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Pressionado, secretário de Justiça dos EUA tentará acalmar imprensa


Envolvido no escândalo da quebra de sigilo telefônico e espionagem de jornalistas, Eric Holder vai se reunir com executivos dos principais veículos de comunicação americanos para tentar salvar sua cabeça – que está a prêmio


O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder
O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, que acumula o cargo de procurador-geral

Sob pressão cada vez maior, o secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, vai lançar mão nos próximos dias de uma estratégia para tentar conter os ânimos dos veículos de comunicação dos Estados Unidos, vítimas do ataque à liberdade de imprensa promovido pelo governo ao quebrar o sigilo telefônico e espionar os computadores de jornalistas. Holder deverá participar de uma série de reuniões com executivos dos principais jornais e redes de TV para discutir mudanças nas diretrizes do departamento para investigações de vazamento de informações. O presidente Barack Obama, cada vez mais enredado em escândalos, anunciou na última quinta-feira que as normas seriam revistas. Nos encontros, o secretário tentará tranquilizar os diretores sobre as táticas do departamento para investigar casos envolvendo informações secretas do governo.

O pilar da democracia americana começou a ruir com a informação de que investigadores federais obtiveram secretamente registros telefônicos de mais de vinte linhas usadas por repórteres e editores da agência de notícias Associated Press, incluindo telefones residenciais e celulares. A reação à assombrosa investida do governo contra a imprensa veio tanto dos veículos de comunicação como de grupos que defendem a liberdade civil e membros do Congresso. A situação ficou ainda mais complicada para Holder – e para Obama – com a revelação de que o FBI vasculhou e-mails e quebrou o sigilo telefônico do correspondente da rede de televisão Fox News em Washington James Rosen. Não bastasse a espionagem, o jornalista ainda foi classificado pela polícia federal como “cúmplice de conspiração” depois de publicar informações contidas em documentos confidenciais do Departamento de Estado americano. Holder tentou se blindar no caso da AP, dizendo não ter assinado a ordem para espionar a agência. Mas não foi possível fazer o mesmo na questão envolvendo a Fox News, já que ele aprovou pessoalmente um mandado de busca que igualou o que era uma investigação jornalística a uma conduta criminal.

A intromissão do governo no trabalho de Rosen atingiu um nível sem precedentes. O FBI chegou até a controlar as visitas do correspondente ao Departamento de Estado. Agentes também examinaram e-mails pessoais e monitoraram a duração dos telefonemas do repórter para sua fonte no Departamento de Estado. A investigação que envolveu o jornalista está relacionada a um episódio que tinha como protagonista o então conselheiro de segurança do Departamento de Estado, Stephen Jin-Woo Kim. Ele é acusado de ter vazado, em junho de 2009, um documento confidencial do governo que dizia que a Coreia do Norte provavelmente faria um teste nuclear, em resposta a uma resolução da ONU condenando testes anteriores. Rosen publicou a informação em 11 de junho do mesmo ano. Depois disso, a polícia federal rastreou os passos do jornalista. Agora, como um assessor de Holder disse ao site The Daily Beast, os executivos da imprensa devem ouvir o seguinte discurso: “Nós entendemos por que isso é tão controverso e estamos prontos a fazer as mudanças necessárias para encontrar o equilíbrio necessário”. Uma teoria que segue a linha adotada por Obama depois do caso da AP, segundo a qual o governo tem o direito de investigar jornalistas em casos de ameaça à segurança nacional. A obtenção de registros telefônicos, contudo, deve ser a última alternativa e deve ocorrer de forma limitada.


Perjúrio – Nesta quarta-feira, deputados republicanos enviaram uma carta a Holder na qual expressaram “grande preocupação” com a possibilidade de o secretário ter mentido sob juramento ao prestar depoimento no início deste mês em uma audiência no Congresso. No dia 15 deste mês, ele afirmou não estar envolvido em nenhuma “potencial perseguição” a jornalista por divulgar informação confidencial. A declaração foi dada poucos dias antes do escândalo vir à tona. Na carta, os deputados levantaram a possibilidade de Holder ter cometido perjúrio ao negar de forma veemente qualquer envolvimento em processo contra jornalista. “Reportagens divulgadas na imprensa e declarações do Departamento a respeito do mandado de busca para os e-mails de Rosen parecem estar em desacordo com seu testemunho dado sob juramento”, diz o texto, segundo informação da CBS News. Os parlamentares exigem que o secretário forneça informações completas e detalhadas a respeito de seu envolvimento no caso.

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