Pular para o conteúdo principal

EUA reabrem debate sobre criação de 'título de eleitor'

Muitas zonas eleitorais do país estão restringindo o acesso às urnas sem um documento oficial com foto. Para Obama, população mais pobre é afetada

Obama acena do avião presidencial Air Force One ao deixar a Itália com direção à Arábia Saudita
Obama acena do avião presidencial Air Force One ao deixar a Itália com direção à Arábia Saudita (AFP)
Com as eleições legislativas marcadas para novembro e os democratas pressionados para conseguirem manter a maioria no Congresso (o Senado é controlado pelos republicanos), a Casa Branca volta a discutir a possibilidade da criação de um título de eleitor nacional, informa a agência EFE nesta segunda-feira. A proposta, que pode soar ultrapassada em outros países desenvolvidos, esbarra num tabu americano – a resistência do governo em adotar uma cédula de identidade nacional.
Nos Estados Unidos, mais de 60% da população não têm passaporte e o único documento obrigatório é o cartão de seguridade social para os trabalhadores, um documento sem foto. Em muitos distritos eleitorais do país há a exigência cada vez mais frequente de um documento com foto para as pessoas poderem votar, por isso, muitos americanos simplesmente desistem de participar dos pleitos – nos EUA o voto é facultativo.

Leia também
Obama faz de tudo para conseguir votos para democratas

Mulher joga sapato em Hillary Clinton durante discurso
George W. Bush expõe quadros em que retrata personalidades mundiais

Os ex-presidentes Bill Clinton e Jimmy Carter deram esta semana um conselho ao atual presidente Barack Obama. Se Obama está verdadeiramente preocupado com os impedimentos na hora de votar, talvez seja o momento de avançar na elaboração de um cartão de identificação nacional com foto. O debate ressurgiu com a ideia do ex-prefeito de Atlanta, Andrew Young, de acrescentar uma fotografia aos cartões de seguridade social, para facilitar aos mais vulneráveis do país o acesso a um documento que os permita votar.
Para promover a proposta, Young enviou à Casa Branca um documento de seguridade social com a fotografia de Obama, e entregou um semelhante ao ex-presidente Bill Clinton durante uma conferência realizada na cidade de Austin para comemorar o 50º aniversário da assinatura da lei de Direitos Civis. A reação de Clinton não demorou: durante seu discurso nessa conferência, respaldou a proposta porque “propõe uma solução que elimina os erros” que poderiam levar à fraude eleitoral. O também ex-presidente democrata Jimmy Carter apoiou a ideia.
A Casa Branca foi mais prudente. O porta-voz de Obama, Jay Carney, disse que o governo não pôde ainda “revisar todas as implicações dessa ideia”, mas a Casa Branca quer ajudar a “tornar o direito de votar mais fácil para os cidadãos”. Obama quis certificar essa ideia com um enérgico discurso em Nova York na sexta-feira, no qual alertou que “o direito a votar está ameaçado hoje de uma forma sem precedentes em quase cinquenta anos”, por causa das leis estaduais promovidas por republicanos para exigir documentos de identidade com fotografia nas urnas.
Essas leis, aplicadas em oito estados com o objetivo de impedir a fraude eleitoral, prejudicam, segundo seus críticos, as minorias, os idosos e os de baixa renda, por ser mais comum essas pessoas não terem um documento de identificação com foto por falta de acesso aos documentos necessários ou de dinheiro para pagar as taxas. “Como presidente, não vou deixar que esta supressão de eleitores permaneça sem resposta”, advertiu Obama.

Um editorial publicado no jornal Washington Post defendeu a adoção de um documento nacional de identidade “gratuito, que poderia mudar a irracional forma como votamos, e diminuindo a confusão e as filas” nas eleições. Mas reconheceu, no entanto, que é “improvável que esse ideal seja possível no curto prazo”, algo que, segundo os analistas, também pode se aplicar à ideia apoiada por Clinton e Carter. A razão principal está na rejeição a qualquer iniciativa de controle federal de dados pessoais pela população de tendência libertária, que vê nessa política uma violação à privacidade e um matiz de totalitarismo.
O senador republicano Rand Paul, representante dessa tendência, tachou de “má ideia” a proposta de Young, por considerar que “permitiria ao governo federal transformar o cartão de seguridade social em um de identificação nacional”. Também alguns que denunciam os impedimentos para votar das minorias são céticos com a ideia, já que acham que pode prejudicar os mais pobres e os imigrantes ilegais, que poderiam correr o risco de serem detidos se não portarem o documento.
(Com agência EFE)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...