Cameron diz que uso de armas químicas na Síria é grave
Para premiê britânico, evidências devem levar comunidade internacional a agir
Foto de Homs, Síria, 5 de
abril, 2013 - AFP
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse
nesta sexta-feira que as evidências
do uso de armas químicas na Síria são crescentes e "extremamente
graves". Para Cameron, as provas deveriam levar a comunidade internacional a
fazer mais pelo país, há mais de dois anos em uma guerra
civil que já deixou mais de 70.000 mortos.
Entenda o caso
- • Durante a onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o governo do ditador Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes enfrentam forte repressão pelas forças de segurança. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos no país, de acordo com levantamentos feitos pela ONU.
- • Em junho de 2012, o chefe das forças de paz das Nações Unidas, Herve Ladsous, afirmou pela primeira vez que o conflito na Síria já configurava uma guerra civil.
- • Dois meses depois, Kofi Annan, mediador internacional para a Síria, renunciou à missão por não ter obtido sucesso no cargo. Ele foi sucedido por Lakhdar Brahimi, que também não tem conseguido avanços.
"São provas limitadas, mas nós também contamos com provas crescentes do uso de armas químicas, provavelmente por parte do regime. É extremamente grave, é um crime de guerra e devemos levar muito a sério", disse à BBC David Cameron.
"Acredito que o que disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é totalmente justo, deve ser uma linha vermelha para a comunidade internacional que deve nos levar a fazer mais", completou o primeiro-ministro, que no entanto se declarou contrário a enviar tropas ao país.
"Não quero ver isto e não acredito que aconteça. Mas penso que podemos aumentar a pressão sobre o regime, trabalhar com nossos sócios, trabalhar com a oposição para encontrar uma solução correta", disse. "Sempre tive vontade de fazer mais. A questão é como aumentar a pressão. Do meu ponto de vista, o que tempos que fazer - e é o que já estamos fazendo em parte - é dar forma a esta oposição, trabalhar com eles, treiná-los, aconselhá-los e ajudar para que exerçam pressão sobre o regime e possam acabar com isto", completou Cameron.
China - Por sua vez, a China afirmou nesta sexta-feira que é contra a produção de armas químicas por qualquer país, mas se manteve firme em defender a não-intervenção no país árabe. "O uso deste tipo de arma viola as convenções internacionais e a China é muito clara neste sentido: é contra a produção e o uso de armas químicas por qualquer país. No entanto, a China também se opõe a qualquer intervenção", disse hoje a porta-voz chinesa de Relações Exteriores, Hua Chunying.
Em sua entrevista coletiva diária, Hua destacou que a postura do país asiático é "clara e consistente" e voltou a pedir à comunidade internacional uma solução mediante o diálogo. "A situação atual na Síria é crítica. Temos que dirigir bem o rumo e buscar uma resolução política, lançar o diálogo", explicou Hua.
Armas químicas - O secretário de
Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, afirmou ontem em Abu Dhabi que os
serviços secretos do país detectaram indícios do uso de armas químicas por parte
do regime de Bashar Assad. Israel já havia indicado mais de uma vez o uso
de sarin, uma substância tóxica que atua sobre o sistema nervoso e
que foi inventada por cientistas alemães como parte dos preparativos do ditador
Adolf Hitler para a II Guerra Mundial.
Depois do anúncio, a opositora Coalizão Nacional Síria (CNFROS) pediu nesta sexta uma rápida ação internacional para interromper o uso deste tipo de armamento. O grupo afirmou ainda que o governo sírio deve levar em conta que "o emprego de armas químicas é uma linha vermelha cujo cruzamento terá resultados graves".
No entanto, pouco depois a Casa Branca frisou que as "avaliações de inteligência" sobre o uso de armas químicas na Síria ainda não são suficientes. Para os EUA, são necessários "fatos confirmados" para tomar decisões. O regime sírio sempre negou o uso de armas químicas e até mesmo sua existência no país.
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