Reitor da Ufba revela ser contra cobrança de mensalidades em universidades públicas
“Todas as políticas que falam em fim da gratuidade no fundo têm um laivo conversador e bastante elitista”, afirma João Carlos Salles
O reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, alertou, em entrevista à Rádio Metrópole, para o risco de as instituições de ensino superior terem ações “limitadas” nos próximos meses e se manifestou contra o fim da gratuidade nas unidades.
“Todas as políticas que falam em fim da gratuidade no fundo têm um laivo conversador e bastante elitista. A gente tem que admitir isso. A universidade é um lugar refinado, de qualidade, de produção de elite, mas não pode ser um lugar de privilegiados. Se é um lugar privilegiado, ela combate privilégios porque tenta diminuir a desigualdade, oferece condições, forma pessoas para se tornarem elites da nossa sociedade”, afirmou.
Segundo o docente, o orçamento aprovado para este ano na Ufba foi o mesmo do anterior, “que já era pouco e sem levar em conta a inflação”. “O orçamento está justo, curto, mas a depender do cenário isso pode ser contingenciado, o que pode limitar as ações da universidade. Temo por enfrentar uma pauta complicada. Acho que tem um projeto que pensa em reduzir a universidade a funções mais restritas […] A gente vai ter que resistir a isso”, pontuou.
Salles ressaltou que os estudantes ensino superior não podem ser tratados como clientes. “Ele é um cidadão. Universidade pública forma cidadãos, não consumidores, clientes, que vão ter um diploma”, salientou.
O docente também defendeu as cotas que, na visão dele, “são uma grande política social”. “É um empreendimento de Estado. Não podem ficar à mingua os estudantes que têm acesso à universidade. Tem que ter todo um amparo para ter as melhores condições. Isso dá a cor específica da universidade pública. Acho que, neste caso, cumpre sua função social”, salientou.
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