Destinatário de uma carta do presidente Michel Temer (MDB) para responder às suas críticas no Twitter, o cantor e compositor Caetano Veloso deu nesta terça-feira, 21, sua réplica ao emedebista. Em um vídeo publicado pelo colunista do jornal O Globo Ancelmo Gois, Caetano lembra a famosa carta enviada por Temer à então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015, e afirma que ele “e sua turma” deram um “golpe” contra a petista.
“A última pessoa para quem o Temer escreveu uma carta comprida foi a Dilma, a turma dele deu um golpe contra ela. Será que eles vão dar um golpe contra mim? Mas é que eu sou difícil de destituir”, ironizou Caetano Veloso.
Na missiva destinada a Dilma há quase três anos, introduzida em latim (“Verba volant, scripta manent” – palavras voam, escritos permanecem), Michel Temer se disse um “vice decorativo” e pavimentou seu rompimento político com a ex-presidente, decisivo para o processo de impeachment sofrido por ela.
A carta de Temer a Caetano foi divulgada nesta terça, após o cantor republicar no Twitter uma comparação que ele havia feito no dia 24 de julho entre o presidente e Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência da República, apoiado pelo artista. O paralelo não é nada elogioso a Michel Temer.
“Ciro é explosivo, Temer é dissimulado. Ciro busca união, Temer busca conchavos. Ciro pensa no país, Temer pensa em si. Ciro é nosso contemporâneo, Temer é assombração do passado. Ciro tem vitalidade, Temer é um morto-vivo. Ciro fala com coragem, Temer cala com astúcia”, tuitou – e retuitou – Caetano Veloso.
O texto destinado ao cantor, escrito em terceira pessoa e iniciado por um respeitoso “Prezado Caetano Veloso”, diz que “o presidente gostaria de registrar um contraponto para sua apreciação”. A carta afirma que Michel Temer classifica Ciro como “pigmeu político”, cita “ações nos tribunais” contra o pedebista e pondera que o emedebista “nunca fugiu de embates”.
“Não há conchavos na prática do presidente, mas articulação”, afirma a carta, antes de lembrar projetos aprovados na Câmara sob a presidência de Temer na Casa, como a Lei da Ficha Limpa e a Lei de Acesso à Informação. Também são lembrados “grandes gestos no meio ambiente”, além de feitos do governo do presidente no “campo social”, na economia e na cultura. “Isso, sem ser boquirroto, deselegante e deseducado”, completa.
“É em nome da transparência e de estar aberto sempre ao contraditório, que o presidente registra alguns dos atos que praticou e comportamentos que sempre teve. De forma civilizada e respeitosa, para um músico e compositor que tanto representa para a cultura brasileira”, finaliza a carta a Caetano.
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