Pular para o conteúdo principal

Youssef diz que repassou dinheiro ao petista José Mentor

Doleiro afirma à Justiça em Curitiba que o ex-vice-presidente da Câmara André Vargas enviou remessa de valores ao deputado de São Paulo, investigado no STF

Por: Felipe Frazão - Atualizado em
Deputao José Mentor (PT-SP)
Deputao José Mentor (PT-SP)(Luiz Xavier/Câmara dos Deputados/Divulgação)
O doleiro Alberto Youssef, personagem central e réu confesso da Operação Lava Jato, disse nesta quarta-feira em audiência na Justiça Federal em Curitiba (PR) que realizou pagamentos em espécie para o deputado federal do PT José Mentor, em São Paulo, a mando do ex-deputado André Vargas, do Paraná, ex-vice-presidente da Câmara. O doleiro, que firmou acordo de delação premiada para colaborar com as investigações, disse não se recordar de quanto foi pago a Mentor - ele é investigado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, por ter foro privilegiado. Na petição em que pediu abertura de inquérito, contudo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, citou que o deputado teria recebido 380.000 reais em mãos. À época, Mentor se disse "estarrecido, já que não tenho qualquer ligação e repudio com veemência quaisquer tentativas de me ligarem com o objeto dessas investigações".
Leia mais:
Vargas, mulher e irmão são denunciados por lavar R$ 480 mil
De acordo com Youssef, os valores foram repassados a José Mentor depois de uma operação que envolveu a IT7 Sistemas, empresa que teve contratos de 50 milhões de reais com a Caixa Econômica Federal e da qual Leon Vargas, irmão de André Vargas, foi sócio. Em 27 de dezembro de 2013, a contadora de Youssef, Meire Pozza, usou duas empresas para emitir notas frias de 2,4 milhões de reais a fim de cobrir pagamentos feitos à IT7, conforme revelado à Polícia Federal. Parte desses recursos foi parar nas mãos de Vargas - outra parcela, nas de Mentor, afirmou o doleiro nesta quarta-feira.
"O Leon me pediu que eu fizesse um recebimento [de dinheiro] de uma empresa para ele, em que eu pudesse emitir notas fiscais e fazer em reais para ele, em dezembro de 2013, se não me engano", disse Youssef. "Depois de a operação ter sido realizada e de os reais estarem comigo, eu conversei com o Leon e disse que o dinheiro estava disponível para ele, descontando os impostos, e ele me disse que iria destinar o dinheiro ao irmão André Vargas, que iria me dizer depois o que fazer com os recursos."
Questionado pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal, Youssef disse que entregou parte dos valores, em espécie, em São Paulo, e parte em Brasília, nas mãos de André Vargas, quando ele ainda era deputado federal: "Entreguei diretamente à pessoa dele [André Vargas]. Em São Paulo, eu entreguei na Praça da Árvore, no escritório do deputado José Mentor. O senhor André Vargas me pediu que eu entregasse esse valor, não estou lembrado quanto, no escritório do José Mentor."
Youssef prestou depoimento na ação criminal sobre o esquema de pagamento de propina em contratos de publicidade da agência Borghi/Lowe com a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. Foram denunciados o ex-deputado petista André Vargas e seus irmãos Leon e Milton Vargas, além do publicitário Ricardo Hoffmann. Os três respondem por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. Youssef negou ter relações com o esquema de publicidade e disse desconhecer as empresas Limiar e LSI, que segundo a Polícia Federal eram de fachada e serviam apenas para que Vargas e seus irmãos recebessem dinheiro por "comissões" em contratos de propaganda.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular