Pular para o conteúdo principal

EUA: deputados investigam se secretário de Justiça mentiu


Eric Holder disse que 'nunca esteve envolvido' em espionagem a jornalistas. Reportagem afirma, no entanto, que ele aprovou mandado de busca contra correspondente da Fox News


Eric Holder, chefe do Departamento de Justiça dos Estados Unidos
Eric Holder, chefe do Departamento de Justiça dos Estados Unidos

A lama dos escândalos sobre o uso da máquina pública nos Estados Unidos para perseguir adversários está cada vez mais perto de atingir o presidente Barack Obama. O esforço dos assessores mais próximos para blindar o presidente pode ruir se uma investigação no Congresso provar que o secretário de Justiça, Eric Holder, deu ordem para espionar jornalistas. Os integrantes da Comissão Judiciária da Câmara dos Deputados querem saber se Holder mentiu em depoimento no último dia 15, ao negar seu envolvimento na perseguição contra a imprensa pela publicação de informações confidenciais. "Eu nunca estive envolvido nisso, nunca ouvi falar sobre isso, ou pensaria ser uma política inteligente."

No entanto, uma reportagem da rede NBC News afirmou na última semana que o secretário aprovou pessoalmente o mandado de busca contra o correspondente da Fox News em Washington James Rosen. O jornalista foi classificado pelo FBI como “cúmplice de conspiração” depois de publicar informações de documentos confidenciais sobre a Coreia do Norte que teriam sido vazados por um conselheiro do Departamento de Estado americano.

Holder prestou esclarecimentos à comissão antes que o caso de Rosen viesse à tona, quando outro escândalo envolvendo a administração Obama a a liberdade de imprensa estava em foco: a interceptação de linhas telefônicas da agência de notícias Associated Press. O republicano Jim Sensenbrenner, de Wisconsin, defende a renúncia do secretário. “O chefe do Departamento de Justiça deve ser alguém em quem o povo americano possa confiar. Por isso, Holder deveria renunciar”, disse ao jornal The Hill.

A investigação que envolveu o correspondente da Fox está relacionada a um episódio que tinha como protagonista o então conselheiro de segurança do Departamento de Estado, Stephen Jin-Woo Kim. Ele é acusado de ter vazado, em junho de 2009, um documento confidencial do governo que dizia que a Coreia do Norte provavelmente faria um teste nuclear, em resposta a uma resolução da ONU condenando testes anteriores. Rosen publicou a informação em 11 de junho do mesmo ano.


Resistência na Justiça - O FBI, então, conseguiu um mandado para obter toda a correspondência entre Rosen e Kim, além da troca de e-mails pessoais e ligações do jornalista. E o governo lutou para manter em segredo a invasão, inclusive entrando em conflito com juízes que discordavam do modus operandi da administração Obama.

Ronald Machen, promotor responsável pelo processo contra o ex-conselheiro Jin-Woo Kim, insistiu que o jornalista não deveria ser informado sobre a operação que vasculhava seus e-mails, alegando que isso poderia comprometer a investigação. Dois juízes foram contra o argumento, declarando que o Departamento de Justiça era obrigado a notificar o jornalista sobre o mandado de busca, mesmo se a notificação fosse enviada algum tempo depois do início da operação. Machen apelou e conseguiu manter em segredo o ato de espionagem.

Rosen, de fato, não soube de nada até a notícia ser publicada pelo jornal The Washington Post na última semana. Mas a companhia proprietária do canal americano, a britânica News Corp, foi informada sobre os grampos em agosto de 2010, segundo fontes do Congresso citadas pela imprensa americana. A companhia confirmou ter recebido a notificação e acrescentou que houve falha interna, uma vez que a informação deveria ter sido transmitida para a Fox.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular