Letta faz coalizão com Berlusconi e põe fim à crise na Itália
Ex-número 2 do Partido Democrático deve obter voto de confiança do Parlamento
Depois de dois meses e um dia sem governo, a Itália encerrou neste sábado o
impasse político com a nomeação do social-democrata Enrico Letta como novo chefe
de governo. O ex-número 2 do Partido Democrático (PD), que não recebeu o voto
popular para o cargo que exercerá, comandará um gabinete de coalizão com o
partido Povo da Liberdade (PDL), grupo do ex-premiê Silvio Berlusconi, e
sucederá o tecnocrata Mario Monti.
O arranjo político, anunciado na tarde de ontem, em Roma, depois de três dias de negociações entre os dois partidos, põe Berlusconi de volta ao centro do poder, representado por Angelino Alfano, um de seus homens de confiança.Na quinta-feira, Letta chegou a afirmar que as discussões para formação do gabinete seriam difíceis e longas, por não estar disposto a governar a qualquer preço. Desta vez, porém, o nó político foi mais fácil de desatar e, após 72 horas de conversações, o compromisso esperado entre PD e PDL foi selado para preencher um total de 21 ministérios.
Além de Alfano, que acumulará os cargos de vice-primeiro-ministro e ministro do Interior – responsável pela polícia e pela política de imigração –, outros nomes fortes serão Emma Bonino, ex-comissária europeia das Relações Exteriores, que assume como chanceler, e o diretor-geral do Banco Central da Itália, Fabrizio Saccomanni, encarregado do Ministério da Economia, um dos pontos críticos da nova gestão. Em sinal de abertura à administração de Monti, a cientista política e diplomata Anna Maria Cacellieri assumirá o Ministério da Justiça.
"Estou contente pelo gabinete que nós conseguimos compor, pelo número recorde de mulheres e por rejuvenescermos a equipe", afirmou Letta à imprensa em Roma, quando anunciou o acordo. Dos 21 escolhidos, sete são mulheres. Além disso, nove são do PD, cinco do PDL e três da coligação Escolha Cívica, liderada por Monti na campanha eleitoral de fevereiro.Reeleito presidente no último final de semana, Giorgio Napolitano, o artífice do entendimento político, foi realista ao avaliar o resultado de seu esforço de intermediação.
"Era o único governo possível e sua constituição não podia esperar mais", reconheceu o chefe de Estado, de 87 anos. "Não preciso de fórmula especial para definir este governo: é um governo político, formado no âmbito institucional e conforme à prática de nossa Constituição e de nossa cultura parlamentar."
O gabinete tomará posse hoje e amanhã deve ser submetido ao voto de confiança do Parlamento – uma formalidade, já que o PD tem sozinho a maioria na Câmara dos Deputados e, juntos, PD, PDL e Escolha Cívica têm a maioria no Senado. Na quarta-feira, a deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, eleita em fevereiro, antecipou ao Estado que os parlamentares não hesitarão em conceder sua confiança a Letta para encerrar os dois meses sem governo.
Estrela. A coalizão PD-PDL também amarra dois dos três maiores partidos políticos da Itália, e deixa de fora Beppe Grillo, líder "antissistema" do Movimento 5 Estrelas (M5S) e agora chefe inconteste da oposição. Para muitos analistas políticos italianos, essa era a posição desejada por Grillo desde que seu partido foi o mais votado nas eleições de 25 e 26 de fevereiro, sem no entanto ter a maioria na Câmara ou no Senado, em razão das coalizões do PD e do PDL terem superado sua votação.
Ao forçar a união de Letta e Berlusconi, o comediante põe de um lado os partidos tradicionais e de outro o M5S, que passa a aspirar ao poder em caso de eleições antecipadas. Minutos após a entrevista coletiva de Letta, Grillo usou o Facebook para ironizar o novo gabinete. "Com o governo Letta, o terceiro dia ressuscitou Barrabás", disse ele.
Nesta semana, Grillo já havia descrito a coalizão que se negociava como "uma orgia digna do melhor do bunga-bunga", em alusão às festas nas quais Berlusconi teria contratado prostitutas menores de idade, que lhe renderam um processo na Justiça.
Além da oposição sistemática de Beppe Grillo e da bancada M5S no Parlamento, Letta terá de enfrentar a resistência de seu próprio partido. O economista de 46 anos era apenas a terceira opção dentro do PD, atrás de Pier Luigi Bersani, "vencedor" da eleição de fevereiro que fracassou na formação do governo, e de Matteo Renzi, prefeito de Roma. Nenhum dos dois ceitava formar um gabinete de coalizão com o partido de Berlusconi
O arranjo político, anunciado na tarde de ontem, em Roma, depois de três dias de negociações entre os dois partidos, põe Berlusconi de volta ao centro do poder, representado por Angelino Alfano, um de seus homens de confiança.Na quinta-feira, Letta chegou a afirmar que as discussões para formação do gabinete seriam difíceis e longas, por não estar disposto a governar a qualquer preço. Desta vez, porém, o nó político foi mais fácil de desatar e, após 72 horas de conversações, o compromisso esperado entre PD e PDL foi selado para preencher um total de 21 ministérios.
Além de Alfano, que acumulará os cargos de vice-primeiro-ministro e ministro do Interior – responsável pela polícia e pela política de imigração –, outros nomes fortes serão Emma Bonino, ex-comissária europeia das Relações Exteriores, que assume como chanceler, e o diretor-geral do Banco Central da Itália, Fabrizio Saccomanni, encarregado do Ministério da Economia, um dos pontos críticos da nova gestão. Em sinal de abertura à administração de Monti, a cientista política e diplomata Anna Maria Cacellieri assumirá o Ministério da Justiça.
"Estou contente pelo gabinete que nós conseguimos compor, pelo número recorde de mulheres e por rejuvenescermos a equipe", afirmou Letta à imprensa em Roma, quando anunciou o acordo. Dos 21 escolhidos, sete são mulheres. Além disso, nove são do PD, cinco do PDL e três da coligação Escolha Cívica, liderada por Monti na campanha eleitoral de fevereiro.Reeleito presidente no último final de semana, Giorgio Napolitano, o artífice do entendimento político, foi realista ao avaliar o resultado de seu esforço de intermediação.
"Era o único governo possível e sua constituição não podia esperar mais", reconheceu o chefe de Estado, de 87 anos. "Não preciso de fórmula especial para definir este governo: é um governo político, formado no âmbito institucional e conforme à prática de nossa Constituição e de nossa cultura parlamentar."
O gabinete tomará posse hoje e amanhã deve ser submetido ao voto de confiança do Parlamento – uma formalidade, já que o PD tem sozinho a maioria na Câmara dos Deputados e, juntos, PD, PDL e Escolha Cívica têm a maioria no Senado. Na quarta-feira, a deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, eleita em fevereiro, antecipou ao Estado que os parlamentares não hesitarão em conceder sua confiança a Letta para encerrar os dois meses sem governo.
Estrela. A coalizão PD-PDL também amarra dois dos três maiores partidos políticos da Itália, e deixa de fora Beppe Grillo, líder "antissistema" do Movimento 5 Estrelas (M5S) e agora chefe inconteste da oposição. Para muitos analistas políticos italianos, essa era a posição desejada por Grillo desde que seu partido foi o mais votado nas eleições de 25 e 26 de fevereiro, sem no entanto ter a maioria na Câmara ou no Senado, em razão das coalizões do PD e do PDL terem superado sua votação.
Ao forçar a união de Letta e Berlusconi, o comediante põe de um lado os partidos tradicionais e de outro o M5S, que passa a aspirar ao poder em caso de eleições antecipadas. Minutos após a entrevista coletiva de Letta, Grillo usou o Facebook para ironizar o novo gabinete. "Com o governo Letta, o terceiro dia ressuscitou Barrabás", disse ele.
Nesta semana, Grillo já havia descrito a coalizão que se negociava como "uma orgia digna do melhor do bunga-bunga", em alusão às festas nas quais Berlusconi teria contratado prostitutas menores de idade, que lhe renderam um processo na Justiça.
Além da oposição sistemática de Beppe Grillo e da bancada M5S no Parlamento, Letta terá de enfrentar a resistência de seu próprio partido. O economista de 46 anos era apenas a terceira opção dentro do PD, atrás de Pier Luigi Bersani, "vencedor" da eleição de fevereiro que fracassou na formação do governo, e de Matteo Renzi, prefeito de Roma. Nenhum dos dois ceitava formar um gabinete de coalizão com o partido de Berlusconi
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