Pular para o conteúdo principal

Ataque em Boston expõe fragilidade de FBI e CIA


Polícia federal e agência de inteligência dos EUA estão sendo cobradas por não terem dado atenção a alertas da Rússia sobre os irmãos Tsarnaev 




O atentado na Maratona de Boston expôs a fragilidade do FBI e da Agência Central de Inteligência (CIA) em prevenir ações terroristas nos EUA. Uma semana depois da tragédia e do reconhecimento da motivação extremista de um dos seus autores, os dois principais órgãos que combatem o terrorismo no país estão sendo questionadas pelo Congresso americano por ignorar alertas da Rússia desde 2011.

O FBI e a CIA falharam, afirmam congressistas. O atentado em Boston deixou 3 mortos e 176 feridos em explosões planejadas e executadas por dois amadores, que fabricaram as bombas e as colocaram em panelas de pressão, deixadas na reta final da corrida em Boston. Foi o primeiro atentado bem-sucedido em território americano desde o 11 de Setembro.
Para chegar aos irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, muçulmanos de origem chechena acusados do atentado, o FBI teve de pedir ao público que enviasse fotos e vídeos da maratona. As imagens foram divulgadas e, mais uma vez, o FBI contou com a colaboração de terceiros para enviar informações sobre o paradeiro dos suspeitos.
Em março de 2011, autoridades russas já haviam informado que Tamerlan Tsarnaev, cidadão russo com residência nos EUA, tornara-se um extremista islâmico. A suspeita recaía também sobre sua mãe, Zubeidat, que vive no Daguestão. Tamerlan chegou a ser interrogado pelo FBI, mas foi liberado por falta de provas.
Em setembro do mesmo ano, o governo russo enviou outro alerta sobre Tamerlan, desta vez para a CIA. Os nomes de Tamerlan e de Zubeidat foram incluídos na base de dados dos EUA sobre terroristas, compartilhada por várias agências oficiais do país, inclusive a de transportes aéreos. Ambos teriam de ser questionados antes de qualquer viagem de avião.
Tamerlan, porém, foi para a Rússia no ano passado sem encontrar obstáculos no embarque. Aparentemente, teria havido um erro na grafia do seu nome na passagem aérea. Ele passou seis meses na Rússia. A maior parte do tempo, ficou com a mãe no Daguestão. Ele e o irmão já vinham escrevendo mensagens jihadistas nas redes sociais nos EUA.
Direitos. A CIA alegou que pediu informações adicionais sobre Tsarnaev às autoridades russas, mas não obteve resposta. Em artigo à revista Foreign Policy, David Gomez, ex-agente especial do FBI para contraterrorismo e atual presidente da consultoria HLS Global, argumentou que seria impossível para a CIA investigar um suspeito como Tamerlan sem ferir a Constituição. "Tamerlan, como estrangeiro com residência permanente, tinha direito às mesmas proteções constitucionais de qualquer cidadão americano", escreveu.
Bruce Riedel, diretor da área de inteligência do Brookings Institution, compartilha com cautela da visão de Gomez. Ao Estado, ele disse ser ainda cedo para julgar o FBI e a CIA. "Pelo que sabemos, eles consideraram as informações russas inadequadas para prender Tamerlan e pediram mais dados a Moscou, mas não receberam resposta", disse. "Não vejo nenhuma falha das agências americanas."
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu o fato de seu governo não ter enviado aos EUA "informação que poderia ter impacto operacional". No Congresso americano, porém, democratas e republicanos vêm falhas no trabalho das agências e temem que outros atentados ocorram.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular