Pular para o conteúdo principal

Jornalista condenado a indenizar governador de Goiás em R$ 200 mil


Segundo a Justiça, ele ligou o nome de Marconi Perillo ao do contraventor Carlinhos Cachoeira 'sem provas'




GOIÂNIA - O juiz Ricardo Teixeira Lemos, da 7ª Vara Cível da comarca de Goiânia, condenou, nesta terça-feira, 28, o jornalista Luiz Carlos Bordoni a pagar indenização de R$ 200 mil ao governador de Goiás, Marconi Perillo. A condenação foi por danos morais devido a declarações do jornalista ligando o nome do governador ao do contraventor Carlinhos Cachoeira, com expressões como "formação de quadrilha e tráfico de influência política", tudo "sem provas", considerou o magistrado, salientando a grande repercussão que as declarações tiveram.

Na decisão, Ricardo Teixeira cita a entrevista de Bordoni ao Estado de São Paulo, concedida no dia 1 de junho de 2012, e também declarações à Rádio CBN. Além da indenização, na sentença, à qual o Estado teve acesso, o juiz concedeu liminar determinando que Bordoni retire as entrevistas concedidas por ele, e declarações contra o político, contidas no blog luizcarlosbordoni.blogspot.com. Se o jornalista desrespeitar, a pena é de suspensão da página na internet e multa diária de R$ 500.
O juiz não foi localizado para comentar a decisão. No site do Tribunal de Justiça, foi divulgado que ele considerou o ocorrido uma "lesão seríssima. O autor, na condição de governador do Estado, foi acusado de caixa dois, insinuando-se que estaria envolvido no escândalo Carlinhos Cachoeira, com repercussão no País e no exterior", ressaltou o magistrado, citando as entrevistas e a repercussão na internet, "o que coloca a questão em nível internacional".
Para o magistrado, o jornalista não conseguiu provar as acusações que fez contra Marconi, quanto à existência de um caixa dois na contratação de seus serviços para propaganda na campanha política de 2010. O custo do serviço, segundo Bordoni, seria de R$ 170 mil, mas apenas R$ 33 mil foram declarados à Justiça Eleitoral. O juiz observou que não vislumbrou conduta ilícita nem de Marconi nem da filha do jornalista, Bruna Bordoni.
A diferença, ainda de acordo com as declarações de Bordoni, teria sido paga pelo assessor direto de Marconi Perillo, Lúcio Gouthier Fiúza, diretamente a ele. Parte dela, no valor de R$ 45 mil, foi depositada pela empresa de fachada Alberto e Pantoja - controlada por Carlinhos Cachoeira - na conta de Bruna Bordoni, filha do comunicador.
"Publicou notícia inconclusiva, sem prova de suas alegações, utilizou do direito de imprensa para divulgar declaração não realizada pelo autor, autoridade política de inegável expressão regional e nacional. O magistrado observou, ainda, que, caso fosse julgada procedente, a conduta tipificada como caixa dois pelo artigo 30-A, da Lei 9.504/97, poderia resultar na cassação de diploma de candidato eleito e inelegibilidade por oito anos. "É fato grave, gravíssimo. Tal alegação, sem provas ou outro fundamento, é ofensiva à honra subjetiva do político", disse.
Sobre o valor da indenização, o magistrado entendeu que, apesar de não haver parâmetro para a capacidade econômica de Bordoni, é notório o fato dele prestar serviços de alto valor, como o que deu origem a ação estimado em R$ 170 mil, conforme declarações do próprio jornalista.
Recurso. O jornalista Luiz Carlos Bordoni disse ao Estado que vai aguardar a publicação da decisão para tomar pé do que fazer, antecipando que deseja recorrer ao Tribunal de Justiça de Goiás. Ele também disse que vai conhecer primeiro a sentença para depois retirar ou não as postagens que fez a respeito de Marconi Perillo no blog dele. "Não vou me agachar", afirmou. O jornalista reclamou da decisão, alegando que não foi notificado de uma audiência que haveria.
O governador Marconi Perillo está na Europa. O advogado dele, João Paulo Brezezinski disse que, por se tratar de processo envolvendo um jornalista como réu, houve cuidado para que a ação não atrapalhasse a atividade profissional de Bordoni. "Atuamos para mostrar que houve flagrante excesso e que o jornalista ultrapassou a barreira da informação, foi calunioso", explicou. Na petição, afirmou ele, não foi sugerido valor algum como indenização, mas sim que o juiz avaliasse o dano moral sofrido. "Foi uma decisão justa, inclusive no valor arbitrado pelo próprio juiz", avaliou.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p