Foto: Divulgação/ Jornal Nacional/ TV Globo
O anti-petismo no Brasil está cada vez mais personificado nas eleições de 2018 pela figura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). O parlamentar é candidato ao Palácio do Planalto bradando impropérios contra aqueles que governam a máquina federal desde o início da redemocratização. No entanto, em um cenário de fortalecimento desse sentimento anti-petista, o deputado explora bem nos discursos o papel considerado por ele desastroso ao longo dos mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
É uma ironia que, para fazer valer o próprio discurso, Bolsonaro utilize a mesma estratégia retórica do PT e a argumentação repetida de que o impeachment de Dilma em 2016 foi um golpe orquestrado pela mídia e pela direita para defenestrar o plano da legenda de se perpetuar no poder. Tal qual o petismo e seus simpatizantes, Bolsonaro fala, na maioria das vezes, para aqueles que já conhecem e replicam o conteúdo das falas como um dogma. Basicamente, uma plateia cativa.
Tomemos por exemplo todas as entrevistas concedidas pelo candidato até hoje. Ao ser abordado sobre temas como racismo, homofobia, violência ou preconceito de gênero, Bolsonaro fala exatamente sobre o que seus eleitores querem ouvir. Não se diz racista ou homofóbico, mas profere termos que as minorias reclamam. Prega a lógica do “bandido bom é bandido morto”, ao tempo em que defende o armamento deliberado para os “homens de bem”. Evita o rótulo de machista, porém destila misoginia.
Para a maioria dos seguidores dele, no entanto, esses rótulos ou adjetivos são parte da tentativa da mídia para descontruir o “único político com envergadura moral” para passar o Brasil a limpo. O processo de mitificação nos mesmos termos que o PT faz com o ex-presidente Lula. E não é nem uma questão no estilo de Joseph Goebbels. Por se tratar de opinião, funciona praticamente como uma verdade para os atentos ouvintes – ainda que sejam absurdos para outras tantas pessoas.
De abril de 2016, quando a Câmara dos Deputados aprovou o início do impeachment de Dilma, até hoje, o PT se vale do argumento que existe um golpe em curso e que, por mais que se diga o contrário, nada vai demover a militância de que há uma orquestração para remover a esquerda do poder, que culmina exatamente com o provável impedimento de Lula de participar da disputa eleitoral de 2018.
O PT joga bem o jogo político. Sabe fazer sua retórica ressoar não apenas entre os aliados. O diferencial de Bolsonaro em 2018 é que, ao usar a estratégia de conversar principalmente com aqueles propagadores de conteúdo, que pensam da mesma forma que ele, o deputado consegue construir uma rede de apoiadores até então comum apenas entre os militantes da esquerda no Brasil. E o candidato do PSL aprendeu a fazer uma caixa de ressonância significativa o suficiente para se manter na imprensa ao longo de muitos meses, ao ponto de torná-lo um eventual favorito na campanha eleitoral deste ano.
Em lados completamente opostos, o petismo e o “bolsonarismo” se assemelham na construção dos próprios discursos. São diametralmente distantes no conteúdo. Porém na forma são, no fundo, mais do mes
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