Menor que “isqueirou” dentista já tinha sido detido cinco vezes. Foi posto na rua pela Justiça, pelo ECA e pela frouxa lei antidrogas. Ou: Hora da Lei de Responsabilidade Moral!
Lá vamos nós. Aquele monstro
que deve ser chamado de “O Menor” — cujos nome e cara não podem ser divulgados
para preservar a sua integridade moral —, que participou do assassinado bárbaro
da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, era já um velho conhecido da
Polícia — que, sim, fez o seu trabalho. Mas o fato inequívoco é que a Justiça o
mandou para a casa — com o auxílio, é verdade, da frouxa Lei Antidrogas que
temos. E que o ex-presidente Fenando Henrique Cardoso, infelizmente, quer ainda
mais frouxa. E que o jornal O Globo, infelizmente, quer ainda mais frouxa. E que
a tal Comissão
Brasileira Sobre Droga e Democracia, infelizmente, quer ainda mais
frouxa.
No dia 12 de novembro do ano
passado, informa a Folha, ele foi detido pela Polícia com, atenção, DOZE
papelotes de maconha — o papelote de maconha é aquela trouxinha, que serve para
fazer um cigarro. Como ninguém fuma, suspeito, 12 “baseados” de uma vez só,
parece óbvio que essa “pobre vítima da sociedade” estava traficando, certo?
Errado para a Justiça! Ele foi mandado pra casa. Se dependesse dos que listei
acima, teria acontecido o mesmo. Se dependesse dos juristas que elaboraram a
proposta do Código Penal que está no Senado, ele poderia estar com muito mais:
para eles, quantidade suficiente para cinco dias de consumo ainda deve ser
considerado “porte”. Já o deputado petista Paulo Teixeira (SP) é mais ousado:
quer dez dias! Nos dois casos, trata-se de legalização branca do tráfico.
Adiante.
Mas esperem! O “menor” já tinha sofrido três outras
apreensões! Duas outras também por tráfico e uma por portar uma arma que deveria
ser privativa de serviços de segurança. Em novembro, na quarta apreensão, a
polícia pediu que fosse internado. Sabem como esses policiais são reacionários,
né?, conservadores mesmo! Eles ainda não fizeram um curso de Progressismo
Ilustrado com o barquinho que vai e a tardinha que cai na tal Comissão
Brasileira sobre Droga e Democracia, esse estranho nome que ainda acabará
confundindo a democracia com uma droga e a droga com democracia.
Os policiais queriam esse “garoto”, esse “menino”, esse
“subnutrido”, como chamou aquela estranha senhora, internado. Os policiais,
muito reacionários, alegaram, vejam que gente exótica, que ele tinha
antecedentes graves (reitero: duas apreensões por tráfico e uma por arma de
fogo) e que punha em risco a sua própria vida e a de terceiros…
Mas sabem como é… Com uma lei antidrogas frouxa — e que
querem ainda mais frouxa — e com um ECA a proteger essas criaturas desamparadas,
a juíza Cláudia Maria Carbonari de Faria mandou soltar o “menino”, mandou soltar
o “garoto”, mandou soltar o “subnutrido”. E o resto é história. História que é
contada com dor indizível pelo seu Viriato, o pai de Cinthya — que procura um
emprego aos 70 anos. Que será contada, a seu modo, pela irmã deficiente de
Cinthya.
A propósito: a Comissão Brasileira Sobre Drogas e
Democracia não poderia, num gesto generoso, adotar a irmã deficiente de Cinthya?
Faço a sugestão, claro!, não em nome da droga, mas da democracia. Seria um jeito
de provar que anda não se confunde a democracia com uma droga e a droga com a
democracia. O Instituto FHC, que pensa grande, não poderia fazer alguma coisa
pelo seu Viriato? Vejo que José Gregori, ex-ministro de Direitos Humanos do
governo tucano, entregou, em nome de ex-titulares da pasta, um manifesto a
Gilmar Mendes afirmando a suposta inconstitucionalidade da criminalização da
droga para uso pessoal.
Gregori e meu candidato a liderar algum movimento em
favor da irmã de Cinthya e de seu pai. Ele e os outros são prosélitos da tese
que manteve nas ruas aquele “Menor”. Eu estou esboçando aqui um princípio do que
chamo de Lei de Responsabilidade Moral. É o equivalente, na esfera das ideias,
da Lei de Responsabilidade Fiscal. A LRM deve ser evocada sempre que uma ideia
defendida em tese tem efeitos práticos.
Não é tudo, não. Depois daquela detenção de 12 de
novembro do ano passado — não esquecer das três anteriores — houve uma outra, no
dia 4 de abril deste mês, pouco antes de matar a dentista: foi acusado de
ameaçar um jovem de 14 anos. A detenção de agora, quando “isqueirou” — ou
participou do “isqueiramento” — é a sexta. Segundo confessou, estava sob o
efeito de cocaína — mas só para “consumo”, é claro!
Leio na Folha (em vermelho):
Para o delegado que chefiou as investigações, Waldomiro Bueno Filho, o jovem apreendido é frio, não demonstra arrependimento e não tem “freio moral”.
“Ele está mais para um novo Champinha. É muito evidente que ele tem um desvio mental, não tem um pingo de freio moral”, afirmou o delegado, referindo-se ao jovem que, em 2003, quando tinha 17 anos, foi preso pelo estupro e morte da adolescente Liana Fridenbach, 16.
Para o delegado que chefiou as investigações, Waldomiro Bueno Filho, o jovem apreendido é frio, não demonstra arrependimento e não tem “freio moral”.
“Ele está mais para um novo Champinha. É muito evidente que ele tem um desvio mental, não tem um pingo de freio moral”, afirmou o delegado, referindo-se ao jovem que, em 2003, quando tinha 17 anos, foi preso pelo estupro e morte da adolescente Liana Fridenbach, 16.
Comento
É bom ter cuidado com essas considerações. A ideia de que não existem pessoas perversas, mas apenas doentes, é, na verdade, uma idealização. Há, sim, gente má, que precisa de freios legais. Se o estado se nega a fazer a sua parte, elas saem por aí barbarizando e matando. É simples assim. De todo modo, o governo de São Paulo, conseguiu manter o tal Champnha apartado do convício social. Vamos ver por quanto tempo.
É bom ter cuidado com essas considerações. A ideia de que não existem pessoas perversas, mas apenas doentes, é, na verdade, uma idealização. Há, sim, gente má, que precisa de freios legais. Se o estado se nega a fazer a sua parte, elas saem por aí barbarizando e matando. É simples assim. De todo modo, o governo de São Paulo, conseguiu manter o tal Champnha apartado do convício social. Vamos ver por quanto tempo.
No excelente artigo artigo que escreveu na semana
passada no Estadão em defesa da mudança do ECA, o ex-governador José Serra
sintetizou o caso Champinha e informou uma coisa estarrecedora. Transcrevo
trecho:
(…) Um dos bandidos, o Champinha, de 16 anos, foi
internado na Fundação Casa, onde poderia passar, no máximo, três anos, como
determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Mas a Justiça, diante de
laudos psiquiátricos, não permitiu que ele fosse posto em liberdade quando esse
período se encerrou. Em 2007 Champinha conseguiu fugir, mas foi recapturado. Um
juiz impediu, porém, que ele fosse transferido para a Casa de Custódia e
Tratamento de Taubaté, pois conviveria com detidos adultos, embora, àquela
altura, ele já tivesse 20 anos, dois acima do limite da maioridade penal. Mas
era impossível interná-lo num dos hospitais públicos, que não dispõem da
contenção física necessária para pacientes psiquiátricos perigosos. Preparamos,
então – eu era governador -, uma unidade especial de saúde para poder recebê-lo.
Hoje, há seis internados nesse local.
Um procurador federal, pasmem, acaba de entrar com ação
pedindo o fechamento dessa unidade e a entrega dos internos a hospitais.
Imaginem como seria a internação de Champinha e dos outros na ala psiquiátrica
de um hospital comum. Na verdade, se prevalecer, a ação do procurador implicará
soltar esses internados perigosos, que só teriam de receber acompanhamento
ambulatorial. (…)
Retomo
Percebam: parece haver uma verdadeira conspiração de supostos iluminados contra o homem comum e sua segurança: do Código Penal, do ECA, da Comissão Sobre Drogas e Democracia, da Lei Antidrogas, da Justiça, do Ministério Público… Não! Não há uma articulação, uma conspiração propriamente. O ponto é outro.
Percebam: parece haver uma verdadeira conspiração de supostos iluminados contra o homem comum e sua segurança: do Código Penal, do ECA, da Comissão Sobre Drogas e Democracia, da Lei Antidrogas, da Justiça, do Ministério Público… Não! Não há uma articulação, uma conspiração propriamente. O ponto é outro.
É que esse homem comum não é representado por ninguém. As
elites politicas atualmente no poder vocalizam, com a ajuda da imprensa, os
valores de grupos militantes que carregam uma herança intelectual lá da década
de 60, que ainda confundem bandidos com heróis e drogas com libertação. As
forças que se opõem aos poderosos de turno são, no mais das vezes, cartoriais,
burocráticas e, no fim das contas, têm medo do suposto “conservadorismo” do
povo.
As teses que triunfam acabam funcionando como sentenças
de morte contra os que têm a má sorte de topar com esses tipos. E os bacanas?
Chegou a hora da Lei de Responsabilidade de Moral, de identificar as “belas
ideias” que matam com os seus autores e seus promotores.
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