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Empresa de Joesley Batista, indiciado no Brasil, avança no exterior
Foto: Reprodução / YouTube
Enquanto Joesley Batista amarga a decisão da Polícia Federal de indiciá-lo na última quinta-feira (23), em um inquérito que aponta ter havido pagamento de propina para a liberação de financiamento do BNDES usado na internacionalização de sua empresa JBS, as operações estrangeiras do grupo alcançam desempenho recorde.

O negócio de carne bovina, em especial, atravessa um de seus melhores momentos nos EUA. Os resultados do segundo trimestre mostram a operação americana de bovinos com um recorde de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 570 milhões (R$ 2,3 bilhões), alta de mais de 75% em relação a igual período do ano passado.

Durante uma semana de visita de jornalistas às instalações da sede americana da JBS, entre segunda (20) e sexta-feira (24), André Nogueira, presidente da JBS USA, afirmou que a grande sacada da empresa no passado foi entender para onde a demanda e a produção globais caminham -uma equação que foi resolvida com a internacionalização.

A JBS USA é a divisão da companhia que abrange operações fora do Brasil, como América Norte, Europa e Oceania.

Hoje, o negócio é divido em JBS Brasil, que representa 20% do faturamento total, e JBS USA, que fica sob a responsabilidade de Nogueira, com 80%.

"Vai continuar crescendo a população, há uma grande mudança de crescimento de classe média que vai gerar uma demanda adicional por comida de 70% daqui até 2050", diz Nogueira.

A empresa trabalha com a expectativa de que o comércio global de proteína tem muito a se expandir nos próximos anos porque a demanda está avançando com força em países que não possuem a mesma capacidade de elevar a produção.

E a Ásia hoje é vista com destaque porque é lá que o crescimento mais expressivo de classe média está concentrado, segundo Nogueira.

"Brasil e EUA são responsáveis por quase 70% da exportação de frango total no mundo. Na carne bovina, se somar Brasil, EUA, Canadá e Austrália, também dá quase 68%. No porco, EUA é líder, com 35%, e Europa é parecido. Nós colocamos a JBS nos principais países produtores de proteína", afirma Nogueira.

Dentre as origens de produção mais relevantes no mundo, a JBS só não está presente na Europa com carne suína. Nogueira diz acreditar que EUA e Brasil continuarão ganhando espaço sobre a Europa na produção de porco.

Nos últimos dez anos, a JBS concentrou seus investimentos fora do Brasil, tornando-se hoje uma das multinacionais brasileiras mais internacionalizadas. Um dos primeiros passos da empresa no exterior foi a compra da Swift Company, em 2007, quando ingressou nos mercados de suínos e bovinos dos EUA e Austrália, levando a reclamações de concorrentes estrangeiros pelo fato de ter sido o BNDES o principal financiador.

Na delação premiada realizada no ano passado, Joesley Batista disse ter pago subornos ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega por meio de um de seus amigos, o empresário Victor Sandri, para conseguir operações no BNDES quando Luciano Coutinho chefiava o banco.

Na última quinta, além de Joesley, foram indiciados os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci, Luciano Coutinho e outros, pelas supostas operações ilícitas no banco.

A delação de executivos da J&F, holding dos negócios da família Batista, provocou reflexos dramáticos sobre a companhia no ano passado. Na época, os Batista foram levados a se desfazer de grandes nomes de seu portfólio, como Alpargatas e Vigor.

Nos EUA, o assunto é tratado com distanciamento. Quando questionado sobre como reagiu o time administrativo da JBS USA quando vieram à tona os escândalos de corrupção, um alto executivo americano da JBS USA afirma que os impactos ficaram restritos à operação brasileira.

Na semana de apresentação de fábricas da empresa nos EUA, da qual a reportagem participou, executivos da JBS USA exaltaram os valores da companhia, como disciplina e humildade, além a criação de um conselho consultivo do qual faz parte John Boehner, ex-presidente da Câmara dos EUA, e Harvey Pitt, ex-presidente da SEC, o órgão regulador do mercado americano.

Sobre o indiciamento de Joesley, a assessoria do empresário enviou nota de seu advogado André Callegari. "A investigação contou com a colaboração de Joesley Batista para a elucidação dos fatos", diz a nota.

Na ocasião do indiciamento, a assessoria de imprensa de Luciano Coutinho divulgou nota em que manifestou "total surpresa" com o indiciamento e reiterou que "todos os seus atos e procedimentos frente à administração pública sempre foram pautados pelo rigor da conduta, integridade, impessoalidade e respeito à lei".

Procurada, a defesa de Mantega não se manifestou. A reportagem não conseguiu contato com Palocci.

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