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'Atentado em Boston mostra que Rússia e EUA devem trabalhar juntos', diz Putin


Polícia russa pediu em 2011 que FBI investigasse checheno acusado de ataque

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Boston homenageia vítimas de atentado
Boston homenageia vítimas de atentado - Robert F. Bukaty/AP

O presidente russo Vladimir Putin disse nesta quinta-feira que o atentado na maratona de Boston mostrou a necessidade de que Rússia e Estados Unidos trabalhem mais próximos em questões de segurança. Para Putin, o ataque também provou que a política do governo russo para a instável região do Cáucaso está correta.


"Se nós realmente juntarmos os nossos esforços, não vamos permitir esses ataques e sofrer perdas desse tipo", disse Putin em sua sessão anual de perguntas e respostas. “Essa tragédia deve nos impulsionar a trabalhar mais de perto com ameaças em comum, inclusive terrorismo, que é uma das maiores e mais perigosas delas”. Putin disse que não se deve buscar os motivos do atentado no sofrimento do povo checheno, particularmente das deportações em massa para a Sibéria e Ásia central sob a ditadura soviética de Josef Stalin. “A causa não é a sua etnia ou religião, são seus sentimentos extremistas”.



Mapa com o caminho da polícia atrás dos suspeitos pelo atentado em Boston
O atentado ocorreu na segunda-feira, perto da linha de chegada da Maratona de Boston (B). Na noite de quinta, um policial foi morto em um tiroteio no MIT (1). Em seguida, um motorista foi sequestrado por dois homens armados (2). Ele foi liberado pouco depois, em um posto de gasolina (3). Imagens do suspeito número 2, Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, foram captadas por câmeras em um posto bancário (4). A polícia iniciou uma caçada pelos irmãos Tsarnaev em Watertown (5). Em uma troca de tiros, Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos, foi morto. Os policiais também fizeram buscas no apartamento dos suspeitos (A).

“Eu sempre senti indignação quando nossos parceiros do Ocidente se referiam aos terroristas no território da Rússia como rebeldes”, afirmou o presidente. Os EUA pediram mais de uma vez ao governo russo que buscasse uma negociação política com a Chechênia, e criticou os abusos cometidos por tropas russas nas guerras separatistas, que começaram em 1994 e provocaram uma insurgência islâmica que se espalhou pela região. O governo americano também enviou ajuda humanitária à região nos anos 1990.

Diplomacia - Os dois irmãos acusados de planejar e realizar o atentado em Boston são chechenos, mas moravam nos EUA há mais de uma década. Foi o governo russo que chamou a atenção do FBI ao mais velho e suposto mentor do ataque, Tamerlan Tsarnaev, em 2011, quando pediu à polícia americana que o investigasse após informações de que ele teria se radicalizado no Islamismo. O FBI disse que o investigou na época, sem encontrar evidências de uma ameaça terrorista.

A Rússia disse que pediu uma nova investigação e foi ignorada, enquanto os EUA dizem que pediram mais informações sobre a família Tsarnaev, mas não recebeu resposta. Desde a Guerra Fria, as relações entre os dois países passa por momentos tensos. Recentemente, os dois países trocaram acusações de violações a direitos humanos, e chegaram a aprovar leis que banem certos cidadãos russos de entrar nos EUA e vice-versa.

CIA - Tamerlan Tsarnaev entrou em uma lista de terroristas perigosos há 18 meses a pedido da CIA, a inteligência americana, informou nesta quinta-feira a imprensa americana. A lista, chamada de Tide (Terrorist Identities Datamart Environment), reúne meio milhão de nomes, fornecendo informação para diferentes listas de vigilância do governo dos EUA, entre elas a de principais terroristas.

Antes, autoridades americanas haviam informado que a inteligência americana não tinha informações sobre ameaças à maratona. Na quarta-feira, o FBI foi interrogado pela comissão de inteligência do Senado por "falhar na investigação a Tamerlan Tsarnaev". Após o interrogatório, o senador democrata Dutch Ruppersberger disse que o FBI não teve culpa. “Eu acredito, baseado nos depoimentos de hoje, que o FBI fez exatamente o que eles deveriam e seguiram os protocolos”.

Viagem - No ano passado, Tamerlan Tsarnaev passou seis meses no Daguestão, uma ex-república soviética de maioria muçulmana vizinha da Chechênia, região de origem dos irmãos suspeitos. Durante a visita, ele teria passado dois dias na Chechênia. Tamerlan, de 26 anos, morreu na última quinta-feira durante uma caçada por ele e seu irmão Dzhokhar, que foi capturado vivo, apesar de gravemente ferido, e indiciado pelas explosões que mataram três pessoas e deixaram mais de 180 feridos. A viagem foi a causa da desconfiança no governo russo.

Captura - Tsarnaev foi detido na sexta-feira passada e internado imediatamente no hospital Beth Israel, em Boston, onde continua em estado grave, segundo o último informe do FBI. Desde domingo, o jovem está se comunicando com os investigadores de forma escrita, já que ele não pode falar devido a lesões na garganta ocorridas durante perseguições policiais na semana passada. Na primeira delas, houve uma troca de tiros e o seu irmão, Tamerlan, morreu.

Os dois irmãos Tsarnaev são apontados como os responsáveis pelas duas explosões na maratona de Boston que deixaram três mortos e mais de 180 feridos. Na quarta-feira, uma autoridade americana disse que as bombas foram detonadas por um controle remoto de brinquedo a poucas ruas do local da explosão.

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