Pular para o conteúdo principal

Informante do FBI está ligado a ciberataques, inclusive contra o Brasil

Reportagem do jornal 'The New York Times' afirma que governo dos EUA usou hackers para obter dados de governos estrangeiros para fins de inteligência

Ação de Hector Xavier Monsegur ocorreu após a sua prisão em 2011
Ação de Hector Xavier Monsegur ocorreu após a sua prisão em 2011
Um hacker convertido em informante do FBI orquestrou em 2012 centenas de ataques contra sites de vários governos estrangeiros e transferiu os dados roubados à agência federal americana, revelou nesta quinta-feira o jornal The New York Times. Servidores de governos de países como Irã, Turquia, Paquistão e também do Brasil são citados na reportagem como alvos da operação.
"Embora os documentos não indiquem se o FBI ordenou diretamente os ataques, dão a entender que o governo pode ter utilizado hackers para obter dados no exterior", afirma a reportagem, apoiando-se em documentos judiciais e entrevistas com pessoas envolvidas nas operações. O jornal acrescenta que isso ocorreu em um momento em que investigadores tentavam desmantelar grupos de hackers e mandar seus integrantes para a prisão.
Leia também:
Jornais que revelaram espionagem da NSA vencem Pulitzer
Heartbleed: NSA aproveitou falha para espionar cidadãos

No centro do caso está Hector Xavier Monsegur, conhecido como "Sabu", um hacker de 30 anos que após ser preso se tornou informante do FBI, no início de 2012. Membro do grupo Anonymous, ele esteve envolvido em dezembro de 2010 com a invasão de páginas de grandes empresas de cartões de crédito. Ele responde a várias acusações e pode pegar até 124 anos de prisão, mas o anúncio de sua sentença tem sido “repetidamente adiado, levando a especulações de que ele ainda esteja trabalhando como informante do governo”, afirma o NYT, acrescentando que o paradeiro do hacker é desconhecido.
Brasil – Os nomes dos países foram retirados de documentos judiciais obtidos pelo jornal. Mais de 2.000 domínios de internet foram atacados. Estiveram na mira sites dos governos do Irã, da Nigéria, do Paquistão, da Turquia, do Brasil e também as páginas da embaixada da Polônia na Grã-Bretanha e do Ministério de Energia do Iraque. Segundo um dos documentos, Monsegur repassou listas de sites a serem atacados a um hacker brasileiro. O hacker, que usa o codinome Havittaja, postou na internet algumas conversas com Monsegur em que recebe orientação para atacar páginas do governo.
Segundo a reportagem, Monsegur também convenceu outros hackers a invadir sites de autoridades sírias. "O FBI contratou mais hackers que queriam ajudar os sírios contra o regime de Bashar Assad e que na realidade davam involuntariamente ao governo americano o acesso aos sistemas de comunicação sírios", destaca um dos documentos.
Os hackers exploravam a vulnerabilidade de softwares para extrair um grande número de dados – que vão de registros bancários a informações de conexão – de servidores de vários países e baixá-los em um servidor monitorado pelo FBI. As operações são mais um indício de que o governo americano explorou grandes falhas de segurança na internet – como o recente bug Heartbleed – para objetivos de inteligência, destaca a reportagem.
Monsegur passou vários meses ajudando na identificação de outros integrantes do grupo, como Jeremy Hammond, com quem atuou em parceria no final de 2011 na sabotagem dos servidores da companhia de análise de informações Stratfor. Hammond declarou-se culpado de várias invasões dentro dos Estados Unidos e cumpre pena de dez anos de prisão no estado do Kentucky. Ele não foi acusado por nenhum crime cometido contra servidores de países estrangeiros.
(Com agência France-Presse)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular