Otan no front afegão. As estradas foram fechadas por Islamabad em novembro, quando um ataque aéreo da coalizão matou 24 soldados paquistaneses. Desde então, os EUA usam caminhos alternativos, como os da Rússia. Cerca de 70% do suprimento para as tropas da Otan no Afeganistão passava antes pelo Paquistão.
Obama convidou o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, para a reunião de cúpula da Otan como meio de contornar o impasse. Zardari aceitou. Mas, até a noite de ontem, não havia mantido nenhuma conversa particular com Obama. Em Washington, o Paquistão é tido como o país-chave para garantir a segurança e a estabilidade do Afeganistão e para permitir o fim definitivo da guerra civil no país. Em grande medida, porque é visto como um parceiro dúbio, capaz de jogar em favor do outro lado. O Paquistão dá proteção aos insurgentes do Taleban e foi ali que Osama Bin Laden, o líder máximo da Al-Qaeda, viveu nos cinco anos antes de sua execução, em 2011.
O Paquistão quer incluir no acordo o pagamento, pela Otan, de US$ 5 mil por container transportado de seu território ao Afeganistão. Os carregamentos não poderiam conter armas e munições. Outra exigência diz respeito ao desembolso de US$ 3 bilhões, pelos Estados Unidos, por operações já realizadas. Washington argumenta ser o valor bem menor, US$ 1,3 bilhão. Um novo pedido de desculpas da Casa Branca pelo incidente de novembro também é esperado pelo governo do Paquistão.
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