Foto: Ricardo Stuckert/ Divulgação
Com um vídeo repleto de referências ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, iniciou hoje a caminhada pelo Nordeste em busca de votos para as eleições de 2018. Oficialmente, Haddad é vice de Lula. No entanto, dificilmente o petista não ascenderá ao posto de presidenciável na disputa eleitoral de 2018, depois que a Lei da Ficha Limpa provocar o indeferimento da candidatura do ex-presidente.
E o maior colégio eleitoral sob o comando petista, a Bahia, foi escolhido como o início do cenário para o périplo de Haddad na defesa de “Lula Livre”. O mote em defesa da inocência do ex-presidente deve mobilizar boa parte da militância para a campanha eleitoral e, caso se confirme a transferência de votos, o ex-prefeito de São Paulo estará no segundo turno das eleições.
Haddad foi ao bairro da Liberdade, em Salvador, ao lado de dois petistas de grosso calibre, Jaques Wagner e Rui Costa. Tudo repleto de simbolismos para uma corrida presidencial. Foi da Senzala do Barro Preto que Lula partiu para um dos icônicos discursos na Bahia, em 2015. Lá também nasceu o governador Rui Costa, que repete diuturnamente a origem humilde. O palco perfeito para o início de uma caminhada eleitoral.
O discurso de Haddad e Rui, inclusive, foi similar. Diante da liminar do Comitê Internacional de Direitos Humanos da ONU, que defende a participação de Lula no pleito de 2018, os petistas engrossam o coro de que o país deve se sujeitar à determinação do organismo internacional. Um script muito bem trabalhado e produzido para surtir efeito eleitoral. Nada que não seja previsível no cenário de indefinições que paira na corrida pelo Palácio do Planalto.
O grande “porém” em torno de Haddad é a questão do ex-prefeito se manter como uma sombra de Lula. Wagner talvez seja um dos petistas mais equilibrados ao afirmar que, depois que o correligionário assumiu o posto de plano B, é necessário colocar a cara para a rua, sair efetivamente do armário vestido de candidato e participar ativamente da cena política.
Ao permanecer nessa penumbra de vice, Haddad e PT perdem a oportunidade, por exemplo, de participar de debates e de discutir efetivamente o projeto proposto pelo grupo para o Brasil. Além de ser uma opção arriscada, como já escrito em mais de uma oportunidade. Entretanto, o petismo acredita piamente que o “monstro político” Lula sabe exatamente o que faz.
Quanto mais perto da eleição acontecer a substituição de Lula por Haddad, mais fácil grudar a tese de que o PT fraudou a disputa de 2018. No primeiro turno, o impacto pode não ser tão negativo. Já numa disputa ombro a ombro pode ser um aspecto negativo a ser amplamente explorado pelo adversário, seja ele – ou ela – quem for.
O ex-prefeito de São Paulo precisa se apresentar como candidato. Ele não é Lula e está longe de ter o carisma e a empatia do líder histórico do PT. Entretanto, caso se construa como uma opção nova para a corrida eleitoral, a esquerda estará bem viva no esforço para chegar ao Palácio do Planalto novamente.
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